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Camisas de clubes extintos reacendem a paixão por clubes de bairros

Um evento gratuito no Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte do Rio, reunirá amantes do futebol para tratar das histórias de clubes extintos do Rio de Janeiro. Mas, para entender um pouco mais sobre o evento, o Jogada10 conversou com Kleber Monteiro, o idealizador do Exthynto Social Clube, uma confraria formada por torcedores interessados nos primeiros capítulos do futebol carioca, um dos berços do esporte no Brasil.

Veja aqui algumas camisas de clubes do Rio já extintos

Como tudo começou

Kleber Monteiro, professor de biologia do Estado do Rio de Janeiro, iniciou a sua jornada sobre os clubes extintos em 2019, quando escreveu um livro sobre a Terceira Divisão do Campeonato Carioca daquele ano: “Da Lama à Grama”. Aliás, edição que contou com o atacante Lelê, hoje no Fluminense. Segundo Kleber, a obra, que trata das histórias dos clubes que participaram do torneio, além dos jogos em si, foi um sucesso.

Kleber Monteiro com o livro “Da Lama à Grama” – Reprodução

Posteriormente, com a pandemia do Coronavírus em 2020,  após pedidos de amigos que gostaram do livro “Da Lama à Grama”, Kleber Monteiro iniciou mais uma obra, dessa vez sobre o Andarahy.

Clube extinto em 1973, o Andarahy tinha a sua sede no bairro que dá o seu nome, na Zona Norte. Nas cores verde e branca,  tendo o Periquito como mascote, o Andarahy se tornou um clube tradicional no começo do futebol carioca. Assim, Kleber Monteiro foi atrás de sua  história.

“Comecei a pesquisar sobre o Andarahy, através do livro do Raimundo Quadros, um pesquisador já falecido, mas com uma relevância absurda. Comecei a escrever sobre o clube. Em determinado momento cruzei os dados com o livro do Raimundo e percebi que a obra ficaria muito xerox. Até por ética e reconhecimento do trabalho dele, mudei o foco para não ficar parecido. Então, mergulhei no universo do Andarahy e relatei todos os quase 700 jogos que o time fez. Esse livro é uma síntese de todos os jogos reportados nos jornais. Como sou professor e gosto de trabalhar com a síntese, sintetizei os jogos, vendo os jornais, e falava sobre os jogos. Foi um trabalhão maçante, com todos os jogos relatados, quem jogou, se choveu durante o jogo. Deu nesse livrão do Andarahy”, explicou Kleber Monteiro.

Produção de camisas do Andarahy: um gol de placa!

No entanto, apesar do seu amor pelo futebol e interesse pelo Andarahy, Kleber esbarrou no aspecto financeiro para ampliar o número de livros. Assim, o autor teve a ideia de produzir camisas do clube da Zona Norte carioca, seguindo os critérios do formato original. No entanto, Kleber não esperava tamanho sucesso das peças.

“Pesquisei como era a camisa e, posteriormente, comecei a fazer, disponibilizando aos meus amigos para gerar recursos e ter o dinheiro para fazer os 500 livros. Mas, o negócio deu tão certo que eu fui agregando uma quantidade enorme de interessados na camisa e, claro, investidores do meu livro. Criamos um grupo no WhatsApp sobre o lançamento do livro do Andarahy. Foi um sucesso. Um evento maravilhoso, produtivo”, detalhou.

Dia do lançamento do livro do Andarahy – Kleber Monteiro

“Mas a coisa foi saindo do controle quando pessoas perguntavam, por exemplo, se eu conseguiria fazer a camisa do Confiança. Dessa forma, comecei a fazer todas as camisas desses clubes extintos, buscando alguma coisa fiel, as listras da época, escudos e espaçamentos. Como sou muito interessado pela leitura, não me interessava fazer somente a camisa. Então, eu pesquisava sobre o clube. Por exemplo, o Mangueira. Pesquisei sobre o Mangueira e fiz o mesmo trabalho que fiz no Andarahy. Um trabalho de síntese de todos os jogos. Comecei também a agregar pessoas que já conheciam e me ensinaram muito”, afirmou Kleber.

Criação do Exthynto Social Clube

Já com um grupo de amigos que também consumiam e admiravam a história do futebol carioca, Kleber e seus colegas formaram o Exthynto Social Clube. Mas, o entusiasmo acerca do tema foi tão grande que os membros do Exthynto tiveram a ideia de tornar público o debate. Assim, surgiu a oportunidade de fazer o evento no Tijuca Tênis Clube.

“Já com todos as camisas dos clubes extintos, surgiu a ideia de fazermos uma confraria, que foi feita e recebe o nome de Exthynto Social Clube. Temos um grupo em que conversamos, um assunto interessante para nós. Vimos uma possibilidade de fazer esse resgate histórico fora do nosso grupo do WhatsApp. Assim, buscamos um fórum, algo nesse sentindo. Graças a Deus conseguimos um espaço no Tijuca Tênis Clube, na semana de aniversário do clube. O clue foi muito receptivo. Aliás, no espaço do Tijuca Tênis Clube, dois times extintos atuaram: Syrio Libanês e o Mangueira”, exaltou Kleber.

Amigos de Kleber e membros do Exthyntos – Kleber Monteiro

“Além de abordarmos as histórias dos clubes extintos, também trataremos de assuntos sociais importantes, como o combate ao racismo. Trataremos de clubes de bairros. Clubes que não existem mais, mas que marcaram a sua época. No primeiro dia do evento, conseguimos, através do Tarcísio Motta, deputado federal, que se tornou um amigo, uma monção de reconhecimento para os dirigentes do Engenho de Dentro, um clube que foi campeão da Liga de Desportos Terrestres, em 1924. O evento tem tudo para ser um sucesso’, completou o apaixonado pelo futebol carioca.

Clique e veja como confirmar presença no evento!

Como os torcedores podem comprar as camisas dos clubes extintos?

“As camisas são feitas sob encomenda, a R$ 65.  A pessoa diz a camisa que quer, o tamanho. Mando fazer e a pessoa me pega somente no ato da entrega. Acredito que só não distribuí para alguns estados do norte. Já mandei para todos os cantos do nordeste. Muita gente no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, por exemplo, que já compraram as camisas dos clubes extintos. Isso é um reconhecimento do que a gente teve de marco inicial no nosso futebol. O futebol brasileiro começou no Rio de Janeiro. Os apaixonados por futebol podem nos encontrar no Instagram, no perfil Exthyntos. Além das camisas, faço também flâmulas desses clubes, como Cattete, Riachuelo, Confiança e Hellênico”, completou.

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Lucas Bayer

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