Contra o Náutico, no Recife, pela Copa do Brasil, o último jogo fora de casa antes da pandemia – Reprodução do Instagram

Porto Alegre, Caxias do Sul, Chapecó, Florianópolis, Curitiba, Santos, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia, Aparecida de Goiânia, Brasília, Salvador, Maceió, Recife, Campina Grande, Fortaleza, Montevidéu (URU), Buenos Aires (ARG), Santiago (CHI) e Assunção (PAR). Em quase três anos, o jornalista Pedro Henrique Fonseca, o Pedro Dep, rasgou o território brasileiro para acompanhar o Botafogo e expandiu a paixão pelo Alvinegro por importantes capitais da América do Sul. Neste domingo, às 18h15, no entanto, será mais um dia de abstinência por conta da pandemia do novo coronavírus. O Glorioso visita o Bahia, em Salvador, sem a presença do Setor Visitante, canal criado, no YouTube, pelo próprio torcedor botafoguense para mostrar os bastidores de como é acompanhar o clube do coração em jornadas com o mando de campo do adversário. “Aquilo que não passa em nenhum lugar”, conforme define.

O dia 15 de março marcaria o ponto de partida para a sequência sem jogos. Enquanto Honda – astro em um Nilton Santos já sem público, estreava pelo Botafogo e marcava no empate diante do Bangu por 1 a 1 -, Pedro Dep estava no sofá de casa, ao lado da namorada, diante da televisão, imaginando um longo e tenebroso inverno que se anunciava naquele domingo. O futebol seria paralisado poucos dias depois. Preocupante para quem somou quase 100 estádios no currículo, acompanhou todos os jogos do Glorioso como visitante desde agosto de 2017 e deixou de ir a apenas três partidas como local, todas em 2019. Em 2018, a grande façanha. Pedro terminou o ano indo a todos os compromissos do Alvinegro, com a presença devidamente registrada em suas redes sociais.

“Nem lembrava o quanto era chato ver os jogos pela televisão. Estranho e chato! Tinha certeza que daria ruim. Na quinta-feira, estava assistindo a NBA. O Rudy Gobert, do Utah Jazz, testou positivo para o coronavírus, e o comissário Adam Silver paralisou a liga na hora. Já tinha a noção que isso demoraria muito. No dia seguinte, fui ao mercado e comprei mantimentos para passar o máximo de tempo em casa. Mas acho que voltaremos aos estádios antes do que estava pensando. Cheguei a pensar que ficaríamos dois anos impossibilitados”, afirmou, demonstrando otimismo, Pedro Dep, ao Jogada10.

Setor Visitante
Neste fim de semana, Pedro Dep estaria em Salvador se não fosse o coronavírus – Reprodução do Instagram

CENÁRIO PANDÊMICO

Sem a atmosfera de pré-jogo e longe da gastronomia dos locais pelos quais costuma passar, só restou ao jornalista se reinventar. O Setor Visitante, em tempos de COVID-19, promove debates quase diários a respeito da situação difícil do Botafogo. Os encontros virtuais ocorrem antes ou depois dos jogos. Algumas vezes, inclusive, ganhando as madrugadas. Tudo, claro, para minimizar a dor de acompanhar o Glorioso à distância.

“O foco do Setor Visitante sempre foi mais arquibancada e torcida. O jogo é um detalhe. Todo mundo já sabe o resultado. Mas sempre falei sobre o Botafogo. E falo, agora, ainda mais por conta da pandemia. Essa questão dificilmente vai regredir. É uma parte muito importante. Começamos a fazer lives há dois meses e notamos que a galera curte quando trocamos ideia sobre o Botafogo, seja em um clima mais descontraído, seja em um tom maior de cobrança. Nunca deixei de cobrar. Fiz e desfiz a parceria com a Botafogo TV justamente por isso, por criticar a diretoria. Essa parte de análise veio para ficar. É tão importante quanto a arquibancada”, colocou Pedro Dep.

As crises financeiras, o clima sempre quente nos bastidores e a falta de resultados expressivos em campo tornam o desafio de produzir conteúdo sobre o Botafogo ainda maior. Na última terça-feira, o Alvinegro foi eliminado nas oitavas de final da Copa do Brasil pelo Cuiabá e deixou de arrecadar R$3,3 milhões. No sábado, cerca de 200 torcedores invadiram General Severiano. Na semana anterior, celeuma em torno da criação (ou não) da Botafogo S/A. A vida não anda difícil para quem carrega a Estrela Solitária no peito.

“Muito ruim. Você não sabe o que vai acontecer. Às vezes, uma opinião é menos um seguidor. Quando há uma derrota, o cara deixa de seguir todos os canais relacionados ao Botafogo e só volta quando o time está à beira do precipício, pois, nessa hora, está representado por alguém tão enfurecido quanto ele. Nessa hora, o número de seguidores volta a crescer. O cara quer te ver criticando. Gosto de saber que o time vai bem. Me comunico melhor com a torcida. O time, quando está mal, afeta o humor. Fica difícil fazer as piadas. Está difícl ter uma alegria. Parece que não será fácil sair dessa situação”, encerrou.

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