A criação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) segue gerando controvérsias entre os clubes. Nesta sexta-feira, aqueles que não assinaram o acordo se reuniram e, após o encontro, formularam carta de repúdio aos termos estabelecidos pela Liga. O principal motivo de insatisfação do novo bloco se deve aos percentuais de divisão de receitas para adesão à proposta estabelecida pelo Flamengo e por clubes paulistas.

Futebol brasileiro vive dias agitados por conta da Libra – Staff Images Woman / CBF

Até o momento, oito clubes (seis da Série A e dois da B) assinaram a Libra: Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, e mais Cruzeiro e Ponte Preta. No entanto, para a organização do Campeonato Brasileiro, de acordo com a proposta do estatuto, é preciso que haja o aval da CBF, além de adesão da grande maioria dos 40 clubes das Séries A e B.

Os clubes divergem em relação à partilha dos recursos quando os contratos de televisão forem assinados. Os oito que assinaram a Libra concordam com uma divisão das receitas com 40% repartidos de modo igualitário, 30% variável por performance esportiva e outros 30% variável por audiência e engajamento.

Formado pelos clubes envolvidos neste novo bloco, o “Movimento Futebol Forte” pleiteia uma divisão nos moldes de 50% dos valores fixos, 25% de variável por performance e os outros 25% variável por audiência e engajamento.

Os 27 clubes que se juntaram em repúdio sugerem mudanças na carta, citando como exemplo os campeonatos europeus e um percentual de 68% da verba repartida de modo igualitário na Inglaterra.

Veja, na íntegra, a carta publicada pelos clubes

“A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.

Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.

Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.

Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.

Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.

A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.

O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa”.

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