São Paulo

Fã de Dida e elogiado por Muricy: conheça o goleiro que se destaca na base do São Paulo

De Waldir Peres a Zetti ou de Poy a Rogério Ceni, o São Paulo sempre teve, em sua história, a tradição de contar com grandes goleiros em suas equipes multicampeãs. Atualmente, o clube vem mostrando que o legado pode continuar em suas categorias de base. Lucas Perri, Júnior e Thiago Couto são os reservas do titular Tiago Volpi no Tricolor Paulista e todos passaram pelos juniores da instituição.

A herança não para por aí. No São Paulo desde os 14 anos, Leandro Mathias saiu do modesto Amparo Futebol Clube para ser contratado por uma instituição com um dos melhores centros de treinamentos de juniores do Brasil. Após grande atuação contra o próprio São Paulo, o clube do Morumbi se interessou pelo garoto e o contratou, sem fazer testes e acreditando em seu potencial. Hoje, Leandro é o goleiro titular do Tricolor Paulista sub-17 e já foi convocado para a Seleção Brasileira da sua categoria. Em entrevista exclusiva para o Jogada 10, o arqueiro contou sobre sua trajetória até as glórias no clube, suas inspirações e o sonho de ser multicampeão pelo Soberano.

Leandro Mathias pelo São Paulo – Reprodução @leandromathias_04

A estrutura de Cotia realmente é diferente

O centro de treinamento de Cotia ficou conhecido por ser um local especial na preparação de um atleta, com uma estrutura esportiva, educacional e administrativa, com modernas instalações. Leandro não escondeu a importância que o CFA teve em sua preparação profissional e ressaltou o cuidado que o clube tem com os jogadores, ainda mais neste período de pandemia.

“A estrutura de Cotia é muito diferente, diferente mesmo. O São Paulo oferece todo o apoio para nós e ajuda demais na formação de um atleta de alto nível, ajuda para tudo, tanto dentro quanto fora de campo. Eles dão escola, professores para ajudar no reforço das aulas, caso você precise, nutricionista. Sem a estrutura de Cotia, talvez não formasse tantos atletas como hoje, mas a camisa do São Paulo é muito pesada, quando entra em campo é diferente. Muitos adversários, quando jogam contra nós, podem estar em último, mas eles entregam tudo em campo, pelo simples fato de querer vencer o São Paulo, e a gente tem que estar preparado. Então, a estrutura de Cotia ajuda demais, e acredito que, por isso, é uma base vitoriosa”, disse Leandro, que completou:

“O São Paulo está seguindo um protocolo muito rígido, ninguém sai, nem para ver a família, está sendo algo totalmente focado no futebol, tanto que a gente está aqui em Cotia trancado, literalmente. Ninguém sai, só a comissão, e até agora nenhum caso de Covid, o último foi o Luizão quando subiu no profissional para jogar contra o Novorizontino. Mas aqui está super seguro, o sub-20 e o feminino também treinam por aqui e seguindo o mesmo protocolo rígido. O local parece ter sido construído pra isso”.

Um 2020 vitorioso e fundamental na carreira

A temporada de 2020 foi muito especial não só para o sub-17 do São Paulo, mas também para Leandro, que conseguiu se firmar como o goleiro titular da equipe nas grandes decisões. O Tricolor foi campeão da Copa do Brasil e da Supercopa do Brasil da categoria. As duas finais foram contra o Fluminense e acabaram criando uma certa rivalidade. Houve provocações nas redes sociais, mas o goleiro acredita que isso faz parte do futebol. Ele revelou que o título foi até mais comemorado que o outro.

“Rolou uma provocaçãozinha nas redes sociais, mas é coisa de futebol, faz parte. Mas criou, sim, uma grande rivalidade. A gente enfrentou eles várias vezes, a primeira vez foi no Campeonato Brasileiro, foram quatro jogos durante a competição toda. Na Copa do Brasil, a gente voltou a enfrentar eles, mais dois jogos na final, depois de passar pelo Palmeiras e, se a gente vencesse a Copa do Brasil, a gente enfrentaria eles novamente na Supercopa, então, criou esse vínculo, essa rivalidade. Graças a Deus, conseguimos sair campeões”, disse o goleiro, que continuou.

“E, se teve um título que a gente comemorou mais, com certeza, foi o da Copa do Brasil, pela forma que foi e porque a gente precisava desencantar. Somos uma geração em que o São Paulo aposta muito, e um dia antes, a gente falou que lutaríamos até o fim, até os últimos dez segundos. Foi, literalmente, nos últimos 10 segundos que nós vencemos o jogo. Nós comemoramos o título da Supercopa, mas não foi com a mesma intensidade”.

Entretanto, as decisões da Copa do Brasil e da Supercopa não foram as mais importantes na temporada de Leandro, mas sim uma partida da Paulista Cup, contra o Red Bull Brasil, na qual o goleiro realizou um feito impressionante.

