Análise da estreia de Marcão: ponto forte do Flu virou o mais frágil

Claro que deve-se levar em consideração o início de um novo trabalho e as dificuldades que uma filosofia diferente trazem. Obviamente ajustes serão necessários e só acontecerão com tempo. Ainda assim, o torcedor do Fluminense saiu mais preocupado do que esperançoso com a estreia de Marcão, num decepcionante empate em 1 a 1 com o Vasco, em São Januário.

A ruptura em relação ao trabalho de Odair Hellmann se mostrou muito maior do que o esperado para um primeiro jogo. Os minutos iniciais até foram animadores, com um Fluminense mais solto no ataque, trocando passes em velocidade e chegando com facilidade ao ataque. Mas também o problema defensivo já apareceu de cara.

Com uma visão de futebol diferente, Marcão já tratou de colocar em prática o que pensa. Seu Fluminense evitou jogar pelo alto e apostou na saída de bola por baixo, além de manter a posse. Outra diferença interessante foi o aumento de inversões de jogo, o que permitiu abrir a defesa do Vasco, como no gol de Wellington Silva, logo aos 9 minutos. Marcos Paulo também ganhou novo posicionamento, mais recuado e foi bem na primeira etapa.

Fragilidade defensiva

Só que, para essa forma de jogar, o posicionamento em campo e a movimentação mudam a característica do time. E isso foi um problema mesmo com uma escalação praticamente igual à última de Odair. Desde o início, o Vasco encontrou muitos espaços da intermediária até a área tricolor. Algo raro no time com o ex-treinador. E só não foi pior em função da fragilidade do adversário, que não aproveitou.

Hudson seguiu seguiu ajudando no primeiro combate na defesa adversária, mas atrás sofreu para ocupar um espaço maior, assim como Yuri. Com dois volantes mais lentos, esse ajuste de posicionamento, com os jogadores menos plantados na defesa e saindo mais na busca pela bola, pode necessitar de outras características e nomes mais rápidos, como André e Yago.

Com um time mais frouxo na marcação, o Fluminense de Marcão apostou no segundo tempo em ter a posse de bola. O problema é que já não foi aquele time objetivo e com troca rápida de passes da primeira parte do clássico. Pelo contrário, lembrou os piores momentos de Odair, de um ataque sem ideias e inofensivo, além de dificuldade na transição da zaga para a frente.

Recuo e cansaço

As substituições também não surtiram efeito desejado. E Marcão mostrou que, assim como em 2019, pode utilizar Ganso e Nenê juntos, mesmo que o jogo, naquele momento, não pedisse essa possibilidade.

Por fim, o recuo nos minutos finais acabou sendo fatal. Primeiro porque não melhorou a marcação. Inclusive, o gol de empate de Cano saiu em mais um espaço deixado: Léo Gil chutou sem ser incomodado na entrada da área, antes do atacante pegar a bola. E segundo em função de um time cansado depois de correr bem mais do que o normal para marcar (mal). Uma punição justa na estreia de Marcão.

Sem muito tempo até quarta-feira, quando enfrenta o Atlético-GO, Marcão terá de achar um meio-termo entre o que deseja e o que era feito até o então por Odair. Isso porque o time sentiu a diferença entre as duas formas de jogar. O mais importante será resolver a questão defensiva, de um time que era muito combativo e que afrouxou demais a marcação. Mas, claro, também aproveitar ideias promissoras, como o novo posicionamento do ataque.