Último grande ídolo do Botafogo, Loco Abreu está chegando ao Brasil para matar as saudades do clube. Com um grupo de amigos ex-jogadores, desafia, neste domingo (12), um time liderado por Túlio, no Estádio Nilton Santos. Na segunda-feira, dia 13, autografa seu livro “Loco por Ti”, escrito por mim em parceria com o jornalista Gustavo Rotstein, no salão nobre de General Severiano, a partir das 18h.

Em um bate-papo agradável com o Jogada10, sem dar spoilers, o uruguaio conta passagens que o que o torcedor poderá curtir com mais detalhes na obra e só lamenta não ter ajudado o clube, dentro ou fora de campo, durante a campanha vitoriosa na Série B desse ano. Deixa ainda um último recado: virou treinador e espera uma chamada urgente para iniciar nova etapa em sua vida profissional. E garante que sua história no Glorioso ainda não terminou.

J10 – Você está no Guiness Book, o Livro dos Recordes, como o jogador que mais vestiu camisas de clubes na história do futebol. Qual sua próxima meta?

LOCO ABREU – Jogando, passei por todas as situações. Disputei títulos e ganhei; enfrentei risco de rebaixamento e consegui permanecer na elite. Inclusive, cheguei a ser jogador e treinador ao mesmo tempo. Mas agora que finalmente parei, aos 44 anos, vou me aperfeiçoar para ser técnico. Quero começar essa carreira logo e me sinto preparado e focado 100% para obter êxito na função. Em 2019, fiz o curso de técnico na Argentina, o mesmo curso que Gallardo e Forlán fizeram. Tenho hoje uma carteira que me possibilita dirigir qualquer equipe do mundo. Espero que meu telefone ligue a qualquer momento com um convite. Só espero que o clube que me chame tenha estrutura, orçamento razoável, planejamento, organização e profissionalismo, porque treinador nenhum possui varinha mágica. Não me interessa se o clube for grande ou pequeno. Sei que tenho ferramentas para ajudar os jogadores a se aprimorarem no dia a dia e matar no peito a responsabilidade enorme que é comandar e preparar um elenco. Espero ansioso por essa ligação.

Loco e sua coleção interminável de camisas – Reprodução Instagram

J10 – Você acha que poderia ter encerrado a carreira com chave de ouro, sendo campeão da Série B pelo Botafogo em 2021?

LOCO ABREU – Sem dúvidas. Agradeço muito o carinho e o respeito do torcedor e das diretorias do Botafogo e vibro pelo fato de o clube ter voltado à Série A. Ainda mais como campeão. Mas pelo conhecimento que tenho de lá, acredito que poderia ter fechado minha carreira como jogador no Botafogo. Seria positivo para mim e para o grupo. Pendurei as chuteiras esse ano porque não veio esse convite. Eu aceitaria ser utilizado em jogo sim, jogo não, e com certeza tiraria a responsabilidade de muitos jovens, encarando a imprensa nos momentos ruins, assim como o Lugano fez no São Paulo quando encerrou sua carreira. Contudo, isso não muda em nada o respeito que tenho pelo Botafogo e o carinho pelas pessoas que estão no clube hoje.

Loco Abreu recebeu a 13 das mãos de Zagallo, em 2010 –  Reprodução Instagram/ Arquivo Pessoal

J10 – Falando sobre o livro “Loco por Ti”, da Approach Editora, a obra que escrevi junto ao Gustavo Rotstein ficou à sua altura?

LOCO ABREU – Esse livro começou em 2011, faz 10 anos. Dei as entrevistas com tudo fresquinho na mente. O Botafogo é o time por que mais joguei e também aquele em que mais marquei gols. Tenho muita gratidão pelo carinho que o torcedor alvinegro me dá. É uma honra estar, por exemplo, no muro de ídolos, em frente à sede. Às vezes me pergunto se mereço tanto, já que há vários campeões do mundo ali ao meu lado. Desde 2012 a empolgação da torcida comigo sempre continuou sendo a mesma. E esse amor é recíproco. Sempre escuto as notícias do Botafogo, não deixo de estar ligado. Mas por tudo que aconteceu em 2010, mesmo não sendo uma conquista de Brasileirão ou de Libertadores, aquele título representou uma reconstrução para o torcedor, que teve de novo um Botafogo vencedor após três porradas em três anos consecutivos diante do maior rival, o Flamengo. Meu gol deu a oportunidade do torcedor sair para a rua soltando tudo que estava entalado na garganta. A cereja do bolo foi a forma como ganhamos, com aquela cavadinha que ninguém esperava e, depois, o pênalti que o Jefferson pegou do Adriano Imperador, craque do time que era o atual campeão brasileiro.

J10 – Qual sua expectativa para esse reencontro com a massa alvinegra na próxima segunda-feira, em General Severiano?

LOCO ABREU – Viajar para o Brasil e, principalmente, para o Rio sempre mexe com o meu coração. Esse reencontro com o torcedor vem no momento certo, agora que a pandemia baixou. Faremos algo muito lindo para compartilhar com a torcida. Ainda vou matar saudades do estádio Nilton Santos amanhã, quando enfrentarei com amigos meus um time de amigos do Túlio. Serão duas grandes festas, mas esse carinho que ganharei na segunda, dia 13, com certeza não há preço que pague.

J10 – Que passagem você mais gostou de ver no livro?

LOCO ABREU – Há depoimentos surpreendentes de companheiros e treinadores com os quais trabalhei durante aquele período. Como o Joel Santana, por exemplo, que escreveu o prefácio. Quando estamos no calor dos jogos, ainda mais sendo o capitão e líder do grupo, às vezes voltava para casa receoso quando a meu comportamento, o que fiz ou falei, se foi mesmo a coisa certa. Mas passada uma década, vejo que contribuí da forma certa ao longo da convivência diária que tive com o grupo.

Recordar é viver! Cavadinha de Loco Abreu na final Campeonato Carioca de 2010 – Reprodução

J10 – Sobre o jogo do título (2×1 no Flamengo), do que você jamais se esquecerá?

LOCO ABREU – Tenho memória seletiva e das coisas boas não esqueço nada. Aquele jogo começou muito antes do apito final. Na noite anterior a ansiedade já era grande. E eu e Herrera revezávamos os pênaltis. Minha sorte é que naquele jogo houve dois. O primeiro ele bateu. Certamente, se eu cobrasse o primeiro não daria a cavadinha. Senti o calor do momento, o desgaste, o cansaço de todos em campo, e como o goleiro Bruno estava em grande fase, inclusive pegando pênaltis de título e sendo cogitado para a seleção, deixei a cavadinha para aquela hora, quando faltavam poucos minutos para o jogo se encerrar. A bola ainda bateu na trave antes de entrar, deu o maior calafrio. Mas acabou sendo mais uma das coisas fantásticas que só acontecem com o Botafogo. E o que pensei naqueles segundos derradeiros, antes da cobrança, só lendo o livro para saber.

J10 – Segue o sonho de, no futuro, voltar de alguma forma e fazer mais História ainda pelo Glorioso?

LOCO ABREU – Minha passagem pelo Botafogo não acabou. Algo me diz que vou voltar, só não sei de que forma. Esse filme vai ter continuação. Quero que todos que comprem o “Loco por Ti” leiam a página 127 do livro… Lembra daquela música “Tá Escrito”, do grupo Revelação? Pois é, a minha hora ainda vai chegar…

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