O futebol inglês está pegando fogo por causa da compra do Newcastle pelo fundo de investimentos públicos da Arábia Saudita. De acordo com o jornal “The Guardian”, os outros 19 clubes que participam do Campeonato Inglês devem fazer uma reunião de emergência, na próxima semana, para discutir os impactos da negociação.
Dois aspectos devem predominar nas conversas. Um deles tem a ver com o gigantesco poder econômico do príncipe saudita Mohammed Bin Salman, líder do fundo de investimento. É grande a preocupação de que o novo bilionário da Premier League provoque uma elevação drástica dos preços no mercado da bola. O valor da compra de 80% do Newcastle – 300 milhões de libras (aproximadamente R$ 2,2 bilhões) – já dá a dimensão da capacidade financeira do novo dono. Os clubes rivais manifestaram a insatisfação ao presidente da Liga Inglesa, Gary Hoffman, e ao diretor executivo, Richard Masters.
O outro aspecto a ser abordado na reunião da próxima semana é o perfil do príncipe saudita, que está no comando do país, pois o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud sofre de Alzheimer. Aos 36 anos, o herdeiro do trono vem sendo acusado por organizações não governamentais de violação dos direitos humanos, com prisão e até execução de pessoas contrárias ao seu governo.
Mohammed bin Salman também é considerado um criminoso de guerra pela intervenção na Guerra Civil do Iemên, com massacre de civis e bombardeios de áreas de refugiados. Além disso, o novo dono do Newcastle é apontado pelo serviço de Inteligência dos Estados Unidos como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi – assassinado e esquartejado em 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia. Hatice Cengiz, que foi noiva do jornalista, criticou a negociação do Newcastle. Em entrevista à “Sky News”, ela disse que está triste com o episódio e que isso mostra como, para muitos, “o dinheiro é mais importante do que qualquer outra coisa”.
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