O que era namoro, virou noivado, mas o casamento à vista pode melar. Um dia depois de declarar publicamente que só permaneceria no Cruzeiro caso o clube aceitasse mudanças contratuais para a assinatura da SAF, Ronaldo foi posto contra a parede pelo Conselho Deliberativo do clube. Em uma nota oficial, os conselheiros quebraram o pacto de confidencialidade e expuseram detalhes do pré-acordo, assinado em dezembro.

Casamento entre Ronaldo e o Cruzeiro pode melar – Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Na carta aberta, os conselheiros não se opõem à SAF, mas fazem ressalvas quanto ao modelo de contrato, que beneficiaria, segundo eles, apenas o ex-jogador.

“Não nos opomos a essa condição. Entretanto, entendemos que a negociação capitaneada pela XP e com a anuência do Presidente Sérgio Santos Rodrigues é, de um lado, extremamente lesiva e desproporcional ao Cruzeiro, e, de outro, excessivamente benéfica ao Ronaldo, motivo pelo qual buscamos um reequilíbrio de todas as questões envolvidas no negócio”, informa um trecho da carta.

Em dezembro passado, o banco de investimentos XP intermediou a negociação entre Ronaldo e o Cruzeiro. O contrato divulgado à época previa a compra de 90% das ações SAF  e um investimento de R$ 400 milhões durante cinco anos. O presidente Sérgio Santos Rodrigues garantiu que as dívidas (cerca de R$ 1 bilhão) seriam herdadas pela nova administração.

Aporte imediato de apenas R$ 50 milhões

Mas o documento publicado nesta quarta pelo Conselho Deliberativo revela que os valores e as condições não são essas. O aporte da SAF seria de R$ 50 milhões na assinatura do contrato e que os outros R$ 350 milhões viriam por meio de receitas incrementais (“a receita média anual, apurada com base na média ponderada das receitas auferidas pelo Cruzeiro no período compreendido entre 2017 e 2021”, de acordo com a explicação no documento). Além disso, o ex-jogador não ficaria responsável pela dívida do clube.

“Pudemos observar, com lamentação, que o Ronaldo não iria assumir qualquer valor da dívida, ficaria desde o início do processo como detentor de 90% da participação acionária da SAF, com o compromisso de apontar na própria SAF a quantia de 50 milhões de reais no momento em que se desse a concretização do negócio e, 350 milhões de reais, por meio de receitas “incrementais” que seriam geradas para a SAF por meio da gestão do Ronaldo”, informa um trecho da carta.

Horas antes do Conselho Deliberativo divulgar a carta, o presidente do Cruzeiro havia emitido um comunicado concordando com a proposta feita recentemente por Ronaldo para a assinatura definitiva da SAF. Desta maneira, o Fenômeno assumiria uma dívida tributária de quase R$ 200 milhões desde que a SAF fique com o controle total dos centros de treinamento, mas essa proposta precisa ser aprovada pelo Conselho Deliberativo, que vai se reunir na próxima segunda para debater o assunto. O ex-jogador tem até o dia 15 de abril para assinar o acordo que o faz dono de 90% das ações da SAF.

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