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Análise: Mal escalado, Vasco engessa com inércia de Sá Pinto e acumula nova frustração

Nunca é bom ser eliminado de uma competição ainda mais nas circunstâncias em que o Vasco se despediu da Copa Sul-Americana. A queda se deu para um time pior, porém melhor armado. Mais um confronto para esquecer no histórico de mata-matas em São Januário. Mediante outra atuação tecnicamente ruim, ligeiramente superior em relação aos jogos contra Ceará e Defensa y Justicia, na Argentina, porém muito aquém do que se poderia esperar. Em sã consciência a pergunta para o torcedor é a seguinte: será que o Cruz-Maltino passaria pelo Bahia na próxima fase e depois, possivelmente, pelo Lanús (ARG), que eliminou o São Paulo?

Time vascaíno deixou o gramado de São Januário com mais uma derrota e eliminação, desta vez pela Sula (Rafael Ribeiro (Vasco)

É uma grande falácia o entendimento de que a eliminação desta quinta-feira foi positiva, ainda mais em se tratando de um elenco que não seria minimamente capaz de levar o Vasco ao título da Sul-Americana. Mas especificamente na conjuntura atual, pode ser que a queda nas oitavas resulte em uma condição total de foco para se evitar um drástico quarto rebaixamento do clube no Brasileiro. O futebol apresentado nas últimas três, quatro partidas não dá direito a uma perspectiva ou cenário mais animador. Soluções práticas técnicas e construtivas não são mais possíveis. O tempo mais largo no calendário, porém, pode permitir ao Vasco desenvolver um mecanismo antiqueda.

A derrota por 1 a 0 foi um resultado justo. Os argentinos tiveram mais equilíbrio tático, posse de bola, deram a mesma quantidade de chutes dos donos da casa até os 35 minutos do segundo tempo, quando veio o sprint final vascaíno com as alterações tardias feitas pelo técnico Ricardo Sá Pinto, cujo comportamento merece um capítulo à parte. A equipe sofre o gol aos 11 minutos do segundo tempo, e o português mexe somente aos 31, mesmo contando no banco de reservas com jogadores tecnicamente mais capazes em relação aos que estavam em campo, como Léo Matos, Juninho e Talles Magno.

Começou aí o problema. A escalação errada foi o início do show de horrores. Sá Pinto demorou demais para desfazer o esquema com três zagueiros. Quando tirou Marcelo Alves para colocar Tiago Reis, o time até criou duas chances, com Juninho, aos 49, e Neto Borges, no minuto seguinte, mas um gol vascaíno àquela altura seria um castigo para o Defensa y Justicia, que soube sofrer defensivamente, foi mais organizado e apresentou uma clareza maior de jogo, não apenas na proposta mas na execução até fazer o seu gol.

O Cruz-Maltino, que parecia um bando em campo, mesmo quando se lançou ao ataque no fim, sofre de vários problemas. O fator psicológico, com a autoconfiança afetada, a falta de uma estrutura tática suficientemente consolidada, a ausência de um modelo ofensivo estruturado. Contudo, o principal é de ordem técnica. Todas as outras deficiências podem ser resolvidas – com treinos e sessões – no dia a dia, mas incutir qualidade onde não há é uma missão árdua, cuja vacina não foi inventada até agora no futebol. Não existe injeção de qualidade, ainda mais em um momento em que não se pode mais contratar ninguém com o encerramento das janelas de transferência.

Já ouviram falar daquela máxima do futebol: “Quem pede, recebe, e quem desloca, tem preferência?”. No Vasco de Sá Pinto tal conceito não merece validade alguma. A responsabilidade pela eliminação é 90% do treinador português, que escalou mal e demorou para reagir em condições adversas. Depois de 11 partidas, os números são decepcionantes: duas vitórias, cinco empates e quatro derrotas, com eliminação no torneio da Conmebol e permanência no Z4 do Brasileiro. O comandante empacou no esquema com três zagueiros, a criação ofensiva retrocedeu e ainda encontra bloqueio na disposição tática da equipe, que jogo após jogo, registra menor posse de bola.

A dupla de ataque foi de mal a pior. Ribamar perdeu pelo menos quatro chances claras de gols, Torres, que passou vergonha em um lance na cara do gol, aposta na velocidade, mas não consegue ser decisivo. Investimento alto nas condições atuais do clube (cerca de R$ 20 milhões), Benítez parece já estar cansado de carregar o piano sozinho e dificilmente permanecerá. Os torcedores já perderam a paciência e não escondem a revolta nas redes sociais e em protestos que tendem a aumentar no CT do Almirante e em São Januário.

Pelo futebol apresentado e a ebulição política, os questionamentos de todos os lados crescem em um ritmo incontrolável. A poucos dias do fim da gestão de Alexandre Campello, o Vasco agoniza dentro e fora de campo.

Felipe David

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