O futebol carioca terá dois representantes inéditos em competições nacionais em 2022. Pérolas Negras e Maricá decidem o título da Copa Rio para definir o classificado para a Série D do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. O vencedor do torneio escolhe a competição que deseja disputar, enquanto o vice-campeão fica com a outra opção. O jogo de ida da final acontece nesta quarta-feira, às 15h, no Estádio do Trabalhador, em Resende. Já a partida de volta será no dia 10 de novembro, no mesmo horário, no Alzirão, em Itaboraí.

No caminho até a final da Copa Rio, Pérolas Negras e Maricá eliminaram equipes tradicionais do certame carioca. Atualmente na terceira divisão do Campeonato Carioca, o Pérolas Negras eliminou Bangu, Resende e Americano. Já o Maricá, que disputa a segunda divisão do futebol do Rio de Janeiro, superou Cabofriense, Sampaio Corrêa e Madureira. O Jogada10 conversou com os presidentes dos finalistas e conta mais um pouco da história dos novatos que estrearão em competições nacionais em 2022.

Pérolas Negras conquistou a Taça Maracanã, o primeiro turno da terceira divisão do Carioca – Divulgação / Pérolas Negras

Do Haiti ao Brasil: Pérolas Negras une educação e esporte

A Academia Pérolas Negras foi fundada em 2010, no Haiti, após o terremoto que devastou o país. O clube possui relações com agências da ONU no trabalho com refugiados, de assistência humanitária e de redução da violência nas comunidades. O projeto desembarcou no Brasil em 2014 e 2015 para disputar competições amadoras, e chegou receber convite para disputar a Copa São Paulo de Futebol Junior em 2016. Desde então, se firmou no Rio de Janeiro e rapidamente começou a colher frutos.

“Desenvolvemos uma rede de parceiras com clubes de favelas e reconhecemos como formadores. Nós temos a missão de fazer a ponte entre futebol de favela e profissional. Considerando a desigualdade no Brasil, é quase impossível um clube de favela entrar no futebol profissional. Além disso, temos objetivo de unir educação e futebol no trabalho de base. É uma vergonha que no Brasil não conseguimos unir os dois. É uma falha. Juntar educação e esporte é um objetivo grande”, disse Rubem César, fundador do Pérolas Negras no Brasil.

Em cinco anos de projeto, o Pérolas Negras já conquistou seis títulos no futebol carioca, incluindo a quarta e terceira divisão do Campeonato Carioca. Entretanto, uma mudança no regulamento em 2020, manteve a equipe na terceirona neste ano. Mesmo assim, o clube conquistou a Taça Maracanã, o primeiro turno do campeonato, e luta para defender o título da Taça Waldir Amaral, o returno, que conquistaram também no ano passado. Ao J10, Rubem analisou o trabalho e explicou o motivo do sucesso.

“Temos condições de trabalho privilegiadas (na base e profissional). Os jogadores moram no CT, em Resende. Eles treinam todos os dias e têm condições de trabalho. Também temos uma continuidade de gestão desde o início, que foi bem importante”, destacou.

Embora o projeto seja novo no futebol brasileiro, o Pérolas Negras já olha para o futuro com grandes sonhos e objetivos. Ao J10, Rubem César revelou que existe um planejamento para a organização se tornar um clube-empresa e potencializar ainda mais o projeto.

“Estamos buscando com os Pérolas um caminho de profissionalização maior. Nós estamos avaliando para se tornar um clube-empresa. Juntamente com a rede de favelas, teríamos o lado social de formação (de atletas) nas favelas, e do outro lado o profissional, com maior competência de gestão da nossa organização”, finalizou.

Pérolas Negras busca o acesso à segunda divisão do Carioca – Marcos Farias / FERJ

Maricá vive ascensão e sonha com acesso à elite do Carioca 

Fundado em 2017, o Maricá tem se consolidado no futebol carioca. O clube surgiu através de uma parceria com o Clube de Futebol do Rio de Janeiro, mas rapidamente se tornou independente e mostrou que tinha potencial para acreditar em uma vaga na elite do Carioca. Logo no primeiro ano de atividades, o time chegou à semifinal do segundo turno da Série B2, onde foi vice-campeão diante do Angra dos Reis, e terminou em 5º lugar na classificação geral. No ano seguinte, bateu novamente na porta do acesso, mas caiu na semifinal para o Campos.

“Sem dúvidas disputar a primeira divisão é o maior sonho de todos os clubes e não seria diferente no Maricá. A disputa é difícil, têm times de muita tradição. Manteremos a tradição e as características de nosso plantel para representar nossa cidade”, disse Dr. André Luiz Oliveira, presidente do Maricá, ao J10.

Em 2019, o técnico Marcus Alexandre chegou ao clube e foi determinante para o sucesso nos anos seguintes. No primeiro ano sob o comando do treinador, o time chegou à final da Série B2 e garantiu o acesso à Série B1 – que se tornou a Série A2 após uma mudança no regulamento da FERJ. No ano passado, o projeto foi coroado com o seu primeiro título: a Taça Corcovado, o returno da segunda divisão, após vitória sobre o Nova Iguaçu, nos pênaltis.

“O Maricá vem de uma sequência de êxito. O time vem se solidificando no futebol carioca. Chegamos num nível onde existe uma cobrança para disputar finais. Estamos nos consolidando como uma equipe que vem sempre em busca das primeiras posições”, declarou o técnico Marcus Alexandre.

Logo no primeiro ano na segunda divisão, o Maricá ficou a poucos minutos de garantir uma vaga na seletiva para disputar uma vaga na elite do Campeonato Carioca. A equipe tinha a classificação nas mãos até os acréscimos do segundo tempo, mas a deixou escapar para o Sampaio Corrêa no último lance. Apesar do trauma, o saldo era positivo e não abalou. Em 2021, o clube ficou em segundo lugar na Série A2 e, embora não tenha ido à seletiva (vaga que ficou com o Audax Rio), garantiu um lugar em competição nacional em 2022 através da Copa Rio.

Na final contra o Pérolas Negras, Marcus Alexandre terá uma nova oportunidade de conquistar um troféu que ficou bem próximo em 2019. Na época, o Maricá chegou à semifinal e ficou a um jogo de garantir a vaga na decisão, mas foi superado pelo Bonsucesso – que foi campeão da competição. Ao J10, o treinador fez uma análise do que espera na decisão contra o Pérolas Negras.

“O Pérolas Negras também tem conquistado (títulos) e tem um trabalho sólido. Eles conquistaram o acesso no ano passado e grandes vitórias este ano, principalmente na Copa Rio, com vitórias sobre adversários tradicionais. São duas equipes preparadas e esperamos um bom jogo”, avaliou o treinador.

Maricá, que já conquistou a Taça Corcovado em 2020, eliminou o Madureira na Copa Rio em 2021 – Jhonatan Jeferson / Maricá FC

Siga o Jogada10 nas redes sociais: TwitterInstagram e Facebook.

Comentários