Com o título da Série B e a vaga assegurada na elite do futebol brasileiro, o Botafogo se prepara para galgar voos maiores já a partir de 2022. No início deste mês o clube apresentou à Justiça um plano para pagamento de uma dívida de R$ 422 milhões em processos. No documento, constam receitas e metas esportivas, dentre elas alcançar a semifinal de Libertadores em 2025, fato ocorrido pela última vez há quase meio século, mais precisamente no ano de 1973.

Botafogo faturou a Série B com uma rodada de antecedência – Vítor Silva/ BFR

Do valor citado acima, R$ 178 milhões estão em execução entre cobranças cíveis e trabalhistas, enquanto o restante ainda não foi liquidado. Ainda há um débito no âmbito privado de R$ 570 milhões junto a particulares.

O clube de General Severiano, que já tem um plano aprovado para a transformação em SAF, pediu à Justiça a inclusão ao Regime Centralizado de Execuções, baseado na Lei da Sociedade Anônima do Futebol (clube-empresa), a fim de juntar todas as cobranças de seus credores que encontram-se na esfera judicial. Para ser atendido, o Alvinegro precisa assegurar à Justiça ter condições de sanar a dívida em execução no prazo de dez anos, com, no mínimo, 60% do valor (R$ 106 milhões) em até seis anos, motivo pelo qual será descontado 20% da receita do clube por ano.

As expectativas de receitas do Glorioso nos próximos três anos são ousadas. Fora os R$ 6,7 milhões previstos nestes dois últimos meses de 2021, ainda fora da elite, o clube calcula arrecadar R$ 182,9 milhões no próximo ano, já na Série A. E estima-se um salto de receita para R$ 252 milhões em 2023, repetindo um cenário parecido no ano seguinte.

No plano de recuperação, o Botafogo menciona que o investimento no futebol é fundamental para permanecer na Série A, enquanto efetua o pagamento das dívidas. O clube prevê que uma folha salarial entre R$ 5 milhões e R$ 9 milhões o coloca em patamar intermediário, enquanto de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões possibilitaria classificação para as competições continentais.

“O Botafogo de Futebol e Regatas acredita que este esforço será em vão se a equipe permanecer correndo o risco de rebaixamento frequentemente. Por isso, assume como premissa o fortalecimento da equipe entre 2022 e 2025, para garantir sua permanência na elite do futebol nacional e possibilitar a sua participação em competições de maior nível técnico”, diz trecho do documento.

A previsão do aumento de receita encontra amparo na televisão, com cifras mais altas na Série A, assim como patrocínio, bilheteria e, recentemente, tokens. Deste modo, o clube conseguiria pagar R$ 21 milhões em débitos no ano que vem e mais R$ 34 milhões em 2023, concernentes ao desconto de 20% de receita. O desafio para atingir a meta de quitação de dívida, no entanto, está atrelado a um desempenho esportivo de primeiro escalão, visto que premiações decorrentes do sucesso no campo impactariam diretamente nas receitas do clube.

A semifinal de Libertadores em 2025 é, sem dúvida, a meta mais audaciosa do Glorioso. No Brasileiro, a expectativa para o ano do retorno à Série A é a de uma modesta 14ª posição para que, a partir de 2023, os resultados variem do quarto ao 11º lugares – garantias de presença na Libertadores ou Sul-Americana. Na Copa do Brasil, estima-se alcançar as oitavas de final já a partir de 2022. E, se possível, beliscar uma fase seguinte. O plano se estende até 2031 e inclui mais duas Libertadores, em 2027 e 2030.

Com uma dívida líquida de R$ 993 milhões, conforme balancete mais recente do clube e anexado ao plano de recuperação, o Botafogo viu o valor aumentar em aproximadamente R$ 50 milhões em 2021. Não obstante o longo caminho que o clube ainda percorrerá, a reestruturação administrativa a partir da profissionalização já deu frutos. O presidente Durcesio Mello renegociou dívida bilionária e foi ao mercado buscar Jorge Braga, especialista em finanças que assumiu o cargo no CEO para cuidar do cumprimento dos processos. O Glorioso, em boas mãos, tende a reagir.

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