A Conmebol recebeu o aval dos agentes de segurança do Uruguai para retirar a semifinal da Libertadores do longínquo Campeón Del Siglo e colocá-la no Estádio Centenário, em uma zona central de Montevidéu. A torcida do Peñarol vai pintar a mística fortaleza oriental com as cores do clube: o amarelo e o negro. No entanto, o Botafogo não estará sozinho. Além dos escolhidos, que não desistiram da partida, mesmo com ameaças dos aurinegros, o Glorioso ganhou um “reforço” de peso nas cercanias do palco da Copa do Mundo de 1930. A dois quilômetros do local do embate, La Blanqueada espera a classificação do Mais Tradicional para a final, nesta quarta-feira (30), a partir de 21h30. O motivo? A histórica rivalidade local.
O vermelho, azul e branco identificam o território do Nacional, o inimigo número 1 do Peñarol. O bairro, fronteiriço ao Centenário, conta com grafites, mensagens de exaltação ao Bolso, rostos de ídolos pintados nas paredes e bandeiras tricolores nas sacadas das casas. Tudo ao redor do Grand Parque Central, a casa do Decano e onde o time local venceu o Plaza Colonia por 4 a 0, pelas quartas de final da Copa Uruguai, na última terça-feira (29).
Zona residencial, pela localização, La Blanqueda é um dos bairros mais desenvolvidos em Montevidéu e com apartamentos valorizados. É uma opção também para quem quer pagar menos do que em regiões mais nobres, como Carrasco, Punta Carretas e Pocitos.
Botafogo é assunto em La Blanqueada
No Uruguai, o Peñarol conseguiu emplacar a seguinte narrativa: os hinchas que depredaram quiosques e causaram distúrbios aos trabalhadores são inocentes e estavam apenas se defendendo de uma emboscada dos brasileiros, na semana passada, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A diretoria ainda culpou o Botafogo. No entanto, La Blanqueda não compra este discurso e avisa que não há a menor chance de ficar ao lado do Carbonero. Para ratificar esta hipótese, a equipe de reportagem do Jogada10, ouviu, então, torcedores do Nacional.
Se há qualquer esboço de dúvida por um sentimento nacionalista, ela se dissipa rápido. Qual lado tomariam?
“Sou uruguaio e amo o meu país, mas… Que passe o Botafogo. Arriba, Botafogo! É uma vantagem muito significativa. E o time é muito bom”, disse Claudio Castaño, que chegou ao Parque Central acompanhado da família.
Recebido com extrema hospitalidade, o J10 percebeu rápido que não haveria opinião diferente.
“Não há a menor chance de torcer para eles. Hoje (terça) é Nacional. Amanhã (nesta quarta), Botafogo. Peñarol sempre se comporta mal quando sai de visitante”, afirmou um seguidor do Decano, que preferiu não se identificar.
Botafoguenses fazem tour no Parque Central
Inseguros para vestir a camisa do Botafogo por falta de segurança e recentes animosidades com o Peñarol, torcedores do Botafogo retribuíam o apoio do Nacional e foram prestigiar o clube na goleada sobre o Plaza Colonia, time da Segunda Divisão do Campeonato Uruguaio. Alguns, aliás, com a camisa oficial do Bolso. Conscientes dos perigos, os alvinegros sabem muito bem o que lhes aguardam no Centenário.
“Os torcedores do Peñarol, com os quais conversei, nos prometeram clima de guerra. Com os do Nacional, a resenha foi super tranquila. Estivemos no Mercado do Porto mais cedo. Sobre a mudança do lugar do jogo, o Centenário é mais perto e seguro. Mas lá não está em condições de ter jogo. Nem as traves eles colocaram ainda. E, para finalizar, o Artur Jorge tem que poupar os 11 titulares para pensar no clássico contra o Vasco”, opinou João Volk.
Assim como João, outros alvinegros registraram a ida ao Centenário nas redes sociais.
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