Análise: ‘Benítezdependência’ preocupa, e Vasco segue tropeçando nos duelos decisivos

Vanderlei Luxemburgo chegou ao Vasco estabelecendo três pilares na missão de manter o clube na Primeira Divisão. Dois deles estão interligados, já que para tirar pontos de concorrentes diretos, um dos requisitos para se alcançar mais facilmente o objetivo é não sofrer gol. E foi exatamente a eficiência individual e coletiva da defesa que garantiu, ao menos, um ponto contra o Bahia, mais um rival da parte de baixo da tabela.

Impecável no jogo pelo alto e nos desarmes, Marcelo Alves foi o grande nome de um setor que vem se tornando o ponto de desafogo cruz-maltino. O time esteve com um jogador a menos por 19 minutos após a expulsão de Leandro Castan e não se desestabilizou, evitando ser pressionado na reta final. O Vasco reclamou corretamente de um lance em que Gregore deveria ter recebido o cartão vermelho por ter acertado a coxa de Benítez. Talvez com um homem a mais em campo no início do segundo tempo, os comandados de Luxa pudessem ter sido mais perigosos, já que ameaçaram apenas em finalizações de longa distância e em cabeçada de Léo Matos após cobrança de escanteio.

Depois de arrancar um empate fora de casa na estreia de Luxemburgo contra o Atlético-GO, que já vivia situação mais confortável na tabela, o Vasco venceu o Botafogo sem sustos e deu a entender que o sofrimento poderia ser minimizado no Brasileiro. Porém, em dois confrontos diretos atuando em São Januário, a equipe deixou de somar cinco pontos: na derrota para o Coritiba e no empate diante do Bahia.

O 0 a 0 contra o time nordestino ratificou uma ideia amplamente clara durante toda a temporada: quando Benítez vai mal, o Vasco o acompanha. O meia mostrou ainda não estar 100% fisicamente e, ao contrário da exibição de gala diante do Atlético-MG e do lindo gol contra o Palmeiras, dessa vez não conseguiu compensar a limitação do corpo com a sua capacidade técnica. A marcação do Bahia, por vezes atuando com uma linha de cinco na retaguarda, também contribuiu para anular as ações ofensivas do argentino.

Desde que retornou ao clube, Benítez foi utilizado em quatro partidas. Na primeira, entrou no segundo tempo. Foi poupado de viagem na rodada seguinte e, nas últimas três, iniciou como titular. Porém, foi substituído em todas.

“O Benítez saiu… quando o cara tá parado muito tempo e volta, ele volta empolgado, foi bem contra o Coritiba, mas no terceiro e no quarto jogo começa a vir um pouco da perda física de ter parado muito tempo, que é o tal do ritmo do jogo. A gente acredita que no próximo jogo ele vai estar bem melhor. No jogo de hoje (domingo) deu para ver que ele estava fora de ritmo”, explicou Luxa.

Sem poder contar com o brilho do articulador do time, o treinador mexeu o que pôde: deslocou Pikachu para a armação no meio, colocou Ygor Catatau e Carlinhos, este último com a característica mais próxima de Ben10 no elenco, a de conduzir a bola. O time, no entanto, mostrou-se inofensivo e desperdiçou uma oportunidade de respirar mais aliviado na briga contra o rebaixamento.