Depois do sucesso de “Acesso Total”, série que percorre a saga do Botafogo em busca do retorno à Série A do Campeonato Brasileiro em 2021, o diretor Antonio Bento Ferraz brindará o público com mais uma obra ligada ao universo preto e branco: trata-se da cinebiografia de Nilton Santos, ídolo que batiza o estádio do Mais Tradicional e aniversariante da última segunda-feira (16). Para ajudá-lo na realização de seu primeiro longa-metragem, Bento contará com a produção executiva de Hanna Santos, neta e curadora do acervo da Enciclopédia do Futebol.

Nilton Santos será interpretado por um ator – Divulgação/niltonsantos.com.br

À frente do seu tempo, Nilton Santos revolucionou o futebol ao ser o primeiro lateral-esquerdo a avançar com contundência ao ataque. Bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira (1958/62), a lenda, que também poderia atuar como zagueiro, levou dois Torneios Rio-São Paulo (1962/64) e quatro Cariocas pelo Fogão (1948/57/61/62). Naquela época, o Estadual tinha um peso muito maior do que hoje.

Em live no canal “Almanaque Botafoguense”, Bento relatou os maiores desafios para dar o pontapé inicial no trabalho e contou como pretende retratar o ex-jogador. Este colunista do Jogada10 esteve presente no encontro virtual. Confira, abaixo, algumas perguntas.

Como apresentar Nilton Santos a uma geração que coloca Roberto Carlos como o maior lateral-esquerdo de todos os tempos?

“A responsabilidade de ser o diretor deste projeto é muito grande. É uma felicidade que não cabe em mim. Sonhava em contar esta história de alguma forma. Nilton não teve problemas como os de Garrincha, que deram um peso maior à história do Mané. Também não era uma figura pop, como Heleno de Freitas, personagem do imaginário popular e com um quê de galã hollywoodiano. Era um jogador acima da média, com suma importância para o esporte, mas com uma vida simples e regrada. Uma das primeiras conversas que tivemos foi sobre como retratá-lo. Não vamos focar somente na parte esportiva. Seria um tiro no pé. Filmes só sobre futebol não pegam tanto no Brasil. Apostaremos na vida familiar do Nilton e exploraremos sua amizade com Garrincha. Mas não faremos uma panfletagem alvinegra. Mostraremos que nem tudo foram flores. Houve momentos complicados. Nilton era aquele cara que assinava contrato em branco e sentia que merecia ser mais valorizado pelo único clube que defendeu.”

ʽAcesso Totalʼ, de Bento Ferraz, conquistou a medalha de prata no New York Festivals – Reprodução

Garrincha e Heleno foram biografados e acabaram nos cinemas. Como contornar a ausência de uma biografia do Nilton Santos?

“Quando a gente não tem a biografia de alguém do quilate de um Nilton Santos, a tendência é o personagem cair no esquecimento. A Hanna me procurou durante o ʽAcesso Totalʼ e se apresentou com a ideia de resgatar a história. Ela colocou o acervo à disposição para o documentário. O livro de memórias do Nilton (ʽMinha Bola, Minha Vidaʼ) é o nosso ponto de partida. O próximo passo é o processo de mergulhar em sua vida. Para chegar lá, vamos buscar um roteirista que entrevistará os familiares do Nilton. Ele vai pegar as melhores histórias e trabalhará ao meu lado. Vou dar minhas ideias também.”

Vocês trabalham com alguma data para a exibição do filme?

“Queremos que esteja pronto até 2023. Ainda precisamos entender como será a produção. Temos um ano e meio. O projeto está se iniciando e estamos atrás de recursos. O momento da cultura no país não é fácil. É um filme de época, difícil e custoso. Abordaremos a vida de Nilton Santos desde a infância. Não nos restringimos ao modo tradicional de fazer cinema e não estamos preso à tela grande. O streaming traz outra possibilidade. Estamos abertos se alguma plataforma crescer o olho. Confiante que acontecerá de uma forma muito bonita…”

Quem interpretará o Nilton Santos? E como está a montagem do elenco?

“De vez em quando, tento imaginar um ator para uma época específica do Nilton Santos. Vamos analisar o elenco bem mais para frente. Estou com uma ideia na cabeça. Seria a cerejinha do diretor. Gostaria que, pelo menos, 90% dos atores fossem botafoguenses. Para mim, seria fantástico.”

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