Invicto há oito jogos, o Botafogo, enfim, atravessa um bom momento. Além de reconectar-se com a torcida, o time ganhou de presente da Conmebol, na última segunda-feira (18), um grupo sem nenhum bicho-papão na Copa Libertadores. Afinal, Júnior Barranquilla (COL), Universitário (PER) e LDU (EQU) estão longe de tirar o sono, apesar das longas distâncias. O sorteio teve impacto positivo e resultou em um perigoso otimismo, palavra estranha ao universo preto e branco. Acontece que o Glorioso, com a chave da morte ou não, está muito longe das primeiras prateleiras de favoritos da principal competição da América do Sul.
O plantel ainda sente as sequelas das falhas de planejamento de 2024. Centralizador nas negociações, John Textor, acionista majoritário da SAF do clube, montou um elenco desequilibrado, com muitas opções em alguns setores e escassez em outros. Mesmo em fase irregular, o centroavante Tiquinho, por exemplo, está confortável, sem uma sombra à altura. O reserva imediato do meia Eduardo, Romero, chegou somente agora. Pela direita, os laterais mudaram, mas não inspiram nenhuma confiança. Na zaga, Barboza não encontrou o parceiro ideal, já que Halter falhou nos últimos dois jogos, Pablo segue no departamento médico, e Bastos tem graves problemas na bola aérea.
Há outras interrogações importantes. O goleiro John está se recuperando de lesão e deve demorar ainda alguns dias a voltar. Será que Gatito vai fechar o gol, como fez contra o Red Bull Bragantino e o Sampaio Corrêa? E se o goleiro paraguaio se lesionar (bate na madeira três vezes)? Sem contar que a equipe B do Botafogo de 2024 é inferior ao time reserva de 2023. O plantel atual conta com muitos jovens que não estão prontos: Jefferson, Kawan, Kauê, Newton, Raí, Urso, Yarlen… Em contrapartida, o Botafogo tem volantes e alas em profusão.
Cadê o treinador, Botafogo?
O Botafogo ultrapassou um mês sem treinador, período inadmissível por um clube gerido por uma empresa internacional que defende a profissionalização no futebol. Este texto não pretende desqualificar o trabalho de Fábio Matias. Pelo contrário, o interino, ainda sem perder, tirou leite de pedra para obter resultados importantes, sem encantar ninguém, diga-se de passagem. Aliás, o próprio Matias sabe que sua efetivação não é o caminho para o sucesso. E Textor, exigente, não gostou nada do que viu nos últimos embates.
No mercado, o clube vem recebendo “não” atrás de “não”. Nesta quarta-feira (20), foi a vez de o português Carlos Carvalhal esfriar. O profissional que chegar terá, assim, pouco tempo para se adaptar ao Brasil, conhecer o elenco, começar a implantar sua ideia de jogo e resolver os detalhes burocráticos para trabalhar no país. Tudo com a fase da Copa Libertadores batendo à porta do Mais Tradicional. O Botafogo vai, então, desperdiçando um período relevante de Data-Fifa para ajustes importantes na equipe. Ah, o planejamento… Como pode fazer a diferença no fim!
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10
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