Botafogo e Bahia brigam por uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil nesta terça-feira (30), às 21h30, no Nilton Santos. Ambos são duas Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e que nesta temporada estão se destacando com altos investimentos que tem dado retorno em campo. Atualmente, as duas equipes brigam na parte de cima da tabela do Campeonato Brasileiro. O carioca está em segundo com 40 pontos, já o time baiano, em sétimo, com 32.

Botafogo e Bahia se enfrentam pela Copa do Brasil Fotos: Vitor Silva / BFR e Letícia Martins/EC Bahia

Longe dos gramados, o embate entre os clubes também acontece. Recentemente, John Textor, acionista majoritário da SAF Botafogo, levantou uma questão: ele defende que exista um teto de gastos no futebol brasileiro, pois teme que o Bahia, administrado pelo Grupo City, se torne uma potência invencível no país.

“O Brasil trouxe o dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos nada, se não criarmos um teto salarial, o Bahia vai ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos”, disse Textor ao “ge”. 

John Textor é multado pelo STJD
John Textor é multado pelo STJD – Foto: Vitor Silva/BFR

Análise financeira

Amir Somoggi, especialista em gestão esportiva, não concorda com esse questionamento. Primeiro, segundo ele, o Botafogo está afundado em prejuízo, então o empresário não pode falar de equilíbrio e ainda, que apesar do investimento, o Bahia não tem chances de ser imbatível.

“O time do Textor está afundado em prejuízo. Então, quer dizer, como é que um cara que gere o clube gastando muito mais do que pode vem falar em equilíbrio? Esse cara, na verdade, tinha que ser questionado por que ele está acumulando tanto prejuízo e aumentando tanto as dívidas. O Bahia não vai ser campeão, porque o Bahia não é o Manchester City. O Bahia é a 15ª, 16ª força do futebol brasileiro atual. O Fortaleza é muito mais potente que o Bahia atualmente, então não tem o menor risco do Bahia dominar o cenário. O problema é o Botafogo, o presidente do Botafogo, ficar defendendo algo que ele faz da pior maneira, que é o descontrole financeiro”, afirma.

Pra finalizar, Amir ainda explicou porque esse alto investimento no Bahia não é o suficiente para ser um time que vá ganhar tudo nos próximos anos.

“O Bahia não vai ser campeão nunca, porque tem outras questões. O Bahia é o time que mais viaja junto com o Fortaleza, por estar no Nordeste, o Bahia não tem a torcida que tem o Flamengo, o Bahia não tem o dinheiro do Palmeiras, então nunca o Bahia vai ser campeão no modelo de injeção de recursos, vai crescer organicamente para ser campeão, como todos que foram campeões no Brasil. Crescimento orgânico, fortalecimento da gestão e aí acaba sendo campeão, e não o contrário, esse modelo gestão não tem mais espaço no futebol brasileiro, tanto é que os todos que estão sendo campeões são todos os bem administrados”, disse.

Críticas a CBF

Somoggi ainda faz críticas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

“A situação da CBF é o motivo dessa bagunça que virou futebol brasileiro. Nenhum desses clubes estaria na atual situação se houvesse uma regulação, mas a CBF é incompetente. Os clubes não perceberam que é isso que ela quer, esse desequilíbrio, porque aí ela não precisa se preocupar com nada, como é o que ela sempre fez. E no final das contas, o futebol brasileiro vai indo de voo de galinha, porque o Vasco já perdeu o investidor, o investidor que vinha acomodando o prejuízo. Vamos ver quanto tempo esse Textor vai brincar, o Botafogo é um brinquedinho na mão dele, assim como é o Manchester City na mão do City Group”, reforçou.

Planejamento das SAF’s

No Botafogo, ficou definido em contrato no início de 2022 um investimento de, no mínimo, R$ 350 milhões em quatro anos por 90% das ações do clube-empresa, dividido em quatro aportes. Os três primeiros, que giram em torno de R$ 316 milhões, já foram realizados. Falta o quarto e último, em 2025, no valor de R$ 50 milhões.

Botafogo x Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro. Foto: Vitor Silva/Botafogo.

Já no Bahia, o acordo no fim de 2021 garante um investimento de R$ 1 bilhão no Tricolor ao longo de 15 anos. Sendo dividido em, no mínimo, R$ 500 milhões para a compra de jogadores, R$ 300 milhões para o pagamento de dívidas e R$ 200 milhões para infraestrutura, categorias de base, capital de giro, entre outros.

Investimentos na prática

Dessa forma, em um planejamento de médio a longo prazo, a ideia era que as equipes se tornassem referência no futebol brasileiro nos próximos anos. No entanto, o Botafogo foi uma surpresa na última temporada e faz um bom ano também em 2024. O time carioca brigou pelo título do Campeonato Brasileiro até as rodadas finais – sofreu, inclusive, uma virada histórica para o Palmeiras. E neste ano, também briga pelo troféu, além de ainda estar nas disputas da Copa do Brasil e da Libertadores.

Além disso, é possível notar a movimentação no mercado em busca de jogadores de qualidade, independente do preço. O clube além de equacionar dívidas, investe na contratação de jogadores caros e não se importa com a concorrência. Isso não era possível há dois anos, mas, pode vir a se tornar um rombo financeiro.

Bahia x Internacional pelo Campeonato Brasileiro – Foto: Letícia Martins/EC Bahia

E o Bahia, que subiu da Série B em 2022 e brigou para não cair no ano passado, este ano já fez altos investimentos para ter uma temporada mais vitoriosa. O time baiano contratou Everton Ribeiro, que foi a principal aquisição do Tricolor desde a venda da SAF ao Grupo City, além de conseguir segurar Cauly, jogador cobiçado, vencer na disputa com o Palmeiras por Caio Alexandre e realizar a maior compra da história do futebol nordestino com Luciano Rodríguez.

Fora de campo, no entanto, as empresas acumulam prejuízos. Segundo Amir, o Botafogo já acumula quase R$ 350 milhões e o Bahia cerca de R$ 144 milhões, ambas em dois anos.

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