O torcedor atleticano Jair Augusto Dayrell, de 36 anos, é uma prova de como uma iniciativa aparentemente simples pode mudar o rumo de uma vida. Após manter por nove anos um negócio de confeitaria dentro de casa, ele pôde, finalmente, abrir uma loja do ramo em Belo Horizonte. No caminho entre a produção doméstica e o atendimento no balcão – realização de um sonho – um fator foi determinante. Prêmio? Herança? Nada disso. Jair fez uma tatuagem!
Ao chamar atenção nas redes sociais, o confeiteiro teve um boom nas encomendas. O caixa foi engordando e permitiu um maior investimento. Mas qual o motivo de tamanha repercussão? A resposta está no tema escolhido. Jair não tatuou um ídolo do esporte, um ator, um cantor famoso, como normalmente acontece. Mas, sim, um empresário: o mecenas e membro do Conselho de Administração do Atlético-MG, Rubens Menin (bilionário fundador do grupo MRV, do Banco Inter, dono da CNN Brasil e da Rádio Itatiaia).
Formado em Publicidade, Jair reconhece que foi uma bela jogada de marketing. Mas ele garante que já era fã de Menin.
“Admiro pessoas empreendedoras. Aprendo com elas. E o Rubens Menin tem empresa de comunicação, tem banco. Eu já o admirava antes. E quando ele passou a patrocinar o Galo, minha admiração só aumentou”, diz.
Jair conta que a ideia surgiu no Twitter do tatuador Thiago Scap. Quem se candidatasse teria que aceitar o desafio sem saber a dimensão da tatuagem.
“Poderia ser do tamanho de um chiclete ou gigante, como a minha. Os amigos sabiam que eu admirava o Menin e começaram a indicar meu nome. O Thiago me ligou e topei na hora”, conta Jair.
A tatuagem, na coxa esquerda, foi feita durante 12 horas, das 9h às 21h.
“Foi muita dor. Mas em nenhuma hora pensei em desistir. Se desistir de uma tatuagem, fica mais feio do que a dor”, brinca Jair, que já tem outras tatuagens (a primeira delas feita aos 17 anos).
Perto da tatuagem do Menin, Rubens já tinha outra do Atlético.
“Essa é a perna do Galo”, se diverte.
Casado com Ana Carolina desde 2008, pai de Fernanda, de 11 anos, e Larissa, de 5, Jair conta que a família apoiou a novidade.
“Meu pai é que, no começo, tinha sido contra. Mas ‘dois minutos’ depois, vendo a boa repercussão, já entrou na farra”, revela Jair.
A confeitaria La’Fer fica no bairro Santa Teresa e não faz qualquer referência ao Galo. Afinal, precisa atrair clientes de todos os times. Mas Jair faz questão de trabalhar vestido a caráter: bermuda e camisa do Atlético.
O título do Galo tá no papo, Jair?
“Não!!!! Falar isso dá uma zica danada”, ri, evitando cantar vitória antes da hora. Mas ele não esconde a confiança.
“Este ano temos elenco. E temos um técnico que sabe trabalhar. O Sampaoli não sabia. O time fazia um gol e ele, em vez de dar uma segurada, uma acalmada, queria partir pra cima e a gente acabava perdendo os jogos. Este ano, o Cuca tem o time na mão”, exalta Jair, que destaca o desempenho de Hulk como uma grande surpresa positiva no time.
“Quando ele chegou teve um desencontro com o Cuca e não estava feliz. No primeiro clássico contra o Cruzeiro, entrou e foi expulso. Mas depois de três ou quatro jogos, entrou nos eixos. Jogou quase todas as partidas este ano e sempre em alto nível. Tem 35 anos, mas ninguém o alcança na corrida. Ele sai do jogo e já entra na sauna, no gelo, nos equipamentos. 100% focado no trabalho. Ele é muito ídolo”, elogia.
Para Jair, o Atlético tem plenas condições, desta vez, para não ficar no “quase”.
“Em 2012, o Galo tinha tudo para ganhar e abriu uma frente grande. Mas chegou uma hora em que o time ficou exausto, começou a perder jogos e veio o Fluminense atropelando todo mundo. Em 2009, tinha sido a mesma coisa. Perdemos jogos que não poderíamos perder, o Flamengo começou a arrancar e faltaram três pontos para o título. Este ano, estamos em outro patamar”
Esse novo patamar, para Jair, inclui o equilíbrio financeiro do clube.
“Salários em dia, jogadores felizes, o melhor CT do Brasil. Estamos construindo um estádio 100% do Atlético. O Galo já tem a mítica de quase não perder em casa. No novo estádio, dificilmente vai perder. A expectativa é enorme. Todos os camarotes já foram vendidos. Metade das cadeiras. Mesmo antes da inauguração, a Arena MRV já rende… as pessoas pagam para ver as obras. O atleticano é doente, abrimos campanha e vendemos 150 mil camisas em dois dias. Estamos no trilho certo e vamos acompanhar o trilho certo”, comemora Jair, que já levou as filhas para visitar as obras da Arena.
Qual a próxima meta de Jair (além de ser campeão)?
“Quero que o Rubens Menin assine na minha perna com uma caneta preta que mantém a tinta. Aí vou ao Thiago (tatuador). O Menin está fazendo muito pelo clube. Quero a assinatura dele na minha ‘perna do Galo’, afirma, convicto de que, com o suporte do empresário, o talento e a satisfação dos jogadores, e a confiança do torcedor, o Atlético, desta vez, não sairá do trilho.
Quem é Menin
No Atlético, Rubens Menin integra um conselho de administração que também conta com o presidente Sergio Coelho, o vice José Murilo e os investidores Rafael Menin (filho de Rubens e também do Grupo MRV), Renato Salvador (rede hospitalar Mater Dei) e Ricardo Guimarães (banco BMG). Rubens Menin, além de doar o terreno onde está sendo construído o estádio atleticano, pagou R$ 60 milhões ao clube para ter os naming rights do novo palco que deve ser inaugurado no fim de 2022 ou primeiro trimestre de 2023.
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