Após sete rodadas disputadas, ou seja, 70 jogos, a média de público do Brasileirão-2023 é recorde no período dos pontos corridos, que chega a 20 anos nesta temporada. Afinal, o número atual, que é de 26.538 pessoas por jogo, supera com larga vantagem o de 2019 (21.320 de média), hoje o segundo colocado. Ao todo, quase dois milhões de torcedores já passaram pelos estádios dos clubes da Série A ao longo desta edição. E o que torna o levantamento do Jogada10 ainda mais interessante é que os ingressos estão mais caros do que nunca, despertando o debate sobre a elitização. Então, como explicar esse contraponto?

É consenso entre os jornalistas ouvidos pela reportagem que o fato de que todas as equipes com audiência acima da casa do milhão estão reunidas na competição, após quase uma década. Isso aconteceu após o acesso de Cruzeiro, Grêmio e Vasco. Dois destes, além de Botafogo e Bahia, reforçaram a esperança com o investimento das SAFs. Além disso, a melhor estrutura e segurança dos estádios contribui para o cenário. Outra questão sensível é que este é apenas o segundo Brasileirão pós-pandemia, com a permissão de acesso ilimitado pelas autoridades.

“Há uma demanda reprimida da pandemia. E acho que alguns campeões de audiência entenderam melhor a precificação dos ingressos e mantiveram seus setores populares. É o exemplo do São Paulo, que tem sua média mais alta muito por causa disso. O Botafogo tem ingresso caro e não consegue encher o estádio, apesar da grande campanha até aqui. E claro, essa edição reúne todos os clubes mais populares na Série A”, justificou Arnaldo Ribeiro, comentarista do ‘BandSports’, da ‘TV Cultura’ e colunista do ‘Uol’.

O que justifica a alta no preço dos ingressos?

A princípio, dois fatores aparecem como os principais para o aumento no preço dos ingressos por parte dos clubes. O primeiro deles é uma nova regra criada pela CBF. Foi estabelecido que as agremiações devem contabilizar todos os ingressos no borderô, pelo menos, com o valor de meia-entrada –  nunca abaixo disso. Na prática a exigência é que o clube, agora, repassa à entidade a diferença extra do desconto oferecido ao “sócio-torcedor”. Dessa forma, a CBF vem recebendo uma parcela significativas das rendas dos jogos em 2023.

Assim, algumas equipes aumentaram seus ingressos para que, com isso, evitem o prejuízo. O Botafogo, líder do Brasileirão, chegou a ter a ameaça de boicote das organizadas com o anúncio dos preços até 200% mais caro para a reestreia no Nilton Santos, contra o São Paulo. Em seguida, diretoria e integrantes da torcida costuraram um acordo, assim como em outros clubes, para reequilibrar os valores e não abrir mão dos setores populares, que costumam variar entre R$ 20 e R$ 60 pelos principais estádios no Brasil.

Mesmo com ingressos caros, torcidas da Série A têm lotado estádios – Matheus Lima / Vasco

Modernização das arenas do Brasileirão

Outro fator relevante que interfere na alta das entradas tem relação com a modernização das arenas. Atualmente, dez equipes atuam em palcos utilizados na Copa do Mundo de 2014 (Athletico, Atlético Mineiro, Bahia, Corinthians, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza e Internacional). Além disso, Grêmio e Palmeiras, apesar de não terem tido suas casas na competição, têm arenas mais modernas e no mais alto padrão, aproximando-se enfim do que é oferecido a nível europeu.

“As arenas e a segurança que elas transmitem, a diminuição da violência dentro do estádio, o conforto que tudo isso passou a trazer, além de terem, em média, uma capacidade maior de público, é o que faz diferença. Dentro de campo, algumas equipes também melhoraram seus elencos, despertando um maior interesse da torcida local sobre os visitantes. O exemplo disso foi Cruzeiro x Fluminense, que tem um dos maiores públicos do campeonato, certamente pelo interesse da torcida do Cruzeiro em ver um jogo que prometia ser muito bom e também por conta da qualidade do rival”, crê o jornalista Jefferson Rodrigues, colunista do Jogada10.

Os clubes também alegam que o alto custo de manutenção dos estádios, que cada vez mais contam com novas tecnologias e demandam investimentos para uma “boa experiência” dos torcedores, justifica o crescente aumento no preço dos ingressos.

Palmeiras tem o maior ticket médio e Fortaleza tem o menor

Diante do cenário do alto custo dos ingressos e a média de público histórica, a reportagem do J10 também levantou qual é o ticket médio de cada um dos 20 times da Série A do Brasileirão, para efeito de comparação. Assim, quem aparece na liderança como o time “mais caro” para se assistir é o Palmeiras. O atual campeão brasileiro tem um ticket médio de R$ 76,99. O Verdão é seguido por Grêmio, com R$ 65,61 na segunda posição, e Corinthians, com R$ 62,48. Na outra ponta, a equipe que tem o ticket médio mais barato do Brasileirão é, disparadamente, o Fortaleza, com R$ 13,77. Fecham o top-3 o América-MG, com R$ 21,35, e Atlético Mineiro, com R$ 30,49.

Allianz Parque - Palmeiras
Allianz Parque é o estádio ‘mais caro’ para se acompanhar um jogo na Série A – Cesar Greco/Palmeiras

Maior e menor público do Brasileirão após sete rodadas

Dono da maior média de público do Campeonato Brasileiro, com 51.599 torcedores por jogo, o Flamengo também tem o jogo com maior presença de torcida até aqui no torneio. No duelo contra o Corinthians, no domingo passado, o Maracanã recebeu 64.871 pessoas. Logo depois, surgem Vasco x Palmeiras (59.867) e São Paulo x Vasco (57.399), fechando o top-3.

Por outro lado, o jogo entre América-MG e Fortaleza registrou o menor público desta edição, com apenas 2.488 torcedores no Independência. Red Bull Bragantino x América-MG (2.909 pessoas) e Red Bull Bragantino x Bahia (3.368 pessoas) completam o pódio indesejado.

Veja alguns dados do Brasileirão:

Top-5 das médias de público dos pontos corridos (2003-atual)

1° – 2023 (26.538 até a sétima rodada)
2° – 2019 (21.320)
3° – 2022 (20.681)
4° – 2018 (18.821)
5° – 2009 (17.807)

Ticket médio de cada clube da Série A

1° – Palmeiras (R$ 76,99)
2° – Grêmio (R$ 65,61)
3° – Corinthians (R$ 62,48)
4° – Vasco (R$ 55,15)
5° – Flamengo (R$ 53,20)
6° – Botafogo (R$ 51,26)
7° – Santos (R$ 49,75)
8° – São Paulo (R$ 49,58)
9° – Internacional (R$ 49,37)
10° – Athletico-PR (R$ 46,94)
11° – Cuiabá (R$ 45,06)
12° – Fluminense (R$ 44,13)
13° – Cruzeiro (R$ 39,48)
14° – Goiás (R$ 37,55)
15° – Red Bull Bragantino (R$ 34,76)
16° – Bahia (R$ 32,62)
17° – Coritiba (R$ 32,35)
18° – Atlético Mineiro (R$ 30,49)
19° – América-MG (R$ 21,35)
20° – Fortaleza (R$ 13,77)

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