A Portuguesa da Ilha do Governador está na terceira fase da Copa do Brasil. Uma incrível façanha para o time rubro-verde, que já alcançou sua melhor colocação em uma competição de nível nacional. Com a classificação, vem à tona a inevitável história sobre a origem da zebra no futebol brasileiro. E o Jogada10 revela, de fato, como nasceu a famosa expressão para designar um resultado surpreendente.

Portuguesa-RJ vence Sampaio Corrêa e está na terceira fase da Copa do Brasil

As lendas são transmitidas de maneira oral, de geração em geração, característica desenvolvida pelas sociedades para garantir de tal modo a sobrevivência de seu caráter cultural. E com o futebol não é diferente. Diz uma delas que a expressão “vai dar zebra” surgiu na véspera de um jogo Portuguesa x Vasco. Bem, até as lendas carregam dentro de si outras lendas.

Em parte, a história é verdadeira.

Em parte.

O ano era o de 1964 e Gentil Cardoso, um conhecido frasista, estava no comando da Portuguesa. Na estreia no Campeonato Carioca, no dia 5 de julho, em pleno Maracanã, o time ficou no 0 a 0 com o Bangu, um dos favoritos ao título. Encantado com a maneira de jogar da Portuguesa e irritado com o desempenho de seu time, o presidente Castor de Andrade tentou convencer Gentil a trocar a Ilha por Moça Bonita. O treinador agradeceu e negou. Para o espanto geral.

No comando da Lusa, Gentil Cardoso foi o homem que ‘inventou’ a zebra no futebol brasileiro – Arquivo

“Nós não somos favoritos porque a imprensa arranjou os donos das vagas (…) mas continuamos aqui, trabalhando escondidinhos e pode ser que dê zebra”, justificou Gentil Cardoso em entrevista ao extinto ‘Jornal dos Sports’, na edição do dia 9 de julho.

Resposta provocativa após convite de chefão do Jogo do Bicho

Mas por qual motivo Gentil usou o simpático animal listrado, que vive nas savanas africanas, em seu comentário? A resposta é simples: Castor de Andrade, àquela época, já era uma notória figura do Jogo do Bicho na cidade do Rio de Janeiro e o treinador recorreu a um animal que não faz parte da lista do jogo para ilustrar seu pensamento. Ou seja: a sua Portuguesa não estava no rol dos previsíveis vencedores.

E a zebra de Gentil soou como uma vidência, um vaticínio que em breve se concretizaria. A profecia, de fato, se cumpriu alguns dias depois, em 23 de julho, na vitória de 2 a 1 sobre o Vasco, no Estádio das Laranjeiras.

Edição do dia 24 de julho de 1964: o primeiro galope da zebra na história do futebol – Reprodução/Jornal dos Sports

“Eu não disse que ia dar zebra, que ainda vai dar muita zebra neste campeonato? Pois é, acharam graça, zombaram. Agora, aguentem!”, disse Gentil no vestiário da Portuguesa logo após o galope de sua zebra.

Naquele Carioca de 1964, a Portuguesa não voltaria a atacar ferozmente. Conseguiria depois um empate com o Fluminense e outro com o Botafogo. Terminou em oitavo na classificação geral.

Mas a lenda estava construída, e Gentil ainda viveu por mais seis anos para ver em vida a sua expressão ser usada e abusada.

O futebol agradece a Gentil.

E também à Portuguesa.

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