Felipe David Rocha, enviado especial do J10 em Madri
Depois de vencer a Inglaterra, a Seleção Brasileira volta suas atenções para o amistoso diante da Espanha, nesta terça-feira (26), às 17h30 (de Brasília). Destaque do Real Madrid, Vini Jr. esbanja talento dentro de campo, mas também representa uma luta bem maior fora dele. Em coletiva, o atacante se emocionou ao falar sobre o racismo que tem enfrentado atuando pelo time merengue e o papel de líder pela causa.

“Cada vez estou mais triste, tenho menos vontade de jogar. Mas vou seguir lutando”, disse o atacante, de 23 anos, antes de completar:

Vini Jr se emociona durante coletiva antes do amistoso da Seleção Brasileia contra a Espanha – Foto: Felipe David/Jogada10

“No futebol tem muitas pessoas, tantos jogadores melhores do que eu que já passaram por aqui, eu quero fazer com que as pessoas no mundo possam evoluir, melhorar, que possamos ter igualdade, que num futuro próximo haja menos casos de racismo, que as pessoas negras possam ter uma vida normal, como as outras”, acrescentou:

“Quero seguir lutando por isso. Se fosse por mim, eu já teria desistido, fico em casa, ninguém vai me xingar, fazer nada comigo… Eu vou para os jogos com a cabeça centrada no jogo para fazer o melhor para minha equipe, mas nem sempre é possível. Tenho que me concentrar muito todos os dias”, se emocionou.

Impunidade na Espanha

O atacante foi vítima de insultos e discriminação racial em mais de uma ocasião com a camisa do Real Madrid e tem o costume de denunciar e reforçar a luta. Em fevereiro, a La Liga denunciou mais um caso de racismo contra o jogador, em um duelo diante do Getafe e enviou à Comissão Antiviolência da Federação Espanhola. No entanto, a impunidade no país incomoda o atacante.

“Falta de punições. Se a gente começar a punir todas as pessoas que cometem crime, e aqui não consideram crime, vamos evoluir e vai ficar melhor para todos. Faço muitas denúncias, chegam cartas para eu assinar. No fim, acontece como aconteceu com meu amigo em Barcelona e arquivam o processo e não sabem de nada”, disse:

“Se punirmos, não vão mudar o pensamento, mas vão ficar com medo de falar e assim vamos diminuir isso e colocar medo naquelas pessoas. Que possam educar seus filhos. Tem criança me xingando e eu não culpo, eu também não entendia o racismo nessa idade. E isso é muito complicado”, explicou.

“Não tenho pensado tanto em sair daqui (do Real). Se saio daqui, dou aos racistas o que eles querem. Vou seguir aqui lutando, jogando no melhor clube do mundo, ganhando títulos, marcando gols, as pessoas vão ter que ver cada vez mais meu rosto. Sigo evoluindo para fazer essas coisas, jogar futebol, dar alegria à minha gente e a todo mundo que vai ao estádio. Os racistas são minoria. Como sou um jogador atrevido, que joga no Real Madrid, ganhamos muitos títulos, é muito complicado, mas vou seguir firme e forte porque o presidente e o clube me apoiam”, concluiu

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