Embora já tenha descartado anteriormente candidatar-se à presidência do Flamengo em 2024, o ex-mandatário Eduardo Bandeira de Mello já admite participar do pleito no ano que vem. Após a confusão ocorrida nesta quinta-feira (14), em reunião do Conselho Deliberativo, o atual deputado federal considera, pela primeira vez, estar envolvido diretamente no pleito.

Em entrevista à Rádio Manchete, nesta sexta, Bandeira admitiu que concorrer ou não à presidência depende da vontade de sua família. Ele também passou aos sócios a responsabilidade de escolhê-lo ou vetá-lo. Mas o tom do hoje conselheiro é de vontade de participar das eleições, mesmo que incluído numa chapa e não necessariamente como o cabeça da mesma:

Bandeira quer, ao menos, estar envolvido em uma chapa – Foto: Divulgação/Portal da Câmara dos Deputados

“Já falei que, a princípio, minha intenção não era concorrer à presidência. Mas, primeiro é que, se eu quero ou não, não sou eu quem define: é a minha família. E, depois, é o eleitor, na hora de votar. Eu pretendo participar do processo eleitoral, estar em uma chapa, se for o caso. Mas, se eu não for candidato, vou ajudar o presidente se ele vencer e estar permanentemente à disposição dele e do Flamengo. Quem é democrata vai para uma eleição sabendo que o personagem principal é o eleitor. Se a gente ganhar, a gente assume; se perder, a gente respeita. Não é para partir para situações como as que vimos, de flagrante desrespeito à vontade da maioria”.

Os conselheiros do Flamengo vetaram uma emenda que impediria pessoas com cargos públicos de se candidatarem à presidência. A medida afetaria diretamente Bandeira de Mello, que é deputado federal e o grupo do ex-dirigente se manifestou contra a mudança. A maioria de votos disse não à mudança, mas a sessão acabou anulada após uma confusão, que a oposição considerou coação contra o presidente do Conselho, Antônio Alcides.

Bandeira diz que é contra SAF

Questionado sobre uma futura mudança do Flamengo para o regime de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), Bandeira de Mello afirma que não é a favor disso no Flamengo. De acordo com o atual deputado, seguir o mesmo caminho dos rivais Botafogo e Vasco é desnecessário para o Rubro-Negro. Afinal, o clube já provou ser capaz de reorganizar suas finanças mesmo com o modelo associativo.

“No momento, sou totalmente contra. Primeiramente, o Flamengo demonstrou que, mesmo sendo uma associação desportiva, fez seu dever de casa. Teve a administração da melhor empresa privada e a transparência da melhor empresa pública. Diminuímos muito nossa dívida, multiplicamos o faturamento e melhoramos a governança. Mas não vejo necessidade de virar SAF, até porque ela traz uma série de riscos”, disse Bandeira, prosseguindo:

“O regime tributário especial que vem através da lei, não temos nenhuma garantia de que ele existirá para sempre. Depende de uma reforma tributária que pode fazê-lo acabar. E aí o clube teria que encarar uma carga enorme. E tem eventuais conflitos de interesse. Querer que o Flamengo vire SAF para você ficar com uma parte dela, ainda que seja pequena… Hoje em dia, dá para praticamente garantir que vai mandar no clube para sempre. Isso tem que ser analisado com cuidado, mas hoje sou contra”.

Veja outros pontos da entrevista de Bandeira de Mello:

Sobre a confusão na sessão desta quinta

“Ontem (quinta-feira), foi uma noite para se esquecer no Flamengo. Nós, dirigentes esportivos, temos que dar o exemplo, pois a Nação Rubro-Negra tem o futebol como seu principal ponto de referência. E o Flamengo não tem dado exemplos positivos. Foi uma manifestação de intolerância e violência, que não pode acontecer. A própria emenda já era um golpe estatutário porque é direcionada a só uma pessoa. Mas o que se viu depois que nós tivemos uma vitória esmagadora foi uma situação ainda mais desagradável”.

Expectativa para final da Copa do Brasil

“Estamos a dois dias de uma final super importante, nossa chance de ganhar um campeonato neste ano. Tenho certeza de que nosso elenco é o melhor. Se tivermos um bom reflexo vindo de cima, temos tudo para levantar o caneco e comemorar. Mas o que aconteceu durante a semana não foi nada produtivo para que tenhamos sucesso no jogo. Acredito que com todo mundo se unindo e apoiando o time, podemos ser campeões”.

Motivo das críticas da atual diretoria

“Eu prefiro não especular, mas o fato é que existe uma hostilidade, todo mundo sabe. Talvez venha de 2015, quando estávamos no mesmo grupo, houve uma separação e eu ganhei. É do jogo democrático, a gente perde, respeita e a vida segue em frente. Mas não sei, sinceramente. Eu nunca pautei minha atuação dentro do clube por ódio ou por perseguições pelo que aconteceu. Então é difícil imaginar porque isso acontece em relação a mim. O mais importante é o Flamengo, que vença e retome sua rota de vitórias”.

Uma análise sobre seu mandato (2013 a 2018)

“Acho que a gente tem que olhar pelo retrovisor e saber que fez o melhor. Que não deixou de fazer algo por falta de empenho ou dedicação. Errar, todo mundo erra, mas eu não fiz nada sozinho. Sempre tive comigo uma equipe de abnegados, talentosos, trabalhadores. Não só de dirigentes amadores, mas de profissionais também”.

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