A instabilidade vivida pelo Vasco na Série B voltou a aparecer e freou a empolgação inicial com o trabalho de Fernando Diniz. O futebol jogado e que devolveu a esperança junto com os bons resultados – quatro vitórias nas sete primeiras partidas – deu lugar à desconfiança após um único ponto conquistado nos últimos seis em disputa. A sete pontos do G4, a equipe precisará retomar as ideias táticas iniciais do seu técnico, ainda mais com o retorno de Nenê, que cumpriu suspensão na rodada passada.
No primeiro mês de trabalho, Diniz alterou a forma de atuação, com a montagem de um time mais agrupado, coeso e que valoriza a bola sem o desespero em criar chances e finalizações. Exatamente a mesma proposta adotada em outros clubes, com o ataque mais cadenciado como exige a competição. A mudança coletiva foi acompanhada pelo crescimento individual, com o protagonismo de Nenê, a artilharia de Cano e a nova função de Marquinhos Gabriel.
O 4-2-3-1 da estreia de Diniz contra o CRB, com um só volante de origem, foi mantido até o jogo do Náutico. Contra o CSA, Andrey e Bruno Gomes, juntos, não funcionaram, já que nenhum deles se aproximou de Marquinhos, o articulador na ausência de Nenê. Foi atuando como segundo volante nas partidas anteriores que o meia se redescobriu, percorrendo quase que de área a área na construção, e formando a segunda linha de quatro quando perdia a bola.
Na frente, Diniz deve apostar novamente em recuar Cano quando o Vasco estiver sem a bola. O objetivo seria o de marcar o segundo volante, que costuma avançar mais, para que Nenê não tenha a obrigação de percorrer distâncias grandes e recuar excessivamente. Com isso, a dupla forma a terceira linha de marcação.
Com a posse de bola, a ideia de Diniz é dominar territorialmente o adversário. A possibilidade de Bruno Gomes voltar à condição de primeiro volante para descer à linha de zaga e ampliar as opções de saída são grandes. Assim, os laterais ficariam mais fixos para facilitar o trabalho de bola. Neste contexto, Marquinhos Gabriel retomaria a missão de receber o passe curto destes homens e ditar o ritmo do jogo, colocando os homens de ataque para correr.
O treinador utilizou esta mesma filosofia de recuar meias para construir jogadas no São Paulo, com Tchê Tchê e Daniel Alves, e no Santos, com Jean Mota. Na tentativa de romper os espaços, visto que os rivais automaticamente se recolhem, a aposta nas triangulações pelos lados do campo serve para abrir brechas.
E o Vasco de Diniz é, essencialmente, um time de lado. Marquinhos Gabriel opta em cair geralmente por um dos lados – um pouco mais pela direita -, enquanto Nenê intercala com os laterais. Assim, a superioridade numérica tende a dar resultado, por conta da proximidade dos jogadores e a formação de linha de passes para toques curtos até encontrar um homem de cara para o gol, seja Cano, ou Nenê e o próprio Marquinhos, como elemento surpresa.
Com a aproximação de três, às vezes quatro homens a quem está com a bola, a prioridade é o toque curto com o objetivo de alcançar os lados da área e fazer o cruzamento rasteiro. Quem participou inicialmente da jogada busca em seguida um posicionamento de frente para o gol em busca do arremate.
Com seis jogos faltando para o fim da Série B, o Cruz-Maltino ainda tem o desafio de aperfeiçoar a transição da defesa para proporcionar que os homens de frente tenham condições de fazer valer a estratégia de aproximação e jogadas pelos lados, evitando roubadas de bola que possam colocar tudo a perder. Além de amadurecidas, as ideias de Fernando Diniz precisarão mais do que nunca estar alinhadas para que os frutos sejam colhidos nesta reta final de competição.
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