O Botafogo deixou de ser grande.
Pronto, podem me linchar. Alvinegros ou não.
Mas permitam-me a defesa, algo previsto na nossa Constituição.
Poderia aqui evocar o clichê-chiclete que ecoa em nossas cabeças quando vemos aquelas mesas redondas intermináveis, que só nos dá sono. “Ah, mas porque Garrincha, Nilton Santos, blábláblá, Jairzinho, Paulo César, blábláblá…” Se esse é o único e batido argumento que existe para defender a honra e a glória do Botafogo, é sinal de que a estrela perdeu brilho há muito tempo. Recorrer ao passado glorioso é um artifício que a psicanálise explica. Uma fuga necessária para onde o torcedor se sente seguro. É como o filho que fracassou na vida voltar a morar com os pais. O problema do Botafogo é freudiano.
Os ídolos do passado estão lá, mas não têm nada a ver com isso. Deixem-os em paz. Em respeito. Pela grandeza deles. Pelo que fizeram ao Botafogo. Por favor.
O Botafogo de hoje é um arremedo de time. Um rebutalho. Uma ode à incapacidade. O cúmulo do estorvo.
O pior: ver que dificilmente algo será feito a curto e médio prazo para alterar o curso das águas, hoje turbulentas e buliçosas. Sai diretoria e entra diretoria e o alvinegro obrigatoriamente precisa exercer seu pessimismo por natureza.
O Botafogo é a inércia em pessoa. A materialização da ataraxia. Um nada. É o não lugar, o não time.
E volto à frase lá de cima. O Botafogo deixou de ser grande por não pensar grande, por abrir mão de exercer sua magnitude futebolística. Não houve um planejamento. Ou é natural um time ter meia dúzia de treinadores em uma única temporada? Um, então, que nem sequer assumiu o cargo. Ora, ora…
O rebaixamento é questão de dias. É certo. Assim como foram os outros dois descensos. E mesmo assim ninguém aprendeu.
Mas a torcida sofre. Faz contas, não quer acreditar. E nessa pandemia louca que nos assola, nem ir ao estádio gritar pode.
Definitivamente, o mundo conspira contra o Botafogo, preciso reconhecer.
De grande mesmo, o Botafogo tem apenas sua torcida.
Alvinegros de todas as terras, uni-vos!
A Estrela Solitária precisa de vocês.
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