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Fluminense x Bragantino - Marcelo Gonçalves/Fluminense

Ufa. Acabou a zica. Os gols saíram depois de cinco jogos – apesar de Cano ainda ter passado em branco –, a vitória veio e o primeiro tempo chegou a lembrar um pouco o time que vem encantando o Brasil em 2023. Mas o jogo contra o Bragantino e a eliminação da Copa do Brasil para o Flamengo deixaram claro uma questão para Fernando Diniz: a saída para o Flu é pela esquerda.

Sim, a esquerda que perdeu todos os seus jogadores titulares de uma só vez: Marcelo, Alexsander e Keno. E sofre com a dificuldade de reposição com a mesma qualidade técnica e disposição tática.

Fernando Diniz precisará arranjar soluções para os desfalques que dinamitaram o lado esquerdo do Fluminense – Mailson Santana/Fluminense

Por mais que Lima seja o 12º titular do time de Fernando Diniz, ele muda muito a maneira do time jogar quando ocupa a vaga de Keno. A começar pela formação tática que obriga o Fluminense a sair de um 4-3-3, com dois jogadores abertos, para atuar num 4-4-2 ou 4-5-1 com dois (Ganso e Lima) ou três meias (Ganso, Lima e Arias).

Soluções para o Fluminense

Com Lima, o Fluminense ganha força e ocupação no meio-campo, contra o River Plate foi providencial a troca (infelizmente por motivo de lesão de Keno). Mas na maior parte dos jogos tem se mostrado muito ruim, porque tira a profundidade do time. Keno abre a defesa, dá opção de jogo pelo corredor do campo, tem drible, velocidade, prende a bola e sofre faltas. Lima amarra mais o jogo. Com Keno, Ganso ganha a possibilidade de bolas verticais, Arias fica menos sobrecarregado e precisa virar menos de lado e a defesa rival prende mais um jogador atrás.

Martinelli e Alexsander cumprem papeis próximos. Mas Alexsander tem uma maior capacidade de fazer o que os ingleses chamam de box-to-box (área a área). Alexsander pisa mais dentro da área adversária, cria mais oportunidades de gol, finaliza mais. Martinelli é mais o segundo volante limpador de para-brisas, fica rodando no circulo central de um lado pro outro distribuindo bolas. Com Alexsander, o time ainda ganha cobertura na lateral e uma troca com Keno na frente para confundir a defesa adversária. Com Martinelli o time concentra mais o jogo no meio.

A falta que Marcelo faz

E finalmente, Marcelo fora causa o maior prejuízo técnico de todos. Por mais que Guga seja esforçado, ele é lateral-direito. Os segundos perdidos em cada matada de bola para virar para o pé direito são preciosos no futebol atual. Marcelo ainda é um jogador mais agudo, mais habilidoso, com capacidade de finalização, mais experiente, impõe mais respeito e medo ao adversário. Com Guga, o rival se joga e acredita que pode pressionar o Fluminense sem se preocupar muito atrás.

O Flamengo fez isso no jogo de volta da Copa do Brasil. Colocou seis jogadores no meio de campo, empurrou o Fluminense para o lado direito e não deixou o time de Fernando Diniz criar a sua superioridade numérica nas trocas de passes curtos. O Fluminense, sem o lado esquerdo não teve muita solução para sair da armadilha criada pelo rival.

Sem a Copa do Brasil, Fernando Diniz terá algumas semanas cheias para trabalhar e buscar alternativas enquanto espera a recuperação dos três pilares do time pela esquerda. Acredito que a maior torcida é pela volta de Alexsander, pois pode preencher duas posições (lateral ou meia) e o time voltaria ao que era no início do ano, antes da chegada de Marcelo. Mas acima desses retornos, Diniz precisa resolver como o time pode ser eficiente pelos dois lados sem que os rivais consigam desmontar o seu estilo de jogo e causar mais estragos na temporada.

O deadline é claro: o mata-mata da Libertadores. É para essa fase que o Fluminense precisa estar pronto, até lá, é laboratório, trabalhar e recuperar o time. Para o Fluminense de Fernando Diniz não há outra solução: a saída está pela esquerda.

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