O Palmeiras custou, mas derrotou o Corinthians por 2 a 0, placar que deixa evidente a diferença entre um time que carrega vários títulos e decisões, e elenco equivalente, e o que tenta acertar o passo, sem muita convicção, com muitos jogadores de qualidade duvidosa, e outros que não sabem a cor da bola. Basta dizer que o Palmeiras é hoje efetivamente um profissional do futebol, e que o Corinthians ainda consegue brigar por posições, aqui e ali, porque a camisa é grande diante de adversários de pouca expressão.

Agora reinventaram o 3-5-2, ou algo próximo, ou distante, mas com esse nome. Mas é curioso notar que as equipes mudam as formações e os esquemas, mas a qualidade, quase sempre, acaba prevalecendo. Isso ocorre desde que inventaram o esporte das multidões. Em 1966, por exemplo, para não ir muito além, os europeus criaram o chamado “futebol-força”, que privilegiava o aspecto físico, mas os times comandados por três dos craques gigantes da história, Bobby Charlton, Franz Beckenbauer e Eusébio, ocuparam as três primeiras posições da Copa do Mundo.

Corinthians e Palmeiras fizeram um bom primeiro tempo. Na realidade, o time da casa teve até mais posse de bola. E chegou a ameaçar em três chutes longos, de Luan, Gabriel e Otero, a última com defesa de Weverton, em cobrança de falta. No entanto, o visitante soube explorar o que faz como poucos, a velocidade nos contra-ataques, em desvio de Rony, que Cássio, apesar da experiência, soltou para Victor Luiz abrir o placar, logo aos 12 minutos.

Na prática, o Palmeiras poderia decidir antes do intervalo, se o próprio lateral – ou ala – e Rony caprichassem nas oportunidades evidentes que o time criou. Luiz Adriano marcou, mas estava em posição irregular.

Para mudar o cenário, o Corinthians teria que encontrar a fórmula para superar a sólida retaguarda do adversário, e pior, evitar a rapidez que leva – com freqüência – o onze de Parque Antártica, como dizem os antigos, da defesa ao ataque.

Veio o segundo tempo, e o Timão trocou Matheus Vital e Gustavo Mosquito respectivamente por Luiz Mandaca e Cauê. Não seria exagero afirmar que as mudanças foram radicais, pois a providência mexeu na equipe inteira. Mas o jogo recomeçou, e lá estava o Palmeiras chegando com perigo, e o Corinthians sem muita noção do que fazer. Restava então, ao visitante, matar o jogo, ou seja, marcar pela segunda vez e liquidar o rival. Parecia o Fla-Flu de sábado. O time mais badalado vai desperdiçando chances, cansando, deixando o rival sonhar, os treinadores enfileiram substituições, e em dado momento, como se trata de clássico, tudo pode acontecer.

Aqui, porém, a história foi diferente. Aos 31, em outro contra-ataque, Roni, talvez o atacante mais objetivo do Brasil, rolou para Luiz Adriano, que chutou no canto direito de Cássio: 2 a 0. Apesar disso, e faltando pouco para o fim, o time da casa não deixou de lutar. Aos 41, Danilo fez pênalti em Gustavo Mosquito, e Luan cobrou no travessão. Fim de linha para o esquadrão de Parque São Jorge, como escreviam na Gazeta Esportiva. Brigas lá e cá, jogadores expulsos, nada mudou. Lá vai o Palmeiras para outra decisão.

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