Demitido após o término da temporada, Paulo Bracks falou pela primeira vez, de maneira aberta, sobre o 2023 do Vasco e sua saída. O dirigente, que ocupou cargo fundamental no processo de reformulação no futebol da equipe de São Januário, revelou que ficou surpreso com a decisão da SAF por seu desligamento, que ocorreu horas depois do último jogo do Brasileirão.

“Essa pergunta (sobre o que aconteceu) deveria ser respondida por quem tomou a decisão, mas… Do meu lado, o que aconteceu foi, sim, uma celebração grande de todos do clube após o apito final. Emoção grande no estádio. Primeiro no campo, depois no vestiário, principalmente dos jogadores e funcionários do futebol. Mas também de membros da diretoria da SAF, não usuais nos nossos vestiários, mas estavam lá ao lado de todos. O clima era de título”, disse Paulo Bracks ao site “ge”.

Paulo Bracks ao lado de Ramón e Emiliano Díaz após a permanência na Série A – Foto: Lucas Bayer/Jogada10

“Me direcionaram para a coletiva junto do Ramon, onde falei de planejamento para 2024. Na manhã seguinte, a caminho do CT, onde eu teria uma reunião com os scouts, recebo a ligação. Em alguns minutos já passaram à imprensa e meu telefone não parou. Saio com a sensação que fiz até mais. Eu e minha equipe de trabalho. Incansáveis. Dedicaram ao Vasco o que não dedicam às famílias. E eu também”.

Saída de Bracks influenciou na permanência de Abel Braga no Vasco

Aliás, logo após o desligamento do dirigente, Abel Braga decidiu que não renovaria o seu contrato com o Vasco. Para o ex-treinador, a saída do dirigente foi uma decepção e, assim, o estopim para a sua escolha. Sobre Abel, Paulo Bracks afirmou:

“Abel é um campeão, um vencedor, no futebol e na vida. Ter uma pessoa como ele ao meu lado foi um privilégio. Fomos vice-campeões brasileiros no Inter, onde ele é um ícone. O trabalho foi intenso até ele precisar se ausentar por um problema médico. A convivência era a melhor possível e ele me complementava. Tem a experiência e a parte técnica. Sabe gerir um vestiário. Me ajudou muito no CT e também ao Barbieri, que via nele uma referência na profissão”, iniciou.

Paulo Bracks, Mauricio Barbieri e Abel Braga no CT Moacyr Barbosa – Foto: Daniel Ramalho/Vasco

Bracks garante: processos da 777 nas contratações atrapalham

Segundo Paulo Bracks, não faltou autonomia para que pudesse exercer o seu trabalho da melhor forma possível. No entanto, o dirigente analisou que alguns processos da 777 Partners acabam atrapalhando o planejamento da pasta de futebol.

“O problema maior não foi falta de autonomia, foi a transparência do processo, sobretudo de contratações de atletas, e a fluidez deste processo. Se tivessem sido apresentadas as regras e diretrizes desde o início do trabalho, não haveria perda de tempo. Eu sempre tive autonomia na iniciativa, mas tudo dependia de aprovação de cima”, detalhou.

Paulo Bracks e o CEO Lucio Barbosa na apresentação do Payet – Foto: Daniel Ramalho/Vasco

“E uma aprovação de quem não estava aqui no dia a dia, de quem não conhecia o futebol brasileiro na sua essência. Demorava e era natural, porque era o começo de tudo. Claro que não era fácil, mas eu não iria jamais expor externamente. A cara era a minha para bater quando não havia a decisão, mas a decisão dependia de um processo, e esse processo só foi desbloqueado com meses de trabalho. E aí entrou a filosofia, que deveria ser seguida, e foi”, complementou, criticando também o ex-CEO, Luiz Mello, e a falta de pró-atividade de alguns setores.

Veja outros trechos da entrevista

Influência da 777 no dia a dia do Vasco

“No dia a dia, nenhuma. Estavam longe fisicamente. Meu superior veio ao Brasil duas vezes em 38 rodadas. No CT, era 100% comigo e com a minha equipe de trabalho. Mas na tomada de decisão para o clube, ou seja, nas contratações, a palavra final era deles. Interferência, não, comando. Me sentia totalmente adaptado a eles, a recíproca era verdadeira e estávamos em um momento muito bom, porque o início foi difícil para os dois lados.”

Relação com Ramón Díaz e membros de sua comissão técnica

“A relação foi espetacular com Ramón, meu vizinho. Cara vencedor e com uma história incrível no futebol mundial. Com o Emiliano, que é um grande homem e um baita treinador, com a equipe toda deles, com o Diego, que é um dos melhores preparadores físicos que já tive o prazer de trabalhar. Ainda trabalharemos juntos novamente. Mundo da bola gira rápido.”

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