A cada três anos, sempre que se aproximava a eleição para a presidência do Vasco lá estava Jorge Salgado. Visto como o “candidato imaginário” por uma grande quantidade de sócios e cotado por grupos políticos de oposição, ele sempre fez questão de analisar o cenário e estudar as possibilidades de modo criterioso. No pleito de 2020, mais uma vez seu nome estava cogitado. E ele estava pronto.
Com uma carreira muito bem sucedida no mercado financeiro, o empresário de 73 anos colocará sua experiência a serviço do clube de São Januário, que teve, finalmente, um presidente legitimado pela Justiça. A diretoria de Salgado será composta por Vitor Roma (Marketing), José Mendonça (Patrimônio), Adriano Mendes (Finanças), Horácio Junior (Social), Danillo Bento (Comunicação), José Bulhões (Jurídico); Rafael Cobo (Médico), Marcel Kaskus (Paralímpico) e Maurício Correia (Relações Públicas).
Em seus primeiros passos à frente do Cruz-Maltino, Jorge Salgado terá muito trabalho pela frente. O principal deles será estancar a sangria em dois polos críticos do clube: as finanças e o futebol.
Para isso, será necessário enxugar a folha salarial, que custa mensalmente em torno de R$ 6 milhões, assim como estabelecer um plano de combate para a redução da dívida trabalhista do clube. Desde a campanha, o representante da Mais Vasco e seu grupo, prevendo a necessidade de ter um aporte financeiro entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões, já buscavam arrecadar fundos iniciais de R$ 70 milhões em reuniões com investidores. Segundo apuração do Jogada10, os valores obtidos até o momento chegam a R$ 40 milhões em um sistema de captação.
Um fator que prejudica a arrecadação de recursos é a ameaça de rebaixamento e a indefinição sobre o futuro do Vasco na Série A no ano que vem. Ainda estão previstas algumas reuniões com grandes instituições bancárias para a captação de mais R$ 100 milhões a fim de sanar as dívidas do clube, entre eles o Banco BTG Pactual, que já demonstrou interesse em uma parceria no projeto de modernização do complexo de São Januário.
Salgado buscará manter Benítez
O novo presidente eleito já começou a retomar contatos iniciados durante a campanha. Um deles com Rodrigo Caetano, ex-diretor de futebol do Vasco e que está se despedindo do Internacional, apesar das conversas com o São Paulo, na gestão de Julio Casares. Contudo, o novo presidente vascaíno não deve tomar nenhuma decisão antes de acertar a transição com Campello. Além disso, a prioridade é unir todas as forças para ajudar o time na luta contra o rebaixamento.
Salgado vai procurar o Independiente, da Argentina, para viabilizar a prorrogação de empréstimo de Benítez. O empresário de 73 anos se reunirá com Alexandre Campello, que está em seus últimos dias de mandato, para tomar conhecimento do passo a passo da negociação com o clube portenho. A expectativa é a de que o empréstimo, que vai até 31 de dezembro, seja prorrogado, ao menos, até o desfecho do Brasileiro, em fevereiro, por meio de uma compensação financeira. Caso o imbróglio não seja resolvido, o time ficará sem um de seus principais jogadores nas 11 últimas rodadas do campeonato. Desde o início da negociação, os “Rojos” se recusaram a estender o vínculo até fevereiro.
O Vasco tinha a prioridade, estabelecida em contrato, até o último dia 15 para comprar Benítez. O Independiente chegou a prorrogar até esta quinta, após pedido de Campello na semana passada. Porém, as negociações seguem travadas desde que o atual presidente retirou sua candidatura à reeleição. De acordo com o contrato, 60% dos direitos econômicos do meia argentino podem ser comprados por 4 milhões de dólares (R$ 20,5 milhões).
Jorge Salgado concederá entrevista coletiva na próxima segunda-feira. Apesar de horário e formato ainda não terem sido acertados, a expectativa é a de que ela seja realizada de forma híbrida (tanto de modo presencial como on-line), a exemplo do pleito de 14 de novembro, vencido pelo representante da Mais Vasco.
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