Felipe David Rocha

Comprometimento em tempos de desapego

Abel Ferreira correu mais riscos do que deveria na vitória do Palmeiras no Choque-Rei. Mesmo assim, o português impôs a Rogério Ceni sua primeira derrota em cinco clássicos disputados desde seu retorno ao São Paulo. Mas não foi apenas isso.

Abel Ferreira observa a equipe alviverde durante o Choque-Rei, no Morumbi – Cesar Greco / Palmeiras

O triunfo por 1 a 0 (gol de Rony) veio ao melhor estilo do comandante: setor defensivo bem postado, marcação forte e contra-ataques certeiros. O confronto revelou também um profundo respeito do treinador ao clube em que trabalha.

Mesmo disparado com a melhor campanha e ainda invicto no Estadual, Abel escalou seus principais atletas – em credibilidade às análises da comissão técnica e de seu Núcleo de Saúde e Performance (NSF) -, e ajudou a quebrar incômodo jejum no Morumbi, onde o Verdão não superava o São Paulo pelo Paulistão desde 1997 e onde venceu apenas pela segunda vez nas últimas duas décadas.

O comandante palestrino optou por não repetir 2021, quando fez da competição regional um “laboratório” e testou jogadores da base e reservas com menos espaço, sem se comprometer com o título – ainda assim foi finalista. Dessa vez a postura foi diferenciada.

Paralelo a isso, Ferreira segue recebendo contatos de clubes europeus, principalmente de Portugal. E mesmo assim não abre mão do Palmeiras. Sua história no Alviverde já supera a de Jorge Jesus no Flamengo. O comandante palestrino caminha a passos largos para ser comparado com o patamar atingido por Telê Santana no São Paulo e Lula no Santos de Pelé. Pelos títulos alcançados, com a cabeça fria e o coração quente, o gajo demonstra que deve honrar seu contrato e sua palavra com o clube.

Não bastasse, ainda fala abertamente sobre problemas da cultura do nosso futebol e do jogador em geral, revelando, assim, maior preocupação do que a maioria esmagadora dos treinadores daqui. Poderia adotar um tom conformista, mas prefere abordar questões em que o Brasil engatinha se comparado ao futebol europeu. Foi até chamado de “colonizador”.

Por mais que ainda exagere em sua conduta à beira dos gramados, extravasando além do aceitável com a arbitragem, Abel Ferreira é um exemplo de comprometimento em tempos de desapego. Ao Palmeiras e ao Brasil. É a definição do “copo cheio” quando estão em jogo condições de melhorias para o nosso futebol.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10.

Siga o Jogada10 nas redes sociais: TwitterInstagram e Facebook.

Felipe David

Posts Recentes

Brasileirão Feminino: Grêmio vence Cruzeiro em campo encharcado e cola no G8

Sob uma forte chuva que encharcou o gramado do Sesc Campestre, em Porto Alegre, o…

17 de junho de 2024

Álvaro Pacheco vê Galdames ‘fantástico’ e diz que Vasco merecia vencer

O técnico Álvaro Pacheco continua sem vencer após o seu terceiro jogo no comando do…

17 de junho de 2024

Com gols no primeiro tempo, Goiás e Coritiba empatam na Serrinha pela Série B

Goiás e Coritiba empataram por 1 a 1 na noite deste domingo (16), na Serrinha,…

16 de junho de 2024

Chapecoense x Operário: onde assistir, escalações e arbitragem

Em partida que abre a 11ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, a Chapecoense…

16 de junho de 2024

Renato Gaúcho pede paciência no Grêmio: ‘Vamos sofrer bastante’

O técnico Renato Gaúcho analisou a derrota do Grêmio para o Botafogo, em jogo válido…

16 de junho de 2024

Eriksen, da Dinamarca, celebra volta por cima: ‘A história é outra’

Christian Eriksen conseguiu uma reviravolta digna de roteiro de filme vencedor de Óscar. Há três…

16 de junho de 2024

Este site usa Cookies para melhorar a experiência do Usuário!