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Quando Alexandre Pato despontou para o futebol brasileiro, deu a impressão de que construiria uma carreira sólida e vitoriosa. A expectativa, porém, não se transformou em realidade, e o nome do atacante passou a ser amplamente debatido na esfera esportiva. Em carta ao site “The Players Tribune”, publicada nesta terça-feira (31), ele analisou sua trajetória e comentou sobre as frustrações no decorrer dos anos.

Alexandre Pato durante treinamento no Orlando – Divulgação / Orlando City

“Sonhei demais. Por mais que eu me dedicasse no dia a dia, a minha imaginação me levou a vários lugares. Na minha cabeça eu já estava segurando a Bola de Ouro. É inevitável, cara. É muito difícil não se deixar levar. Sofri muito para chegar lá. Por que eu não deveria aproveitar o momento?”, contou.

Aos 32 anos, Pato reconhece os prejuízos da exposição desenfreada ao longo da carreira. No texto, o jogador destaca a imaturidade para lidar com os problemas constantes de lesões no início de sua passagem pelo Milan:

“Em 2010 eu comecei a ter muitas lesões. Perdi confiança no meu próprio corpo. Tinha medo do que as pessoas falariam sobre mim. Estava indo treinar com a minha cabeça pensando: Eu não posso me machucar. Se eu me lesionasse, não contava pra ninguém. Uma vez eu estava me recuperando de um problema muscular, torci o tornozelo e continuei jogando. O meu pé parecia uma bola de tão inchado, mas eu não queria decepcionar os meus companheiros. Eu queria agradar a todos, e esse foi um dos meus erros”.

O ex-Milan e Internacional também falou a respeito de sua passagem pelo Corinthians e o drama pelo qual passou após a eliminação alvinegra na Copa do Brasil em 2013, contra o Grêmio, quando cobrou pênalti decisivo com uma cavadinha e errou.

“Foi uma pena como tudo terminou no Corinthians. Cheguei como um astro do futebol europeu, com um salário alto, o que já cria uma distância em um país tão desigual como o Brasil. Então a exigência da torcida era gigantesca. Quando eu perdi o pênalti contra o Grêmio nas quartas de final da Copa do Brasil, fui o único culpado. Sim, eu cometi um erro, mas não é verdade que colegas de elenco tentaram me bater. Ninguém fez nada. Mas os torcedores queriam me bater e me matar. Eu passei a andar de carro blindado em São Paulo, com seguranças armados e bombas de gás lacrimogênio. Os torcedores invadiram o CT com pedaços de pau e facas. Isso é uma loucura, algo assustador. Isso não deve ter lugar no futebol de jeito nenhum”, relatou o jogador.

Pato ainda explicou por que sua transferência para o São Paulo naquela ocasião foi benéfica:

“Sabe por que eu joguei muito melhor no São Paulo? Porque eles cuidaram de mim. Lá eu só precisava jogar. Mas quando o Chelsea se interessou por mim, eu ainda sonhava em voltar para a Europa”.

Por fim, o atacante disse estar feliz no Orlando City, seu clube atual, e garantiu que o sonho de jogar uma Copa do Mundo ainda está vivo em sua cabeça.

“Ainda acredito que posso disputar uma Copa. Veja o Thiago Silva e o Dani Alves jogando bem aos 37 e 39 anos”, encerrou.

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