O Campeonato Brasileiro começou no último fim de semana com a promessa de ainda mais equilíbrio na disputa pelo título e pelas primeiras posições, que garantem vaga na Libertadores. Mas como foi o desempenho de cada técnico dos 20 clubes nesta primeira rodada? O Jogada10 analisou um por um, projetando, desta forma, o que esperar deles para os próximos jogos.

Clássico entre os gigantes carioca e paulista foi disputado na tarde de domingo, no Maracanã – Alexandre Vidal/Flamengo

Flamengo 1 x 0 Palmeiras

Rogério Ceni: Sua montagem de time deixou o Flamengo muito preso na marcação palmeirense no primeiro tempo, já que Gerson e Diego não davam mobilidade e as jogadas dependiam demais de Arrascaeta. No segundo tempo mudou a postura do Flamengo ao pedir que um dos volantes, que começaram lado a lado para marcar Patrick de Paula e Veiga, infiltrasse na primeira linha de cinco adversária na hora de atacar, para dar mais opções na frente, com maior presença de área.

Abel Ferreira: Foi muito acertada a postura que ele estabeleceu para enfrentar o Flamengo, conseguindo equilibrar o jogo e tendo as melhores chances, com Rony e Luiz Adriano muito verticais. No segundo tempo teve dificuldade em reequilibrar o jogo. Suas mudanças para tentar a posse de bola e o drible, com Scarpa; a progressão em campo e marcação forte, com Zé Rafael; e criatividade e drible, com Wesley, foram anuladas pelo Flamengo.

Rick anota o gol do Vozão na vitória por 3 a 2 sobre o Grêmio, domingo, no Castelão – Felipe Santos / Ceará SC

Ceará 3 x 2 Grêmio

Guto Ferreira: Escalou reservas, por questões físicas – os titulares estão desgastados por conta da sequência intensa de jogos no Estadual, Copa do Nordeste e Sul-Americana -, e mostrou a força do elenco para a disputa do Brasileirão. A dinâmica ofensiva do trio de ataque, em conjunto com Saulo Mineiro, fez a diferença. Time teve intensa movimentação, trocas de posições e triangulações. As substituições do técnico renovaram o fôlego ofensivo na reta final, e o time foi premiado com o gol da vitória.

Evandro Fornari (auxiliar, já que o técnico Tiago Nunes testou positivo para Covid): A escalação com Lucas Silva desde o começo, ao lado de Thiago Santos, foi uma estratégia para encarar o estilo de jogo do Ceará. Sua equipe, porém, teve rendimento abaixo das últimas partidas no primeiro tempo, com lentidão para circular a bola e marcação atrasada. Os movimentos nas bolas paradas defensivas também precisarão ser corrigidos.

O Dragão fez a festa diante do Timão na Neo Química Arena – Reprodução

Corinthians 0 x 1 Atlético-GO

Sylvinho: Em seu primeiro desafio no comando do Timão, o técnico abriu mão de jogar com um centroavante fixo. Seu time foi intenso, povoando o campo ofensivo com cinco ou seis homens mesmo sem a bola e pressionando para recuperar rapidamente a posse depois de perdê-la. Apostou na ideia de valorizar a posse da bola e construir as jogadas de pé em pé até o ataque. O problema é que esbarrou naquilo que segue prejudicando a equipe nos últimos trabalhos, de vários treinadores: muitas falhas individuais na tomada de decisão. Na zaga, desfez a dupla João Victor e Raul Gustavo e foi de Gil na vaga de João.

Eduardo Barroca: Mesmo com os desfalques de Janderson, André Luís e Arthur Gomes, manteve a característica do time a fim de dar sequência ao estilo de jogo do Dragão diante do pouco tempo que teve e terá para treinar entre as partidas. Teve o mérito de mandar sua equipe pressionar o Corinthians e atacar sem se amedrontar com o adversário. Com uma defesa bem postada, o time mostrou que pode fazer bom campeonato.

