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Carnaval e futebol: quando o samba era o pulmão do Maracanã

Imagem: Unsplash

Carnaval e futebol são coisas totalmente inseridas na nossa cultura. As massas sempre estiveram presente em todos os grandes eventos, tanto esportivos, quanto relacionados às festas carnavalescas. Para se ter uma ideia da identificação do povo brasileiro com o carnaval e o futebol, muitos sambas enredo foram cantados dentro das arquibancadas de grandes estádios, principalmente o Maracanã, que tinha as 4 grandes torcidas do Rio de Janeiro cantando versões de canções que fizeram sucesso na Marquês de Sapucaí.

Atualmente, o público de futebol se distanciou um pouco da cultura do carnaval e do samba. Isso se deve principalmente a uma certa elitização das torcidas, que faz com que torcedores de menor renda tenham dificuldades em poder acompanhar seu clube de coração com alguma frequência, devido ao elevado preço dos ingressos. Dessa forma, o futebol se tornou algo distante das massas, muitas vezes afastando a cultura de arquibancada que foi criada pelo mesmo público que lotava os sambódromos.

Esse fenômeno não acontece por acaso, o futebol hoje é muito mais voltado para questões econômicas, do que culturais e sociais. O esporte tornou-se uma indústria de proporções enormes, firmando acordos comerciais com empresas importantes de diferentes ramos, como é o caso das empresas de apostas esportivas. Essas empresas costumam trazer investimentos consideráveis no esporte, pois possuem uma atuação diversificada, oferecem tanto as tradicionais apostas em partidas, quanto jogos de cassino, como é o caso dos jogos de roleta Netbet. Dessa maneira, acordos firmados com entidades desse ramo costumam ser financeiramente vantajosos para os clubes.

No entanto, todo esse distanciamento físico e econômico ainda não são suficientes para impedir que o torcedor manifeste sua paixão através das músicas. O canto das torcidas ainda segue sendo um espetáculo, assim como era nos anos 70 e 80.

As marchinhas de carnaval que faziam o Maracanã tremer

Desde o início do século XX, o carnaval e o futebol se tornaram duas das principais formas de entretenimento e lazer para os brasileiros. Com o passar do tempo, as maneiras de torcer foram se modificando e as torcidas organizadas foram criadas. Com a criação delas, foram introduzidas músicas que embalavam os times e produziam um verdadeiro espetáculo nas arquibancadas.

Não foi preciso que se passasse muito tempo, para que as marchinhas de carnaval fossem incorporadas ao rito de torcer. Afinal de contas, o público que fazia o carnaval nas ruas, também o fazia nas arquibancadas do Maracanã. Dessa forma, músicas épicas como o “Só dá Vasco” e o famoso “Explode Coração” eram cantadas a plenos pulmões pelos torcedores cruzmaltinos e rubro-negros, respectivamente.

Maracanã. Imagem: Unsplash

Em 1979, o sambista Neguinho da Beija-Flor compôs o maior hino do futebol carioca, a canção “O Campeão”. A música começa com os versos “Domingo, eu vou ao Maracanã, vou torcer pro time que sou fã”, já nesses primeiros trechos é possível ver que a obra carrega consigo um retrato fiel das tardes de domingo, nos anos 70 e 80. A música é cantada até hoje por torcidas do Brasil inteiro, verso por verso. A única exceção é o refrão, que é substituído de acordo com a torcida que o canta.

O distanciamento entre o futebol e as massas

Com tantos exemplos, não é difícil compreender a importância da cultura das massas na nossa identidade como brasileiros. O carnaval, o samba e o futebol podem não ser apreciados por todos, nem ter o glamour que outras atividades possuem. Entretanto, entender esses fenômenos é também fundamental para aproximar-nos do processo cultural e social que nos cerca.

Nessa eterna dicotomia entre enriquecer ou permanecer junto ao povo, é importante que os clubes cuidem para não se distanciar demais dos torcedores “comuns”, pois esse é o maior patrimônio que uma instituição pode ter. Ficam aqui os votos de que o futebol evolua economicamente, mas que não perca jamais o seu encanto.

Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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