Betinho Marques

Casa própria e carro novo são menos importantes que o olho brilhante do atleticano

O humor do atleticano devia ser objeto de estudo. Durante vários anos, após fracassos técnicos no campo, algo que nunca diminuiu foi a força dos galistas.
Recentemente, o tema sempre permeia as mesas de debates sobre: por que o atleticano está triste?
Afinal, nós últimos 11 anos o clube ganhou 14 taças. Só não buscou o mundial. Apesar da monstruosa dívida, o barco virou a favor do Alvinegro. Por que então que a alegria diminuiu?

Atleticanos abraçaram a nova casa – Fotos: Pedro Click / Atlético

Em 2023, o Galo acaba de inaugurar seu novo estádio e de homologar o título de 1937 como campeonato brasileiro. A dupla de ataque todos gostariam de ter: Paulinho e Hulk. Por que esta crista baixa?
Pois é! Talvez, no condicional, – até porque é preciso ser humilde para tentar descrever a atleticanidade -, sejam as desconexões com o público-alvo e as expectativas frustradas geradas no campo administrativo do CAM.

Atleticano amargurado

Nos anos 90, para resumir isso, bastava Marques dar o mesmo drible e vencer os clássicos jogando com sangue e suor para ninguém conseguir decifrar o “problema” que era ver um atleticano feliz. Ao atleticano, ainda sem campo para treinar fixo, bastava o Galo, só isso. Depois, veio a maravilha do CT de Vespasiano, hoje referência em centros de treinamento no Brasil.
Hoje, porém, com tanta taça, com nova casa, muito atleticano se sente amargurado e cansado das brigas políticas de bastidores. A história do Atlético é bela não apenas pelas cenas épicas das Libertadores ou do Brasileirão de 2021. Muitos apaixonados, inclusive, foram forjados na dor extrema, quando o clube deixava de ganhar mas sangrava dignidade e vendia o orgulho de lutar contra o “maledeto” sistema.
Talvez, o atleticano esteja cansado da exposição política que se apropria das redes sociais, dos generais dos prós e dos radicais do contra. O atleticano hoje disputa quem ama mais, quem fez mais e cada vez mais se divide, cada vez mais se cansa e cada vez mais perde seu propósito de comum união, a comunhão, a procissão, o andar junto, sô. Isso tudo que sempre foi o mais belo, a heterogeneidade do seu povo, o pensar diverso, mas que se fundia pelo Galoooooooo!
Acrescentando todos os poréns, talvez tenha chegado a hora do clube se comunicar melhor com seu público-alvo. É hora de colocar na “balança” que a verdade pode ser dura, mas é a maior ferramenta de conexão com o povo atleticano.
A Massa nunca abandonou o clube nas dificuldades ou dívidas, mas ela desiludida e sem crença é um morto-vivo. Pode ter taça, carro novo na garagem e casa própria, mas o mais importante para o atleticano é a crença, a fé e o brilho no olho, o escudo sem respingos nada na sua essência.
Que o brilho dos olhos nunca fujam deste povo preto e branco. O atleticano é feliz porque ele é dono do abstrato, insólito e intocável, o tal do sentimento. Taças vêm e vão, mas importante mesmo neste “negócio” é cuidar desse olhar que sorri e chora ao ver a inscrição: CAM. Já dizia o poeta Herbert Vianna: “cuide bem do seu amor”
Galo, som, sol e sal é fundamental!

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Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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