Lateral-esquerdo do São Paulo, Patrick Lanza deu um susto no torcedor no último domingo (19), no confronto entre o Tricolor Paulista e o Palmeiras, que terminou com a vitória do Alviverde por 2 a 1. Após uma dividida área com Estêvão, o defensor caiu de cabeça no gramado do estádio e ficou desacordado. O atleta, que tinha entrado no lugar de Ferreira ainda na primeira etapa, foi prontamente atendido e deixou o gramado de ambulância. A situação também possibilitou a sexta substituição dos jogadores em campo, segundo a nova regra implementada pela CBF para este ano.

Ao final da partida, Patrick postou uma foto no hospital, em que aparece de tipoia devido a uma fratura na clavícula, para tranquilizar os fãs. O atleta seguirá em observação no Hospital Albert Einstein, onde ainda continua internado e em observação. O esportista também passou por uma bateria de exames neurológicos. Para o Dr. Jhone Pereira, médico do time profissional do Cuiabá, o processo para o retorno aos gramados em casos como esse deve ser gradual, como prevê o protocolo SCAT-6.

Patryck precisou ser substituído no clássico entre Palmeiras x São Paulo – Foto: Reprodução / Premiere

“O protocolo SCAT-6 prevê retorno gradual às atividades, com etapas diárias que devem ser atingidas. Se por acaso em um dia o atleta não atingir o previsto, voltamos atrás um passo e o tempo demora um pouco mais. A quantidade de dias para retornar vai depender da gravidade, do exame inicial e, principalmente, do comportamento físico, clínico e cognitivo ao longo da recuperação”, explica.

Concussões são difíceis de prevenir

Juliano Blattes, médico do Internacional, também explica que a imprevisibilidade das concussões gera dificuldade em preveni-las, tornando os protocolos de controle a solução mais viável.

“É muito difícil a gente prevenir uma concussão, até porque a concussão no futebol geralmente é um acidente, um ato inesperado. Quando o atleta do futebol sofre uma concussão, normalmente é com cabeceio, ou batendo a cabeça contra o solo. São esses dois mecanismos os mais comuns. Existem vários protocolos que aplicamos para vermos a gravidade dessa concussão. Em média, o atleta fica afastado sete dias das atividades esportivas. Em casos mais graves, ele pode ficar 15 a 30 dias fora das práticas. No futebol, o padrão é de concussões mais leves”, analisa o médico do Colorado.

Patryck teve que ser substituído após lesão na cabeça – Rubens Chiri e Paulo Pinto/Saopaulofc.net

Para entender um pouco mais do impacto das concussões em jogadores profissionais de futebol, a revista The Lancet Public Health, em 2023, publicou um estudo sobre o assunto. De acordo com os resultados encontrados, atletas de futebol de elite tendem a apresentar 1,5 vezes mais chances de desenvolver doenças neurodegenerativas em comparação ao restante da população.

Lesões cerebrais podem trazer sequelas futuras

De acordo com Rodrigo Brochetto, coordenador médico do Botafogo, as lesões cerebrais, como mostra o estudo, podem trazer sequelas longevas nos atletas, levando a possibilidade de pioras no quadro, principalmente quando não tratadas corretamente.

“Atletas que sofrem concussões sucessivas e que, principalmente, não fazem o tratamento adequado, tem um maior risco de apresentar no futuro uma doença chamada Encefalopatia Traumática Crônica, que causa uma degeneração progressiva, levando a alteração de comportamento (agressividade) e demência”, pontua o especialista.

Segunda Flávia Magalhães, médica do esporte que é pós-graduada em Fisioterapia Traumato-ortopédica e Fisiologia do Exercício, a possibilidade da repetição da contusão em jogadores também pode gerar uma maior vulnerabilidade para a repetição da lesão.

“Por estarem continuamente expostos ao risco de concussão, a repetição da mesma lesão é comum em esportistas. Diante disso, os atletas estão mais vulneráveis a lesões repetidas quando não se recuperam totalmente de uma concussão anterior e, mesmo após a recuperação, os atletas são de duas a quatro vezes mais propensos a sofrerem outra concussão em algum momento”, explica a médica.

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