Ídolo sem jamais ter marcado um gol, Pai Santana é um dos grandes personagens da história do Vasco. Hoje completa 10 anos da morte do eterno massagista, que continua vivo nos corações e nas vozes dos vascaínos, que o citam em uma música que é bastante cantada nas arquibancadas. “Santana vai me iluminar”

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Profissional dedicado, Pai Santana se notabilizava pela fé e pelo amor ao Cruz-Maltino. Seu ritual de ajoelhar, estender a bandeira e beijá-la, está presente na memória de todos os torcedores, principalmente daqueles que lotavam os jogos do Vasco na década de 1990, a mais vitoriosa do clube.

Pai Santana e o gesto tradicional de estender a bandeira no gramado e beijar a cruz de malta – Reprodução

A vida

Nascido em Andrelândia, Minas Gerais, em 1934, Eduardo Santana chegou ao Vasco em 1970. Antes trabalhou no Bahia e no Fluminense. No Cruz-Maltino esteve presente nas maiores conquistas do clube, como nos quatro títulos de Campeonato Brasileiro (1974, 1989, 1997 e 2000), Mercosul (2000), Libertadores da América (1998), sempre cuidando dos jogadores e da instituição, seja com as mãos ou com os “trabalhos espirituais”.

Pai de Santo da Umbanda, Santana costumava ir até o cemitério para se comunicar com as entidades e pedir pela vitória do Vasco. Os relatos de quem o acompanhou dizem que as suas mandingas sempre eram a favor do clube e nunca contra o adversário. Capitão da conquista da Libertadores, Mauro Galvão afirmou que a religiosidade era tratada com um certo preconceito por algumas pessoas.

“Pelo fato dele ter a religião diferente e expor isso, a forma dele ser, isso às vezes fazia as pessoas terem receio. Mas era muito tranquilo, um cara muito bom e do bem. Fazia tudo aquilo com a intenção de ajudar o Vasco e passar confiança para os jogadores e torcida. Esse é o maior legado. Nunca prejudicou ninguém ou levou algo de negativo. Era uma pessoa muito boa em nosso ambiente e deixou um legado para sempre de ser um símbolo do Vasco. É uma pessoa que tem bastante identificação com o clube e será sempre lembrado por todos.

Pai Santana chegou ao Vasco em 1970 – Reprodução

Além de umbandista, Pai Santana aderiu ao Islamismo, quando trabalhou no Kuwait, na década de 80, mostrando que duas religiões totalmente diferentes podem fazer parte da vida de uma pessoa. Um exemplo de combate a qualquer tipo de preconceito. No retorno ao Vasco, em 1990, o muçulmano Santana começou o ritual que ficou marcado para sempre. A bandeira estendida no chão e o beijo na cruz de malta, para delírio dos torcedores.

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O ritual permaneceu até 2006, quando Pai Santana sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) que limitou seus movimentos e encerrou a sua carreira como massagista. No entanto, permaneceu indo aos jogos, com menos frequência, por conta da saúde debilitada. Lutou bastante após sofrer duas isquemias, mas acabou morrendo no dia 1º de novembro de 2011, ano do último título nacional do Vasco, a Copa do Brasil.

Pai Santana e a inseparável bandeira, seja em São Januário ou no Maracanã, o ritual era feito pelo massagista – Reprodução

Homenagens

O Vasco fez recentemente algumas ações para homenagear Pai Santana. O clube lançou o uniforme de aquecimento e o chamou de “Ritual”, em alusão ao gesto imortalizado pelo massagista. As camisas estão sendo vendidas por R$ 149,90.

“Ritual”, nova camisa de aquecimento do Vasco – Matheus Lima/Vasco

Já nesta segunda-feira, aniversário de morte de Pai Santana, o Vasco lançou uma camisa comemorativa “Pai Santana”.

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