“Sem filtro e finalmente eu mesmo”. A declaração de Igor Benevenuto resume, em poucas palavras, o alívio de poder assumir a própria personalidade. Ele é o primeiro árbitro do quadro da Fifa a assumir a homossexualidade. A revelação foi feita durante entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”, uma série jornalística que aborda a homofobia e o machismo no futebol brasileiro e divulgada nesta sexta-feira (8).
Mineiro, 41 anos (nascido em 5/12/1980), contou à repórter Joanna de Assis que descobriu a preferência sexual muito jovem e que, para disfarçar, jogava bola com os colegas no terrão, “o lugar perfeito para esconder a sexualidade”. Igor disse que, no fundo, odiava aquele ambiente e detestava futebol porque havia preconceito e machismo.
“Parcipei de rachões de rua porque fazia parte do teste de pertencimento de quase todo moleque. Para ter amigos, eu precisava ser hétero. Então eu interpretava meu papel”.
Igor decidiu enveredar pela arbitragem e já são 23 anos dedicados à atividade. Mas ele afirma que nunca conseguiu ser ele mesmo.
“Passei minha vida sacrificando o que sou para me proteger da violência física e emocional da homofobia”, declarou.
Na entrevista, Igor fala de religião, do convívio familiar, da relação com amigos, da tentativa de namorar mulheres para esconder sua identidade sexual e do preparo físico para atuar com árbitro de ponta na entidade mundial.
Igor também revela o preconceito nos estádios. Como no meio da arbitragem já se sabia que ele é gay, a informação vazava e os boatos se espalhavam…
“O cara fica puto com o resultado de um jogo e desabafa: ‘Sua bichinha, seu veadinho. Eu sei por que você não marcou o pênalti. Deve estar o rabo pra alguém’ (…) Jogadores e técnicos jamais me ofenderam. Isso partiu de dirigentes e torcedores”.
Na entrevista, ele afirma que desistiu de ser um personagem.
“A partir de hoje não serei as versões de Igor que criei. Serei somente o Igor, homem, gay, que respeita as pessoas e suas escolhas. Sem máscaras. Sem filtro e finalmente eu mesmo”.
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