Chape foi presa fácil para o Massa Bruta em plena Arena Condá – Márcio Cunha/ACF

Chapecoense 0 x 3 Red Bull Bragantino

Felipe Endres (auxiliar; clube procura treinador após a demissão de Mozart): Com um elenco bastante limitado, a Chape teve uma estreia desastrosa em que todos os setores foram facilmente anulados pelo adversário. O goleiro Tiepo salvou a equipe de uma derrota por um placar mais elástico. Anselmo Ramon, no ataque, sentiu falta de um armador. Endres, que cobrou empenho dos jogadores, terá o desafio de retomar o espírito coletivo e de luta tão característico dos times montados pela Chape. O próximo compromisso será contra o ABC, nesta quarta-feira, pela Copa do Brasil.

Maurício Barbieri: Iniciou o Brasileirão com uma ideia de jogo mais consolidada. Apostou na força coletiva e mandou o time para a frente. Com posse bola superior a 70%, o domínio foi do início ao fim. Quando não tinha a bola, sua equipe apertava a saída da Chapecoense e se colocava sempre no campo ofensivo.

O Galo mandou mal e acabou derrotado pelo Leão do Pici no Mineirão – Pedro Souza / Atlético

Atlético-MG 1 x 2 Fortaleza

Cuca: Se o sistema defensivo foi um trunfo na final do Mineiro e na campanha de primeiro lugar geral da Libertadores, na estreia pelo Brasileiro o que se viu foi uma postura insegura na retaguarda. O técnico tem mão de obra de sobra para solucionar o problema. Seu time perdeu o meio de campo – sem pegada e com saída de bola neutralizada – e cedeu espaços no segundo tempo, além da pouca presença no ataque – Hulk ficou isolado entre os zagueiros. Conforme o Galo saía para o campo ofensivo, sua defesa ia ficando exposta. Cuca não conseguiu reagir frente à superioridade do Fortaleza na etapa final. Seu time esteve abaixo físico, técnico e taticamente.

Juan Pablo Vojvoda: Muito inteligente taticamente, o técnico não encarou o Galo de peito aberto, mas colocou em campo um time estrategista e com ímpeto de vencer. Viu seus jogadores brigarem de igual para igual a cada disputa de bola. Com Yago Pikachu no lugar de Daniel Guedes, o time voltou do intervalo com outra dinâmica. Sua equipe apresentou um volume de jogo avassalador no segundo tempo, e com aplicação tática e entrega coletiva, produziu mais chances do que o rival e foi cirúrgico para anotar os gols da vitória.

O Bahia ligou o trio em Salvador e fez barba, cabelo e bigode diante de um apagado Santos – Felipe Oliveira / EC Bahia

Bahia 3 x 0 Santos

Dado Cavalcanti: Corrigiu a condição tática ao fazer um ajuste na pressão ofensiva, que apresentava falhas diante da saída de bola santista. Assim, obrigou o adversário a rifar algumas bolas. O técnico também identificou a melhor forma de vencer a primeira linha de marcação dos paulistas, e pediu para que o time explorasse a velocidade de Rossi nas costas da defesa, em profundidade. Deste modo, o atacante conseguiu dar duas assistências para os gols de Thaciano.

Fernando Diniz: Assumiu a culpa pela derrota. Viu seu time se desestruturar com o “apagão” no começo do segundo tempo – o Santos sofreu três gols em sete minutos. Até então, sua equipe tinha boa posse de bola e acertava praticamente todas as saídas. Não conseguiu resolver o problema nas laterais – foram pelos lados que o Bahia levou vantagem. O técnico terá o desafio de fazer todos os jogadores participarem do sistema defensivo e da organização ofensiva.

No duelo entre Furacão e Coelho em Curitiba, melhor para os paranaenses – Mourão Panda / America

Athletico-PR 1 x 0 América-MG

António Oliveira: Preza pelo equilíbrio no comportamento defensivo da equipe. Com uma retaguarda segura, graças principalmente ao goleiro Santos e ao zagueiro Thiago Heleno, o time chega ao sétimo jogo sem levar gols em dez partidas sob o comando do treinador. O ataque, porém é econômico. O técnico teve o mérito de colocar David Terans no segundo tempo. O gol saiu em uma jogada característica: de costas, o uruguaio ajeitou a bola de peito no espaço vazio para ficar de frente no lance. A missão de Oliveira será manter a zaga segura e tentar melhorar o desempenho ofensivo, encontrando um nome para dividir a tarefa com o meia-atacante Nikão de tornar a equipe mais perigosa na frente.

