E deu Argentina…
Et maintenat / que je vais-faire / je vais em rire pour ne plus pleurer / jê vais brüler des nuis entières…
Sim. A Argentina, apontada aqui neste espaço, em 19 de novembro, como a provável campeã, confirmou a previsão, e derrotou a França, com vitória de 4 a 2 nos pênaltis – 3 a 3 em 120 minutos – e a conquista do seu terceiro título mundial, o primeiro desde 1986, em sua 18º partcipação em Copas, e após a disputa de seis decisões no torneio – 1930, 1978, 1986, 1990, 2014 e 2022. Foi talvez – vale discussão – a maior finalíssima de todos os tempos do torneio bancado há 100 anos por Jules Rimet. Um caneco para Diego Maradona e outro para Lionel Messi. E dizem que no futebol não há justiça…
O que foi dito é que Lionel Scaloni havia conseguido montar uma equipe que não dependia de um só jogador. E que não mostrava eventualmente espetáculo, mas eficiência. E eis que para reforçar o comentário, Messi resolveu gastar a bola, ampliando o poderio que já possuía sobre os adversários. Scaloini aceitou o que muitos recusaram: dirigir a seleção de seu país. Aliás, Jorge Sampaoli, que muitos enxergam como gênio, disse que nenhum sul-americano venceria mais a Copa.
A virada da chave
E não seria exagero ressaltar que a derrota de 2 a 1 para a Arábia Saudita, a maior zebra de 2022, e um das maiores de 92 anos de Copa, olaborou para os argentinos abrirem os olhos. E, assim, iniciarem a reviravolta que os levou à glória. É fato que Scaloni ainda teve a capacidade de encontrar outras soluções ao longo do torneio, tornando a equipe equilibrada entre os três setores, como recomendava Sepp Herberger, com facilidade para defender e atacar com mobilidade semelhante.
Kyllan Mbappé, que ainda não dera o ar de sua graça até os 80 minutos, ainda fez chover e levar a França aos pênaltis. Mas a façanha do Brasil em 1958 e 1962, conquistando o bi mundial consecutivo, não foi atingida.
Argentina melhor
A Argentina tomou a iniciativa assim que o jogo começou, e a França não viu mais a cor da bola, aceitando passivamente o domínio sul-americano, e de tal forma que a partir dos 23 minutos, quando Dembelé fez pênalti em Di Maria, passou a construir o resultado. Messi fez 1 a 0 na cobrança, e os Bleus não esboçaram qualquer reação, Di Maria, a propósito, desequilibrava pelo setor esquerdo. Aos 36, Messi deu a MacAllister, que em passe espetacular, encontrou ele, Di Maria, livre de marcação, e o atacante bateu à esquerda de Lloris: 2 a 0. Houve, naquele momento, a impresão de que o terceiro gol viria em seguida, pois a França não conseguia encontrar a fórmula para jogar.
Aos 40, em atitude pouco comum em finais, Didier Deschamps promoveu duas mudanças, buscando uma solução. A Argentina diminuiu o ritmo e recuou estrategicamente, mantendo a pegada, e o adversário, na prática, não criou nada de interessante.
No segundo tempo
Graças à vantagem, a Argentina manteve a postura na etapa derradeira, deixando a bola prioritariamente com a França, para liquidar o confronto em contra-ataques, que ensaiava vez por outra, sem muito sucesso. Aos 25 minutos, os Bleus providenciaram novas mudanças, já no desespero, lançando atacantes para pressionar. Na prática, se não havia técnica exuberante, restava tempo suficiente para modificar o cenário. Pois a França foi chegando, e como a Argentina já não mostrava força, entre 80 e 81, veio o empate. Otamendi fez pênalti em Kolo Muani, e Mbappé, que ainda não sabia que o jogo estava rolando, diminuiu: 2 a 1. Na sequência, ele mesmo empatou, em conclusão magnífica, só para craques.
Tome prorrogação
O palco da decisão agora está enfeitado pelos franceses, e os argentinos oram pela prorrogação, para retomar o fôlego e a confiança. Nos acréscimos, Messi acertou um pancadão, e Lloris fez uma defesaça, empurrando a definição para a prorrogação.
Nesta, a partida voltou a ficar equilibrada, deixando o resultado derradeiro completamente indefinido, pois já não havia tanta preocupação com estratégia ou tática, embora nenhuma das seleções largasse a retaguarda à própria sorte. E eis que na etapa final da prorrogação, em uma daquelas estocadas que a Argentina sonhou por longo tempo, Lautaro Martinez bateu, e Lloris soltou nos pés dele, Lionel Messi, que meteu 3 a 2. Quando o mundo já acreditava que tudo havia acabado, Montiel enfiou o braço na bola, e lá se foi Mbappé cobrar o pênalti que voltou a empatar a partida: 3 a 3. E as duas seleções ainda tiveram chances para matar, mas não aproveitaram, forçando os pênaltis.
Nas penalidades
Nesta, Koman e Tchouameni – defesa de Emiliano Martinez – erraram, e os argentinos acertaram todos. Gonzalo Montiel, que cometera o pênalti do terceiro empate, marcou o quarto nas cobranças. O da ressureição. Quatro a dois. Fim de papo. A Argentina é tri, Uma Copa para Diego Maradona e outra para Lionel Messi. E dizem que no futebol não há justiça…
Au moment de l’adieu / je n’ai vraiment plus rien à faire / je n’ai vraiment plus rien…
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