Análise: Com Luxa, Vasco muda postura e manda no 1º tempo, mas queda física ainda preocupa

Bastou apenas um jogo sob o comando de Vanderlei Luxemburgo para o Vasco deixar a assombrosa zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Apesar da queda de rendimento no segundo tempo – um problema crônico na temporada -, o que se viu em campo foi uma postura bem diferente e um futebol que praticamente não foi visto durante a passagem de seu antecessor, o português Ricardo Sá Pinto.

Posse de bola, criação de jogadas e controle na chamada “segunda bola” foram características exibidas e que antes não se via. O Cruz-Maltino encarou o Atlético-GO focado em cumprir os três pilares estabelecidos pelo novo treinador.

É certo que uma vitória diante da equipe goiana diminuiria a diferença entre eles para três pontos, aumentando, assim, a quantidade de times na “zona da confusão”. Se a primeira base adotada por Luxa, que é tirar pontos de um concorrente direto, não foi atingida por completo, a segunda funcionou bem.

Com 39 gols sofridos em 26 jogos do Vasco antes do duelo desta quinta (7), a maior preocupação de Luxemburgo era não ter a defesa vazada. E conseguiu. Fernando Miguel mostrou segurança quando exigido. Henrique, pela esquerda, ajudou Castan a crescer de produção e não deixou o zagueiro exposto aos atacantes goianos. Outro a proteger muito bem a zaga foi Bruno Gomes. Apesar de jovem, o volante neutralizou as ações do perigoso atacante Chico e soube sair jogando com qualidade.

Terceiro e último pilar adotado pelo treinador, municiar o ataque com Germán Cano é uma missão que requer maior aperfeiçoamento nos treinos, já que o argentino praticamente se acostumou a jogar isolado na frente. Responsável por fazer metade dos gols do Cruz-Maltino na temporada (21 de 42), o camisa 14 normalmente teria anotado pelo menos um nas duas boas oportunidades que teve no primeiro tempo. Com uma rápida transição defensiva, o time dominou os primeiros 45 minutos e finalizou nove vezes.

Destaques para o jovem Juninho e o experiente Pikachu. O volante mostrou iniciativa e teve excelente mobilidade no campo ofensivo, mantendo o ritmo na etapa final. Foi, de longe, a melhor peça em um setor que mostrou evolução no duelo em Goiânia. Pikachu foi outro a aparecer no ataque, atuando mais avançado como um ponta direita. Solto ao lado de Talles Magno, trocou de posição com o colega, relembrando o Pikachu polivalente dos velhos tempos, se infiltrando entre os defensores e levando perigo ao goleiro Jean, em noite inspirada. A marcação adiantada, especialmente no tiro de meta, também foi uma característica forte da equipe.

O ponto negativo ficou por conta do lateral-direito Léo Matos, que cometeu muitas falhas e foi imprudente na marcação. Acabou punido com o terceiro cartão amarelo e está suspenso para o clássico de domingo contra o Botafogo.

Na etapa final o Atlético se organizou e neutralizou a circulação vascaína, obrigando Vanderlei a realizar trocas, já que o Vasco cansou e caiu de rendimento, um problema crônico na temporada. Gabriel Pec, de volta ao profissional após o título da Copa do Brasil Sub-20, substituiu Pikachu e quase balançou a rede após fazer bela jogada. Mas as mudanças no geral não surtiram o efeito esperado, e Luxa notou que precisará melhorar a intensidade dos jogadores, titulares ou reservas. Faltou pouco para os goianos, que tiveram as melhores chances, saírem com a vitória.