Daniel Alves x São Paulo: uma sequência de desatinos

Da Série A do Campeonato Brasileiro à última divisão do país, cerca de 80% dos jogadores, apresentados por algum clube, afirmam estar “realizando um sonho”, em um dos clichês mais irritantes do futebol. Alguns atletas reviram gavetas e encontram fotos da infância com a camisa do time do coração. Outros discursam somente para ganhar a torcida no primeiro dia e evitar protestos diante de alguma frustração. No caso do lateral-direito Daniel Alves, tudo terminou em um enorme pesadelo para as duas partes. Nesta semana, o camisa 10 encerrou, de forma melancólica, sua passagem pelo São Paulo, 15 meses antes do fim do contrato. Está livre para colocar o tantã na cabeça e buscar uma nova aventura.

Sonhos, no sentido de almejar algo, não existem quando as coisas não andam bem. Daniel Alves se portou como um multicampeão maior do que o São Paulo desde sua apresentação oficial, em agosto de 2019, diante de 45 mil pessoas, no Morumbi: foi o responsável pela contratação de um treinador, trocou de posição quando bem entendeu e saiu para dar um rolê nos Jogos Olímpicos de Tóquio enquanto o Tricolor disputava as oitavas de final da Copa Libertadores. Como não recebeu o valor acordado com os diretores, sentiu-se à vontade para alfinetar o clube, ironizar a instituição, humilhar a torcida e tumultuar o ambiente às vésperas de um jogo decisivo de Copa do Brasil.

O São Paulo – envolto em um déficit financeiro desde outras gestões e em uma crise potencializada pela pandemia da Covid-19 -, não conseguiu honrar os seus compromissos fora da realidade do futebol brasileiro. Dani Alves, então, aproveitou para tornar o clube refém e mostrar ao mundo os seus delírios de grandeza, mesmo sendo um coadjuvante de luxo da equipe paulista. No fim, prejuízo menor para o Tricolor, que economiza uma grana. Não há sonho de infância que resista à sequência de tantos desatinos.

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