O artilheiro Túlio Maravilha comemora o dia 8 de fevereiro como se fosse seu aniversário. Afinal, foi nesta data, há exatos dez anos, que o ex-jogador anotou o milésimo gol, segundo suas próprias contas, de uma longa e vitoriosa carreira no futebol. Foi com a camisa do Araxá-MG, pela Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, que o projeto enfim foi finalizado. O camisa 7, então, relembrou ao Jogada10 a alegria que sente por ter alcançado a marca histórica e o que ela ainda representa tanto tempo depois.

“Além do orgulho, é uma sensação de dever cumprido. De ter deixado um legado para essas futuras gerações, que almejam conseguir títulos, vitórias e conquistas. Por mais simples, médio ou grande que seja o seu objetivo, a mensagem é não desistir nunca”, afirmou Túlio, hoje com 54 anos, e esbanjando boa forma em suas redes sociais.

A contagem teve início na altura do gol 800, quando Túlio anunciou sua lista – bastante controversa, para muitos – e disse que perseguiria o milésimo. Em 2010, balançou as redes pela 900ª vez, aos 40, pelo Botafogo-DF. A partir daí, seguiu rodando por equipes de menor expressão, entre três regiões do país. Até acertar o retorno ao Botafogo, no qual é ídolo, para partidas festivas em 2012.

Sonho do gol mil frustrado no Botafogo

Faltavam sete gols, mas o sonho não teve o fim esperado. Sem o apoio do clube para marcar os amistosos, fez somente três jogos, encerrou o contrato e foi à Justiça cobrar uma indenização de R$ 1.5 milhões. A bronca, aliás, é com o então presidente Mauricio Assumpção, que lhe prometeu apoio e não teria cumprido, tornando o projeto pessoal cada vez mais difícil.

“Lamento não ter sido no Botafogo, que é o clube do meu coração. O presidente tinha acordado comigo que eu faria o milésimo lá, mas infelizmente não cumpriu com a promessa”, citou o ex-atacante, campeão brasileiro pelo Glorioso em 1995.

Túlio ficou frustrado por não ter feito o milésimo com a camisa do Botafogo – Foto: Instagram @tuliomaravilha_oficial

Túlio Maravilha não desistiu e conseguiu um contrato com o Vilavelhense-ES, já aos 43 anos. Fez o gol 999 e, na hora do milésimo, sofreu com a falta de pagamento. Como se tratava, também, de um projeto de marketing, o ex-atacante não atuou na partida seguinte.

“Não fiquei por questões contratuais. Faltava só um jogo, pela Copa Espírito Santo, mas não honraram o compromisso, não me pagaram direito de imagem e valores contratuais. E me senti na obrigação de não entrar em campo porque ia fazer o milésimo e não ia ter retorno nenhum”, explica Túlio, que recusou propostas por não achar que a sua marca não vinha tendo o devido reconhecimento.

‘Você não sai enquanto não fizer o gol mil’

Meses depois, afinal, o artilheiro voltou à cena e assinou com o mineiro Araxá. Patrocínio, animação dos torcedores e admiração do treinador, tudo isso conspirou para que o milésimo gol acontecesse no duelo entre o time da casa e o Mamoré.

“Sabia que o milésimo ia sair naquele jogo, porque primeiro que era no estádio do Araxá, com apoio da torcida, estádio lotado e essa energia e sentimento de que não poderia decepcioná-los. E segundo que no banco de reservas tinha um treinador que já me conhecia de outros jogos e torneios, que era o Nivaldo Lancuna. Ele me disse ‘você não vai sair enquanto não fizer o milésimo gol’, e me deu muita confiança”, revelou.

Imediatamente, após fazer o gol de pênalti, no segundo tempo, Túlio Maravilha encerrou o projeto, mas ainda se manteve em atividade, como um andarilho da bola. Tanto que em 2019, balançou as redes mais uma vez pelo Taboão da Serra, pela Terceira Divisão paulista.

Túlio explica contas com outra polêmica

Campeão brasileiro pelo Vasco, Romário marcou seu milésimo gol em 2007 – Foto: Divulgação/Acervo Vasco

Sobre a controvérsia dos números, até então, apenas Pelé e Romário haviam feito os tais mil gols. De acordo com o Túlio, nenhum dos três efetivamente chegou a essa marca em partidas oficiais. Portanto, seus cálculos são válidos.

“Polêmica teve no (milésimo) do Pelé, teve no do Romário, polêmica teve a minha e polêmica vai ter de um outro que aparecer, se é que vai aparecer, porque tem que jogar muito. Então isso faz parte, nosso currículo, a nossa história já fala pelos números. Mas se for botar ao pé da letra mesmo, só (jogos) oficiais? Nem eu, nem Pelé, nem Romário fizemos 1000 gols. Mas bota 300 de jogos amistosos, jogos festivos, jogos preparatórios e isso vale também”, acredita o ex-camisa 7, em entrevista à ‘ESPN’.

De 2014 para cá, os únicos jogadores que parecem ter chances de alcançar o milésimo gol são os astros Messi, de 37 anos, e Cristiano Ronaldo, de 39. O argentino, no Inter Miami-EUA, ainda está a mais de 160 gols de distância, enquanto o português, que defende o Al Nassr, da Arábia Saudita, está perto de fazer o gol 900. No caso, são jogos oficiais. O tempo dirá se eles conseguirão.

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