Dome foi derrubado pela defesa do Flamengo

A goleada de 4 a 0 imposta pelo Atlético-MG ao Flamengo, no domingo (8), em Belo Horizonte, não teve apenas como consequência a queda da segunda para a terceira colocação no Campeonato Brasileiro. Acabou com a Era Domènec Torrent, de 58 anos, no clube carioca.

Foram três meses no comando do time e diversas crises. Desde a sua chegada, no fim de julho, muitos duvidavam de sua experiência como treinador. Maldosamente, o chamavam de estagiário, já que seu melhor background era o fato de ter sido auxiliar de Pep Guardiola.

“Prefiro vencer de 4 a 3 do que de 1 a 0”, dizia o novo treinador em sua chegada ao Rio no fim de julho.

Estreou com uma derrota de 1 a 0 para o Atlético-MG, no Maracanã, no dia 9 de agosto na primeira rodada do Campeonato Brasileiro e causou o primeiro mal-estar ao ser surpreendido pelos 3 a 0 sofridos ao Atlético-GO, em Goiânia. Seu plano de escalar o zagueiro Rodrigo Caio como lateral-direito gerou as primeiras críticas, que arrefeceram um pouco ao vencer seu primeiro jogo: 1 a 0 sobre o Coritiba, em Curitiba. Voltou a ganhar, desta vez o Santos por 1 a 0, na Vila Belmiro, depois de uma sequência de dois empates de 1 a 1 com o Grêmio e com o Botafogo. Na sétima rodada, comandou a atuação de gala nos 5 a 3 sobre o Bahia, em Salvador.

Aos coisas seguiam em calma até sua estreia na Libertadores na altitude de Quito, no Equador. A atuação pífia do Flamengo e a escolha da estratégia errada diante do Independiente del Valle na goleada de 5 a 0 geraram os primeiros pedidos de substituição do treinador. E as coisas ainda ficariam piores ao ter que enfrentar um surto de covid-19 no elenco durante a estada da delegação no país sul-americano. Mesmo assim, derrotou o Barcelona de Guaiaquil por 2 a 1, mas perdeu 16 jogadores para o vírus e teve que escalar praticamente o time sub-20 contra o Palmeiras, em São Paulo. O próprio Dome e seu auxiliar Jordi Guerreiro também tiveram diagnóstico positivo para o novo coronavírus. O empate de 1 a 1 foi comemorado como uma goleada e melhorou o ambiente no clube, que voltou à calma quando o time devolveu a goleada sofrida ao Del Valle, com um 4 a 0, no Maracanã, pela Libertadores.

A classificação, como primeiro do grupo, na competição sul-americana foi o início de uma boa fase para Dome. A série de lesões de jogadores preocupavam sim, mas a equipe foi enfileirando uma série de bons resultados que colocaram o Flamengo ao lado do Internacional na liderança do Brasileirão. Foram 12 jogos invictos, que alegraram a torcida e levaram para o alto a expectativa de título.  O time chegou a ficar 12 jogos invicto no Brasileirão, mas outra goleada, desta vez de 4 a 1, no Maracanã, para o São Paulo, colocaria o bom clima a baixo.

As críticas recaíam sobre a defesa. Sem Rodrigo Caio, lesionado, Dome usou oito duplas de zaga diferentes.  No domingo passado, após os 4 a 0 para o Atlético-MG, o time passou a ter a segunda pior defesa do Brasileirão com 29 gols sofridos em 20 partidas, média  de 1,45.

No total, com o treinador, o Flamengo marcou 46 gols, mas tem 38 contra, em 26 partidas (uma delas com Jordi Crisis e Jordi Guerrero). Ou seja: um índice de 1,46 gols sofridos por jogo. O time carioca só não sofreu gols em cinco jogos: nas vitórias de 1 a 0 sobre o Santos e o Coritiba e nos 3 a 0 sobre o Sport, todos pelo Brasileirão, além dos 4 a 0 no Independiente del Vale, pela Libertadores, e n0 1 a 0 em cima do Athletico-PR pelo jogo de ida da Copa do Brasil.