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Caso Mariana Ferrer repercute entre clubes e jogadores

Hyuri foi a única voz do Atlético-GO – Reprodução SporTV

Um assunto ganhou as manchetes e foi o principal nos trending topics do Brasil durante toda a terça-feira: o vídeo divulgado pelo Intercept Brasil  que mostra a influencer Mariana Ferrer – que acusava  André de Camargo Aranha, filho de um advogado e empresário de jogadores de futebol  de estupro –  sendo  agredida verbalmente e humilhada pelo advogado de defesa do acusado durante a audiência do caso.  Isso sob as vistas do juiz que no fim aceitou a argumentação de que não existiu a intenção de estuprar e que ocorreu  algo como “estupro culposo”. Em setembro, André Aranha foi absolvido.

Tão logo o vídeo viralizou, a comunicação do Vasco  publicou em suas redes sociais uma nota de repúdio e  ajudou a compartilhar a hashtag  #justicapormariferrer.

Dezenas de outros clubes de todas a divisões do futebol brasileiro passaram a entrar na campanha. Vários jogadores e ex-jogadores também, como Ricardo Rocha. E na partida entre Internacional e Atlético-GO, pela Copa do Brasil, um jogador do time goiano, Hyuri, entrou em campo com um X desenhado na mão em forma de protesto.

Ao ser perguntado sobre a atitude, Hyuri comentou.

– Depois de tudo o que aconteceu, fiquei chocado. Eu tenho esposa, mãe e sobrinha. Tamanho desrespeito com as mulheres é chocante em 2020. Fiz o protesto porque o jogador de futebol está presente todos os dias nas TVs e acho que nós poderíamos fazer um pouco mais. Pode até parecer um pouco complicado  fazer sozinho. Mas não posso ter medo, precisamos mudar a coisa nesse país. Peço que cada um não espere ter alguém ao lado para fazer algum protesto, faça por si próprio.

Apoio dos clubes

Clubes como Flamengo, Fluminense, Santos, São Paulo, entre tantos outros, divulgaram mensagens de solidariedade ao combate à violência contra a mulher. Uma das que mais chamaram a atenção foi a do Paysandu:

“Fazer um minuto de silêncio antes da nossa próxima partida em casa não seria certo. Aliás, o silêncio não pode existir diante de uma crueldade desse tamanho. Jamais! A voz que elas usam pra cantar nas arquibancadas é a mesma que grita por igualdade na sociedade”.

Eis algumas outras:

Palmeiras: ” A violência de gênero em todas as suas formas é inaceitável. Falar em estupro não intencional é desrespeitar profundamente as vítimas, as mulheres e toda a sociedade”

CSA:  “Mão na bola, gol contra e falta no adversário são culposos, mas que estupro não é”.

América-MG:  “Estupro nunca é culpa da vítima”

Atlético Mineiro :  “O Atlético se solidariza com Mariana Ferrer e todas as mulheres vítimas de estupro. Exigimos respeito”.

Goiás:  “Estupro culposo não existe. Justiça por Mariana Ferrer”

Entenda o caso

Em dezembro de 2018, ocorreu uma festa em um clube em Jurerê, Santa Catarina. O evento contou com a presença de vários Vips. Mariana Ferrer, então com 21 anos, era uma das promotoras da festa. Em certo momento, após ingerir uma bebida, ela ficou grogue.

Imagens mostraram que Mariana caminhava com dificuldade, ajudada por André,  sendo levada para um local privado, saindo de lá minutos depois.  Ela foi ajudada por amigos que a colocaram num táxi.

Ao chegar em casa, sua mãe, ao ver o estado da filha, a levou para exames. Ficou constatado que havia esperma (depois confirmado que era do acusado) e sangue (Mariana era virgem).

A promoter acusou André de estupro e o caso foi para a Justiça. O acusado negou, informando que ocorreu sexo oral consensual, o que Mariana negou. Ela afirma que se encontrava em estado vulnerável, pois algum tipo de droga foi colocado em sua bebida.

O processo correu e a audiência final realizada já durante a pandemia. É esta audiência que foi divulgada nacionalmente pelo Intercept Brasil. Nela, o advogado de André , Cláudio Gastão da Rosa Filho, usou a estratégia de humilhar a vítima, alegando que Mariana, no passado, tirava fotos em “poses ginecológicas” (Mariana foi modelo profissional) e  que “jamais teria uma filha daquele nível baixo”, entre outras ações que levaram a vítima a pedir ao juiz que intercedesse de modo que Gastão parasse de humilhá-la.

Repercussão até no STF

O assunto foi tão comentado que ainda nesta terça-feira o juiz do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes escreveu um tuíte cobrando providências:

” As cenas da audiência de Mariana Ferrer são estarrecedoras. O sistema de Justiça deve ser instrumento de acolhimento, jamais de tortura e humilhação. Os órgãos de correição devem apurar a responsabilidade dos agentes envolvidos, inclusive daqueles que se omitiram.”

Carlos Alberto

Repórter, setorista da Seleção Brasileira, colunista e editor do Jornal dos Sports entre 1998 e 2000. Editor, colunista e editor executivo do LANCE! de 2000 a 2020, Editor-chefe do Jogada 10 desde 2020. É formado pela Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha-RJ) e participou de coberturas de 6 Copas do Mundo (4 como enviado, 1 como chefe de reportagem 1 como editor-chefe), 2 Copas Américas, 1 Eurocopa, 2 Mundias de Clubes, 1 Olimpíada e 6 Champions League.

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