Ao longo de sua história, o Vasco sempre esteve à frente de lutas sociais, dentre elas contra o racismo. Nesse sentido, o clube celebrou no último domingo (7) o centenário da Resposta Histórica. Em ação feita pela parte associativa, o Cristo Redentor refletiu a camisa do Cruz-Maltino das 19h30 até as 20h30. A arte da camisa foi feita por Vinicius Guimarães, enquanto o selo por Erik Santos e Rafael Silva.
“A Resposta Histórica nasceu nos campos de futebol, no Vasco, mas ela ultrapassou os limites da comunidade vascaína. Mais do que um manifesto, a Resposta Histórica enfrentou o debate sobre a importância de lutar e se posicionar contra o racismo”, afirma Pedrinho, presidente do Club de Regatas Vasco da Gama.
“O centenário da Resposta Histórica propõe uma reflexão: apesar dos avanços da sociedade brasileira desde 1924, ainda estamos longe de extinguir, definitivamente, todas formas de preconceito, sejam elas raciais, socioeconômicas e culturais. Espero que nos próximos 100 anos, a Resposta Histórica seja a lembrança de um tempo que não existe mais”, completou.
Momento marcante na história
O mandatário afirmou que a Resposta Histórica deve ser celebrada e sempre exaltada por torcedores cruz-maltinos e pela população. Além disso, afirmou que ela é o maior título da história do Vasco.
“Nasci e joguei no Vasco. Ganhei títulos, e agora, tenho a honra e responsabilidade de ser presidente. Vivi e vivo intensamente a história do clube. Porém, a maior conquista aconteceu fora de campo, em 1924, a Resposta Histórica”, afirmou:
“E somente o Cristo Redentor pela imponência de ser um patrimônio da humanidade [pela Unesco] poderia mostrar a real importância do centenário desse marco, por tudo que ele representa para a cidade, para o Brasil e para o mundo. Não posso deixar de agradecer a todos que viabilizaram a ideia que tivemos e que compreenderam a importância da mensagem”, concluiu Pedrinho.
Entenda a Resposta Histórica
No dia 7 de abril de 1924, o Vasco marcou um dos seus gols mais emblemáticos fora de campo, contra o racismo e o preconceito social. Na ocasião, o clube carioca se recusou a excluir 12 jogadores do time para se filiar à Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).
A criação da nova entidade teve como motivação o próprio clube que, em 1923, conquistou o seu primeiro título estadual. Algo que aconteceu justamente no ano de estreia na principal divisão do futebol carioca. O Cruz-Maltino contava em seu elenco com jogadores negros, operários e analfabetos, diferentemente dos clubes fundadores da AMEA: América, Bangu, Botafogo, Flamengo e Fluminense.
Diante disso, a entidade convidou o Vasco a se filiar, mas para isso teria que excluir 12 jogadores, sendo que sete eram do time titular: Arthur, Bolão, Cecy, Leitão, Negrito, Nicolino e Russinho, que defenderia o Brasil na Copa de Mundo de 1930. O argumento era que os atletas “estariam em desacordo com os padrões morais necessários para a prática do futebol”.
A resposta veio em forma de um ofício assinado pelo presidente José Augusto Prestes. Então, o clube permaneceu na Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) e foi campeão carioca de 1924. No ano seguinte, o Cruz-Maltino recebeu um novo convite para se filiar à AMEA, sem ter que excluir jogadores. Por fim, se consolidou no universo do futebol brasileiro.
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