“Houve várias partidas especiais, ainda mais nas últimas duas conquistas, mas a mais especial foi contra o Red Bull Brasil, na Paulista Cup, porque foi quando eu me firmei. Não tinha jogado, era dúvida ainda, tem essa pressão de jogar pelo São Paulo, e eu vim contratado, então, as pessoas ficam pensando se valia a pena ou não. Acabei fazendo uma grande partida, catei cinco pênaltis e me firmei. Teve uma contra o Corinthians também, porque foi quando eu me firmei forte como titular e peguei confiança”.

Leandro erguendo a taça da Copa do Brasil sub-17 – Reprodução @leandromathias_04

Elogios de Muricy e conversas com Volpi

Mesmo no início da carreira, Leandro ganhou elogios e um fã muito respeitado dentro do São Paulo. Em entrevista recente, o hoje coordenador de futebol Muricy Ramalho falou sobre “um goleiraço que está jogando no sub-17”.

“Eu estava dormindo essa hora. Acordei no outro dia com muitas marcações no Twitter e depois eu vi o que ele falou. Eu fiquei muito surpreso, não sabia a proporção que tinha tomado ao fazer dois campeonatos muito bons como eu fiz. Fiquei muito feliz pelo que ele falou, e isso só me fortalece, me dá mais incentivo para que eu possa me tornar aquilo que eu quero, ser um goleiro de alto nível, jogar pelo São Paulo, no profissional, isso só mostra que eu estou no caminho certo”.

Leandro ainda contou sobre uma conversa com o goleiro Tiago Volpi, hoje titular da equipe profissional do São Paulo. O papo aconteceu quando a equipe foi para Cotia durante a pausa das competições na Copa América de 2019. O jovem camisa 1 destacou a importância e a experiência que Volpi pode transmitir.

“Já conversei com ele, não sei nem se ele lembra. Durante a Copa América, o São Paulo veio para Cotia, e eles ficaram aqui no hotel. Perguntei para o Volpi se eu poderia subir até o quarto dele para conversar, e ele deixou e me ajudou bastante, contou a experiência dele, das categorias de base dele. Então, ele tem uma importância muito grande pra mim, me ajudou muito nessas conversas. Porém, eu não tenho muito contato com ele”.

Leandro Mathias pelo São Paulo – Reprodução leandromathias_04

Ídolos com a mesma característica

Normalmente, um jogador tem, como referência, um atleta que possui as mesmas características dentro de campo. Com Leandro não foi muito diferente. O goleiro tem como inspiração, simplesmente, Dida por conta de sua calma e frieza durante as decisões, principalmente, nos pênaltis. Além, é claro, do ídolo do São Paulo, Rogério Ceni.

“Sempre gostei do Dida, porque acredito que meu jeito é muito semelhante ao dele,  muito calmo. Ele não expressava nada, eu ainda expresso, mas acredito que somos muito semelhantes quanto a isso, ele é muito calmo, ainda em decisões de pênalti, e eu me espelho bastante nisso. E também no Rogério Ceni, por toda a história dele no clube, que é muito grande, ainda mais para um goleiro. Então são esses dois: Dida e Rogério”, justificou para, em seguida, emendar.

“Desde pequeno eu sempre fui muito calmo, fora do campo também sou calmo e isso vem me ajudando muito, principalmente, nas horas decisivas, como nas decisões de pênaltis e nos momentos finais dos jogos, como na semifinal da Copa do Brasil contra o Palmeiras.  Estava 2 a 0 para eles e não podíamos tomar mais um gol, senão nem para os pênaltis nós iríamos, então essa calma me ajuda muito”.

Leandro Mathias em treino pelo São Paulo – Reprodução @leandromathias_04

Europa? Foco total no São Paulo

Leandro mantém os pés no chão. Sabe que a caminhada é longa, mas almeja grandes conquistas na carreira. Hoje, o goleiro pensa em continuar ganhando títulos na base, fazer todo o processo, amadurecer e depois criar sua história nos profissionais do São Paulo. A Europa é um sonho mais distante, mas o goleiro acredita na possibilidade por ser a maior vitrine do futebol atualmente.

“Hoje, meu objetivo é ganhar o Campeonato Brasileiro Sub-17. Ganhamos a Copa do Brasil e a Supercopa, então minha meta é continuar ganhando as competições. Depois, no sub-20, ganhar a Copinha. Profissionalmente, eu tenho muitos sonhos: jogar uma Copa do Mundo, uma Copa América, ganhar uma Libertadores com o São Paulo, que pro clube é obsessão e ganhar uma Copa do Brasil com o São Paulo no profissional”.

“Eu tenho o sonho de jogar na Europa, acredito que é o de todo atleta hoje em dia, mas estou muito focado no São Paulo. Jogar na Europa vai demorar um certo tempo porque goleiro demora mais para se adaptar, se firmar, mas tenho o sonho de jogar na Europa, hoje é a vitrine do futebol, mas não tenho um time específico lá fora não”.

 

Felipe Camin

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