Bruno Henrique, suspenso por causa de um amarelo que recebeu contra a LDU num erro do juiz (era para dar para o Ramon), não enfrentou o Vélez Sarsfield em jogo pela última rodada do grupo G da Libertadores. Sem o jogador, Ceni apostou num ataque com dois jogadores mais de área: Gabigol e Pedro. No fim das contas, o Flamengo ficou no 0 a 0 e garantiu o primeiro lugar. Mas fez uma de suas partidas menos intensas. Foi por causa da ausência de Bruno Henrique? Principalmente. E o J10 analisa.

Sem Bruno Henrique, o Flamengo perde força no ataque – Alexandre Vidal / Flamengo

1 – Profundidade

Bruno Henrique é o jogador mais incisivo do ataque, abrindo bem o jogo pelo flanco esquerdo e chegando sistematicamente ao fundo. Se torna referência de jogo para todos que atuam mais por dentro, como Arrascaeta e Filipe Luís. Sem ele, o jogo do Flamengo fica capenga. Contra o Vélez, ficou claro que o time passou a ter como foco as jogadas pela direita, com Everton Ribeiro e Isla. Só que por lá a parada é diferente: Everton até que não foi mal, mas o seu jogo é cortar da ponta para o meio. E Isla, que é o cara que vai ao fundo por este setor, cruza mal e ainda está em má fase. Ou seja, tudo fica engarrafado pelo meio. A opção foi uma ou outra entrada de Pedro pela esquerda. Mas aí pinta o segundo problema…

2 – Velocidade

Ninguém chega perto de Bruno Henrique neste quesito. O cara é uma gazela e puxa o contra-ataque com muita eficácia. Exceto por Gabigol, todos os jogadores do Flamengo são cadenciadores de jogo. Fica claro que um eventual contra-ataque vai buscar Pedro para fazer o pivô ou uma disparada de Gabigol. Com BH, ele recebe a bola em disparada e tem como alvo o 9, que pega a bola na boa, sem precisar ter de levá-la desde o início.

3 – Falso 9

Bruno Henrique tem cacoete de um homem de área. É tradicionalíssimo Gabriel sair de sua posição, cair para o flanco (na maioria das vezes pela direita) e dar uma de garçom para Bruno Henrique, no miolo da área, concluir.

4 – Impulsão

Outro ponto forte. Contra o Vélez, os chuveirinhos do Flamengo, quase todos, miravam Gustavo Henrique, que tem 1,98 metro, mas é um zagueiro e não tem na finalização um ponto forte. Gustavo Henrique teve duas chances de ouro. Com Bruno Henrique, o camisa 27 também seria um dos alvos. Confundiria a defesa, ou pelo menos diminuiria a marcação em cima do zagueiro.

Resumo

Isso não quer dizer que a aposta do treinador Rogério Ceni num ataque com Everton Ribeiro, Gabigol e Pedro tenha sido errada, pois este trio é de alto nível. Mas no Flamengo de hoje, com tantos “cadenciadores” pela esquerda – Filipe Luís, Gerson, Arrascaeta, algumas vezes Diego – não ter um velocista que impõe respeito diminui as opções de jogo.

Bruno Henrique, mesmo longe de sua melhor fase, faz falta ao Flamengo e sua ausência sempre vai fazer o time estar um pouco abaixo de patamar. O jogo do Vélez ilustra bem isso.

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