Betinho Marques

Briguem, ʽDisgramadosʼ! – O conflito de grandes que queriam metas gigantes

O Atlético terminou no dia 15 de dezembro uma temporada indescritível e sem vocabulário capaz de traduzir a eficiência de um verdadeiro bom uso da banalizada palavra “projeto”.

Mas tudo começou sem flores, sem amores. Cuca desceu do aeroporto sendo julgado por um tribunal técnico como “entregador de coletes” ou dono de um rótulo pejorativo, o “cucabol”. Além disso, viveu um júri cruel e com conhecimento insuficiente de uma história pretérita para afetar um emocional já abalado do treinador campeão da Libertadores da América. Em meio a tudo isso, veio para BH com a mãe entubada acometida pelo Coronavírus.

No meio do caminho, havia o Hulk. E logo no início do Campeonato Mineiro, uma faísca: o herói verde pediu mais tempo de forma incisiva ao microfone após uma partida contra o Athletic vencida pelo Galo.

“Eu queria muito estar jogando no meu melhor nível. Acho que não é só você estar bem fisicamente. Você precisa de confiança, e confiança requer minutos jogados, requer jogos seguidos. Infelizmente, não estou tendo isso. Queria poder estar falando outras coisas aqui, mas temos que ser verdadeiros. Preciso de jogos, preciso de ritmo, preciso de confiança pra poder apresentar meu melhor futebol. Desde que o professor Cuca chegou aqui, acho que não tive uma sequência de três, quatro jogos seguidos. É muito difícil” – Hulk”

Na coletiva, Cuca rebateu:

“Como eu havia prometido para ele ontem, ele iria jogar os 90 minutos, independentemente de bem ou mal, pra ele ter essa segurança, pra não ficar preocupado em ser substituído. Essa tranquilidade eu passei pra ele. Agora, a sequência de minutos é recíproca. Você dá a sequência de minutos quando você tem o jogador te dando todo o respaldo. Não que ele não esteja dando o respaldo. Mas eu, junto dele, tenho o Savarino que joga por ali, tenho o Savinho, tenho o Sasha, o Vargas. Então, são disputas que ocorrem. Eu tento ser o mais correto e coerente possível com todos.”

Um dia depois, Hulk se desculpou e a história começou a aparar as arestas …

Cuca completa em 2021 uma meta estupenda: fecha a temporada com absurdos 75,55% de rendimento em 75 jogos; 52 vitórias, 14 empates e seis derrotas, 136 gols feitos, 52 gols sofridos (0,69 gols por partida) e 84 gols de saldo. Alex Stival só não ganhou ainda o Mundial com o Galo, são:

3 Mineiros (2012, 2013 e 2021)
1 Libertadores (2013)
1 Campeonato Brasileiro (2021)
1 Copa do Brasil (2021)

Mas o que mudou tudo foi o entendimento: em uma entrevista coletiva em outro momento, Cuca relatou que Hulk, era aquilo que ele tinha dito lá atrás:

“Já entendemos que para o Hulk, quanto mais joga, melhor fica seu rendimento”

Conflitos vencidos e Hulk artilheiro da Copa do Brasil (oito gols), Campeonato Brasileiro (19 gols), ganhador de todos os principais prêmios do ano e, aos 35 anos, fechou a temporada como homem ícone, o artilheiro do país com 36 gols e 12 assistências. Dos 136 tentos do Galo no ano, 35% passaram pelo herói atleticano.

Num elenco recheado de jogadores talentosos e consagrados, Givanildo elevou o padrão de excelência em profissionalismo. Ao contrário de muitos ao retornar ao Brasil, o herói se portou como uma fonte de inspiração e transpiração, além de ser um “boa praça” desejado nas rodas de zoeira. Na figura de Hulk o Atlético percebeu uma completude do que podemos chamar de ídolo e que será parte do modelo Galo dos novos tempos.

O Atlético de Cuca e Hulk que se chocaram no início se somou à gestão discreta e brava de Rodrigo Caetano, um verdadeiro “ferrinho de dentista” na briga pela equidade e que tratava problemas e soluções internamente, defendendo bem a casa dos direitos atleticanos.

Mas, definitivamente, usar o vocabulário para classificar o Atlético de 2021 é muito difícil.
O atleticano está sem saber mensurar o que foi o 2021.

Estupendo, absurdo, incrível, surreal e sem descrição cabível no vocabulário. Uma hora, talvez, um dia, saberá.

Grandes personagens quando necessário, entram em conflito para a coletividade vencer o comodismo e, no fim, ambos tornaram-se heróis por ativarem nas diferenças o encaixe perfeito das virtudes para o bem comum. Mas só se permite ocorrer ajustes quando o ego individual dá vez vez à grandeza de pessoas que desejam marcar nomes por legados não por “cabos de guerra”

Grupo que não briga morre sonso. Mas grupo discute com alvo, chega longe, festeja e marca na história o seu lugar. Já dizia no WhatsApp:

Se for para o bem comum, briguem “disgramados”.

Deu Galo na cabeça!

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Jogada10.

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Leo Pereira

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