Botafogo x Bragantino 16/11/2020 - Thiago Ribeiro
Zé Welison é marcado por Claudinho. Na segunda, outro insucesso do Botafogo no Estádio Nilton Santos – Thiago Ribeiro

O torcedor do Botafogo tem motivos de sobra para perder o sono. Além de o time não desempenhar um bom futebol, há, ainda, um dado mais alarmante nesta altura do campeonato. A campanha de 2020 é inferior a de 2014, último ano no qual o Glorioso caiu para a Série B do Brasileirão. Naquela época, em 21 rodadas na elite, o Alvinegro somava 22 pontos, na 15ª colocação, com 34,9% de aproveitamento. Neste Nacional, com um compromisso a menos, o time de General Severiano é o penúltimo colocado, com 20 pontos e 33,3%. A equipe havia sido rebaixada também em 2002, porém, como o Brasileiro daquele ano não era no formato de turno e returno, não entra em efeito de comparação.

O clube fechou o ano da última queda com 24 contratações. Nesta temporada, são 25 caras novas. Os números podem até ser parecidos, mas uma outra estatística deixará os alvinegros ainda mais ressabiados: em 2014, o Botafogo tinha o dobro de vitórias da equipe deste ano (6 a 3). Aliás, o torcedor desacostumou-se a ver a equipe triunfar. O excesso de empates (11) contribuiu para jogar o time para baixo na tabela. Para piorar, o número de triunfos é o primeiro critério de desempate do regulamento do Campeonato Brasileiro.

Há seis anos, o sonho se desmanchava de uma forma cruel. O Botafogo chegou à Libertadores após 18 anos, passou à fase de grupos em grande estilo, mas terminou eliminado com duas derrotas consecutivas, quando precisava de apenas um ponto na penúltima rodada para avançar às oitavas de final. A diretoria trocou o desconhecido Eduardo Hungaro por Vagner Mancini, que, mesmo ficando até a última rodada do Brasileirão, não conseguiu salvar o Glorioso do descenso e minimizar o ambiente conturbado entre elenco e diretoria. Durante a trajetória, os sinais da crise foram acentuados com a demissão do quarteto Edilson, Bolívar, Julio Cesar e Emerson Sheik.

Emerson Sheik chegou ao Botafogo em abril de 2014 e ficou em General Severiano até outubro – Vitor Silva/SSPress

Em 2020, o ano também começou alvissareiro, mas fora das quatro linhas. A chegada de Honda motivou a torcida a fazer uma grande festa durante o desembarque do japonês no Rio de Janeiro. Mas o meia nipônico, apesar do esforço, esteve longe de ser um fora da série, como o Seedorf de 2013. Já durante a pandemia, o Botafogo trouxe mais um astro estrangeiro: o marfinense Kalou, que não se firmou entre os titulares. No banco de reservas, Paulo Autuori cedeu lugar a uma passagem curta de Bruno Lazaroni, que, por sua vez, deixou o cargo para Ramón Díaz. Só que o argentino, em recuperação de uma cirurgia, nem estreou. Na segunda-feira passada, Emiliano Díaz, filho do comandante estrangeiro, foi quem deu as ordens na derrota para o Bragantino por 2 a 1, no Estádio Nilton Santos, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro.

“É questão de trabalho, sabemos que vão melhorar na parte física, semana a semana. A mentalidade de Ramón é sempre positiva, o Botafogo está numa situação delicada, temos que estar tranquilos. Precisamos achar soluções rápidas. Fazem poucos dias que estamos aqui, é questão de confiar, estarmos todos juntos, Ramón veio para cá porque acredita que as coisas vão mudar. Esse grupo está para grandes coisas”, destacou Emiliano.

A sobrevida do Botafogo depende de uma reação imediata. E, claro, de começar a fazer o dever de casa e pontuar. Neste domingo, às 18h15, contra o Fortaleza, o Alvinegro volta a jogar no Nilton Santos, estádio onde sustenta duas vitórias, cinco empates e quatro derrotas neste Brasileiro, retrospecto que corresponde a 33,3% de aproveitamento.

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