Lisca: Falta ao técnico do Coelho dar ao time uma maior contundência ofensiva, a grande dor de cabeça a ser resolvida na temporada. Seus jogadores, porém, mostram consistência e equilíbrio em campo. Apesar de terem perdido, por conta de uma bobeira no fim, os mineiros controlaram bem o jogo e foram superiores no primeiro tempo.

No confronto de tricolores, nada de gols na noite de sábado, no Morumbi – Rubens Chiri / saopaulofc.net

São Paulo 0 x 0 Fluminense

Hernán Crespo: A vontade de atacar tão marcante no trabalho do treinador não foi a mesma diante do Fluminense. Desorganizado, o São Paulo não conseguiu se aproximar do gol. O comandante tentou o que pôde, ao fazer quatro substituições, todas no setor de ataque, mas a ineficiência do sistema ofensivo prevaleceu. Crespo prova que não vai abrir mão do ímpeto ofensivo na temporada. O ponto positivo foi o bom desempenho da defesa, com Bruno Alves e Miranda na zaga, e a segurança de Volpi, que salvou o time de uma derrota na estreia.

Roger Machado: Mesmo com sua equipe mostrando que pode bater de frente com qualquer favorito ao título – anulou o adversário em 85 dos 90 minutos -, o técnico tricolor ainda precisa acertar o momento para as substituições. Apesar disso, parece ter encontrado um modo eficaz de atuação, que abre mão da posse de bola, mas conseguindo ter eficiência para defender e volume quando se lança ao ataque.

Também no sábado, empate com gols na Arena Pantanal, no Mato Grosso – Fernando Alves/ECJuventude

Cuiabá 2 x 2 Juventude

Alberto Valentim (demitido após o jogo): Viu a equipe demonstrar preocupante inconsistência tática, com falhas na marcação. No meio-campo nada funcionou: não houve proteção à zaga e faltou criatividade para municiar o ataque. Os cuiabanos foram salvos com um gol no fim. O técnico, demitido após o jogo – o primeiro neste Brasileirão -, errou ao escalar Pepê como primeiro volante, com muito mais função de marcação. O meia errou feio no primeiro gol do Juventude. Com isso, não houve quem pudesse armar, já  que os demais homens do setor não são armadores. Faltou repertório.

Eduardo Barros (auxiliar; Marquinhos Santos está com Covid): Embora tenha ocorrido falha na linha de marcação no primeiro gol sofrido, o time gaúcho teve personalidade, não se abateu e conseguiu uma virada que só não foi mantida porque o time recuou demais. Faltou pressionar um pouco mais a saída de bola adversária. O conjunto vem se entrosando e pode surpreender.

Colorado e Leão fizeram um duelo pra lá de animado no Beira-Rio – Ricardo Duarte / Internacional

Internacional 2 x 2 Sport

Miguel Ángel Ramírez: Seus comandados deram sinais de queda de rendimento ainda na etapa inicial mesmo com 2 a 0 no placar. O treinador enxergou evolução defensiva, mas não ofensiva no segundo tempo em que sua equipe atuou muito aberta, dando mais espaço ao adversário. As atitudes de seus jogadores se distanciaram do plano desenhado, segundo o técnico. O time demorou a entrar no ritmo na etapa final e pagou caro por isso.

Humberto Louzer: Fez seus jogadores acreditarem que era possível reagir frente a uma desvantagem de dois gols. Compacto, o time não permitiu possibilidade de gol do adversário na etapa final e mostrou forças para buscar a igualdade. Por conta de lesões, seu time teve muitas mudanças em relação ao que disputou a final do Pernambucano. Mais um motivo para destacar o poder de reação desta equipe, que vem se encaixando sob seu comando.

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