Em 2011, o técnico Ney Franco reuniu uma garotada da pesada, responsável por um dos melhores períodos das categorias de base da Seleção Brasileira. Em fevereiro, no Peru, o primeiro passo do Brasil: o título do Sul-Americano Sub-20 e, por consequência, o passaporte carimbado para os Jogos Olímpicos de Londres-2012. Em agosto, na Colômbia, aquela geração promissora não tirou o pé do acelerador e levou o Mundial da categoria. A conquista completa dez anos nesta sexta-feira (20), e o Jogada10 não deixa a data passar batida.

Seleção sub-20, campeã mundial, em 2011, na Colômbia – Rafael Ribeiro/CBF

BRASIL COM DESFALQUES DE PESO

Com diversos jogadores que decolariam anos depois, o time verde-amarelo ainda teria Neymar e Lucas Moura se não fosse a Copa América, marcada para o mês anterior, na Argentina. A dupla foi chamada para a Seleção principal pelo treinador Mano Menezes e teve de abdicar do Mundial. Assim, ao J10, Ney Franco explicou, então, como se virou sem os dois nomes que já eram uma realidade no futebol brasileiro.

Com idade para disputar o Mundial Sub-20, Neymar já figurava na Seleção principal – Imago Images

“A Seleção tinha muito talento. Mesmo sem Neymar e Lucas, era uma equipe forte. Eu trouxe o Philippe Coutinho e o Dudu. Mas, praticamente, mantivemos a estrutura da seleção campeã do Sul-Americano. Quando você tem essa facilidade para montar o elenco, com uma estrutura para desenvolver o treinamento, cria-se um ambiente fácil de trabalhar. Então, o grupo entendeu muito bem a nossa metodologia e se empenhou para cumprir as funções táticas que nós pensávamos”, recorda.

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O goleiro Gabriel, titular do início ao fim da competição, acrescenta.

“Não tem jeito. O Brasil sempre será formador de talentos. É da nossa raiz. Apesar de não contarmos com o Lucas e o Neymar, estávamos só com os tops”, arrematou.

AS FERAS DO NEY

Casemiro, Danilo, Oscar, Allan, Philippe Coutinho, Dudu… A Seleção Brasileira sub-20 revelou diversos jogadores que se solidificaram no cenário nacional e internacional. Além da qualidade técnica inegável, Ney Franco enumerou outros atributos daquele grupo e como se preparou para a competição na Colômbia.

Ney Franco, hoje no CSA, comandou jogadores que despontaram para a fama – Gustavo Aleixo/Cruzeiro

“A condução deste elenco foi muito simples. Jogadores talentosos que se envolveram com o projeto. Não tivemos nenhum problema disciplinar. Emocionalmente e fisicamente, os jogadores do Brasil estavam muito bem preparados. Então, eles foram totalmente profissionais com aquilo que a comissão técnica propôs em relação ao trabalho. Foi uma condução fácil no dia a dia. Nossa maior obrigação era conquistar o título, e lidamos muito bem com a responsabilidade”, justificou.

A RIVAL QUE ASSUSTOU TODO MUNDO

Um dos heróis do título, Gabriel se consagrou no jogo mais difícil do Mundial Sub-20: as quartas de final, contra a Espanha. Após um empate suado por 2 a 2, contando tempo regulamentar e prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. Aliás, o paredão revelado pelo Cruzeiro defenderia duas cobranças. Dez anos depois, ele conta detalhes daquela noite.

Gabriel fechou o gol quando a Seleção Brasileira mais precisava – Divulgação/CBF

“Como o tempo passa, não é? Que legal. Só tenho lembranças boas. A Espanha foi, sem dívida, a rival mais complicada. Eles estavam começando o tiki-taka e tinham um toque de bola impressionante. Ficamos assustados. Estávamos acostumados a dominar o jogo e, de repente, enfrentávamos uma equipe com maior posse de bola do que a nossa. Foi muito complicado, por isso, uma sensação indescritível depois de defender os dois pênaltis”, afirmou, ao Jogada10.

A CAMPANHA

Na fase de grupos, a Seleção empatou com o Egito (1 a 1). Depois, venceu Áustria (3 a 0) e Panamá (4 a 0). Nas oitavas, o time eliminou a Arábia Saudita por 3 a 0, fácil. Nas quartas, a vítima foi uma pedreira: a Espanha (2 a 2 no tempo regulamentar e 4 a 2 nos pênaltis). Na semifinal, triunfo sobre o México (2 a 0). Na final, a equipe passou, enfim, por Portugal por 3 a 2, no mítico El Campín, em Bogotá.

Coutinho encara a marcação de Pelé (ironia do destino) na final do Mundial – Divulgação/CBF

“Enfrentamos escolas diferentes: sul-americanas, europeias, o México… Tivemos também umas quartas de final muito difícil, contra a Espanha, em um jogo muito complicado e, na final, contra Portugal. Portanto, para mim, foi muito interessante ter essa oportunidade de disputar uma competição na qual enfrentamos diversas equipes de países tradicionais do futebol. Foi uma conquista cravada na minha memória e no meu currículo. Sensação de dever cumprido. Nunca me esquecerei da volta olímpica. Os colombianos ficaram até o fim da festa”, celebrou Ney Franco.

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