Análise: Regulamento salva, e Vasco traz vaga e deveres a serem corrigidos

Foi apenas a segunda partida do time principal na temporada. O Vasco de Marcelo Cabo deixou mais dúvidas do que certezas em sua atuação em Poços de Caldas (MG), o que é natural de um trabalho embrionário. Mas a forma como a equipe assegurou o empate por 1 a 1 com a Caldense no segundo tempo causa grandes preocupações.

O Cruzeiro, outro grande do país, também passou sufoco em sua estreia e se beneficiou do regulamento. Em uma Copa do Brasil que distribui valores milionários, o protecionismo aos clubes tradicionais, em início de temporada, é um ponto a ser questionado para as próximas edições – a classificação rendeu premiação de R$ 675 mil para mineiros e cariocas.

Por pouco o Cruz-Maltino não evitou um cenário pior em sua busca pela reestruturação. Titular pela primeira vez, Marquinhos Gabriel se tornou o herói da classificação ao anotar o gol vascaíno no primeiro tempo. A exemplo dos companheiros do elenco principal, o meia busca sua melhor condição física. Foi substituído na etapa final ao lado de Zeca – mais um reforço para 2021 -, que atuou pela direita e foi o atleta com mais posse de bola e passes certos: 51 de 55. Ernando, outro nome anunciado pela diretoria, fez o segundo jogo como titular e mostrou segurança sem vergonha em dar chutão quando preciso.

A diferença física pesou, mas houve problemas além do cansaço. Se no primeiro tempo o Vasco atuou no seu campo ofensivo, marcando por pressão, na etapa final foi perdendo o ímpeto e viu o seu meio-campo ser engolido, e os espaços à frente da área aparecerem aos montes. Os volantes Bruno Gomes e Andrey, que atuaram ao lado Marquinhos Gabriel, deixam dúvidas, por suas características muito recuadas, se o setor conseguirá ser compacto e, consequentemente, competitivo.

Nem mesmo a entrada de Juninho no lugar de Marquinhos Gabriel funcionou. Em vez da troca de passes esperada por Cabo, o que se viu foram bolas longas na esperança frustrada dos homens de frente, sem imposição física, ganharem pelo alto. Com isso, os mineiros se impuseram de forma notória no segundo tempo, com 27 finalizações e 22 cruzamentos – 16 deles nos 45 minutos finais, fora os seis de acréscimos.

Em um time escasso em infiltração na área, o 4-2-3-1 de Marcelo Cabo permite aos pontas liberdade para buscar o centro do ataque. Gabriel Pec, pela direita, é quem melhor executa tal função, visto que Talles Magno – sempre pela esquerda -, segue distante do rendimento ideal. Tiago Reis ficou isolado na área, realidade vivida por Germán Cano durante toda a temporada passada e nos 15 minutos em que o argentino esteve em campo em Poços de Caldas.

Espera-se que mais reforços sejam integrados a um elenco que iniciou seus trabalhos há apenas duas semanas. A reestruturação passará por muitos percalços, e a nova realidade já pôde ser refletida no campo no primeiro grande teste da temporada de 2021.