Vitor Silva/Botafogo.
O Botafogo do primeiro turno, aquele das rodadas iniciais desta edição do Campeonato Brasileiro, iludiu o seu torcedor. Afinal, venceu o clássico contra um Flamengo claudicante, derrotou o Fortaleza jogando pior do que o adversário e chegou a flertar com a liderança do torneio nacional. No entanto, na hora de assumir o topo da tabela ou mostrar-se postulante ao G4, o Glorioso derrapou e começou a deixar pontos importantes diante de rivais mais modestos, como América-MG, Coritiba, Goiás e Avaí. Houve, de fato, ainda na metade da competição, uma recuperação. Um voo de galinha com os triunfos sobre São Paulo e Internacional. A versão atual do time alvinegro pode ir bem mais além.
Os três últimos jogos, para os mais otimistas, indicam um norte para o Botafogo. O triunfo sobre o Fortaleza, no Castelão, foi exemplar. O Alvinegro se impôs desde o começo da partida e derrotou uma equipe que ostentava 100% de aproveitamento no returno. O América-MG, próximo adversário, deu trabalho e arrumou um placar em branco. Contudo, seu treinador, Vagner Mancini, ressaltou que, daqui para frente, será muito complicado visitar o Mais Tradicional no Estádio Nilton Santos. No último sábado (18), no triunfo sobre o Coritiba, o Glorioso voltou a ser efetivo e criou chances para, inclusive, golear o seu oponente. Ao fim da partida, o técnico do Coxa, Guto Ferreira, afirmou não entender o motivo pelo qual os alvinegros tinham uma pontuação tão baixa.
Para quem gosta de estatística, além do bom desempenho ofensivo, a equipe de Luís Castro saiu de campo zerada pela segunda vez consecutiva, algo inédito para o Botafogo neste Brasileirão. Reza o ditado que um bom time começa pela retaguarda. E hoje o Alvinegro conta com um goleiro de nível de seleção internacional (Gatito), uma dupla de zaga consolidada (Adryelson/Cuesta) e um lateral-esquerdo de Premier League (Marçal). Claro que há o Calcanhar de Aquiles (Saravia), mas é possível protegê-lo com uma boa cobertura. Nada de improvisos! Kanu, Carli, Sampaio, Borges e Hugo, titulares outrora, definitivamente, são nomes para compor elenco.
No meio de campo, o treinador português parece ter encontrado a espinha dorsal: Tchê Tchê, Fernandes e Eduardo. Se o trio não está 100%, ao menos, demonstra ser superior a qualquer outra trinca que contava com os irregulares Oyama, Patrick de Paula, Chay, Sauer e Piazon. Alguém ainda lembra que o Botafogo tem o seu jogador mais caro da história entre os suplentes?
No ataque, começando pelas pontas, Castro descobriu três jogadores para duas vagas. Jeffinho despontou no fim do primeiro turno, mas é muito jovem e oscilará muito. Não está pronto, apesar de bons predicados. Victor Sá, pela esquerda, e Júnior Santos, na direita, parece o caminho ideal. No meio, como referência de área, o Botafogo trocou um Fusca por um Fiat Pulse. Erison, o Touro, tem carisma, anotou gols importantes, porém, está muito longe do nível técnico de Tiquinho. Suas últimas partidas pelo Alvinegro foram melancólicas ao passo que o novo centroavante elevou o nível da equipe.
Luís Castro só é o atual treinador do Botafogo porque existe uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) por trás. Nos momentos mais críticos, contou com a benevolência de John Textor, dono do futebol do clube, para não voltar a Portugal. Sempre sustentou o argumento de não passar sufoco em 2022 e fazer um Brasileirão seguro, sem grandes aspirações. Em qualquer outro time da Série A, sua chance de demissão aumentaria substancialmente. Em General Severiano, é sócio do mandachuva.
No primeiro turno, afirmou que o Alvinegro era um time de Segunda Divisão disputando a elite. No returno, com a chegada dos reforços, mudou o discurso. Segundo ele, agora, é preciso olhar para cima. Castro só não pode cometer o mesmo erro dos mais eufóricos e vender ilusões nesta altura do campeonato. Deve, portanto, manter a coerência e bancar a meritocracia para escalar o time. O Botafogo, mesmo em sua melhor versão, ainda está em reconstrução.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10
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