Betinho Marques

Betinho Marques: Não há mágica eterna, sem a base o Galo não se sustenta

Na próxima semana, em Patrocínio, na quarta-feira (24), às 21h30 (de Brasília), o Atlético estreará contra o Patrocinense em mais um campeonato mineiro, agora em busca do pentacampeonato.
Na região do Alto do Parnaíba, conhecida por ser referência nacional na exportação de café, o Atlético inicia a caminhada pela manutenção da hegemonia no estado. Em apenas duas oportunidades o Alvinegro conseguiu a façanha do penta. A primeira com o esquadrão da década de 1950 em 1956 e a última em 1982, quando ainda no ano seguinte chegou ao luxuoso hexa.
Porém, o mundo mudou muito. Os simbolismos e a representatividade dos estaduais perderam este encanto. A discrepância das equipes do interior contra as da capital deixam poucos legados para o restante da temporada e o que antes era mais importante que a Libertadores da América, hoje é encarado como um engodo que serve apenas aos interesses políticos das federações.
No time de 82, o Atlético venceu na final o Cruzeiro de Tostão, com gols de Reinaldo e Renato Queiroz. O Galo tinha Éder e Nelinho para a bola parada, Luisinho, Cerezo, Jorge Valença, João Leite debaixo das balizas. O clube revelava atletas de nível absurdamente altos.
O tempo passou e o Galo perdeu a essência da sua base. A identidade reveladora do Carijó foi ficando esquecida no tempo. E o retrato disso passa pela atualidade deste problema. Prestes a repatriar Bernard (31), em 2024, – o atleta foi vendido em 2013 como a maior transação do Atlético por 25 milhões de euros, à vista -, isso diz muito sobre as categorias de base do clube, pois a iminente volta do atleta em nível acima de muitos, ainda assusta sobre nossa obsolescência.

Base do Galo já revelou grandes talentos, incluisive o Rei atleticano, Reinaldo! Foto: divulgação Atlético

É um problema estrutural de um país economicamente forte na América do Sul, mas que, com o sucateamento da base, há décadas tem sofrido com a rota, sempre recomeçando, sem certezas, sem convicção do plantio, muitas vezes estando mais desorganizado que os países vizinhos com menos dinheiro para gastar.
Daí o perigo! Os clubes gastam com atletas renomados, mas nem sempre haverá um Hulk com força e profissionalismo suficiente para ser o arrimo dessa fundação, para querer deixar lastro. No caso do Atlético, não há melhor momento para a base fazer surgir, ano a ano, no mínimo, quatro atletas com excelência para o mundo. São eles que podem render taças e manter o equilíbrio financeiro da instituição.
Hoje, no mínimo, o time da Massa conta com pelo menos seis atletas que fazem diferença. A hora de ter base, a hora de ter algo a oferecer é agora.Todos atleticanos gostariam que o Hulk fosse eterno atuando, mas infelizmente sabemos que precisamos pensar em algo sustentável para a sobrevivência e, sem a “base”, literalmente, a fundação fica comprometida.
O futebol como empresa se difere de todos os segmentos por um detalhe: a paixão. Mas nessa paixão, há o adversário que muda os planos, são as intempéries. E só há como manter vivo em anos de “não Hulks e Paulinhos” quando se tem algo a oferecer ao mundo para pagar contas. Já há algum Éder, Luisinho, Cerezo ou Reinaldo no “cardápio” da base para oferecer? Então, chegou a hora de fazer surgir.
Um detalhe último: base de clube é como saneamento básico de uma população e educação. Ninguém vê quando se faz, mas os efeitos positivos e a saúde que se ganha são perenes. É um trabalho silencioso e demorado, e, infelizmente quem plantou o início pode não estar na colheita, por isso, poucos se interessam, é para profissional abnegado, maduro e pouco espalhafatoso.
Talvez, a SAF tenha a vantagem de dar perenidade ao sonho da “construção invisível” de um Galo verdadeiramente sustentável. Precisa então, achar quem ame escrever histórias discretas e reais, mas sem compromissos políticos para agradar alguém e desagradar a multidão.

Sem a base o Atlético não se sustenta.

Galo, som, sol e sal é fundamental!

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Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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