A aposentadoria precoce de Guilherme Costa, revelado pelo Vasco, elucida as consequências de uma carreira marcada pela série de graves lesões. Aos 30 anos, o ex-jogador de futebol revelou detalhes daquela que definiu como ‘pior fase de vida’ e apontou erros cruciais do Cruzmaltino no período do tratamento. O forte relato, porém, deixa claro que o sentimento pelo clube não para.
A lesão que decretou o fim da carreira de Guilherme Costa ocorreu durante sua passagem pelo Boavista, em fevereiro de 2020. O tratamento, em contrapartida, foi realizado no Vasco. À época, o meia se preparava para entrar em campo quando sentiu o adutor – ainda na roda de bobinho. Após tomar injeção para dor no intervalo, entrou em campo no segundo tempo e rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo.
Grave lesão de Guilherme
A expectativa de aproveitar, enfim, a oportunidade recebida se tornou um adeus precoce aos gramados. Após a lesão no adutor, que o ex-jogador descreve como ”aviso divino”, o meia nunca mais conseguiu jogar futebol novamente.
“Lembro como se fosse ontem. Paulo Bonamigo, à época técnico do Boavista, me chamou pouco antes do intervalo: “Se prepara que você vai entrar”. Estávamos perdendo para a Chapecoense por 1 a 0 pela Copa do Brasil, e eu precisava muito de uma oportunidade. Tinha chegado ao clube acima do peso, mas consegui meu espaço nos treinos. Quando entrei na roda de bobinho para aquecer, meu adutor abriu logo no primeiro toque na bola. Só de me lembrar fico arrepiado. (…) Falei com o médico do clube, fui ao vestiário e tomei uma injeção para aliviar a dor. Sem falar com mais ninguém”, disse em entrevista ao O Globo.
E prosseguiu: “Estava bem no jogo, fazendo tabelas, até que rolou o maldito lance. Antecipei um passe do adversário, mas o marcador chegou. Tentei proteger a bola, mas não achei o corpo dele. Quando virei, meu pé ficou preso na grama. Meu corpo foi para o lado, e meu joelho ficou parado. Ouvi o crac na hora. Caí com muita dor. E não era para menos. Naquele momento, eu tinha acabado de romper o ligamento cruzado do joelho esquerdo. Às vezes, acho que a lesão no adutor foi um aviso divino para não jogar”.
Vasco x Boavista
O ex-jogador relembrou de um imbróglio entre Boavista e Vasco à época em relação ao procedimento cirúrgico: “Um jogava para o outro”. Por fim, Guilherme operou no Alviverde, mas fez tratamento no Cruzmaltino. Além disso, o país enfrentava o início da pandemia de Covid-19 – o que dificultou ainda mais o processo de recuperação.
“Foi a pior fase da minha vida. Não desejo para ninguém. Pensa aí: a cirurgia de cruzado já é difícil. E ainda era início de pandemia, os hospitais estavam fechando… O Boavista ficou numa indecisão com o Vasco, que era dono dos meus direitos, para decidir quem me operaria. Um jogava para o outro. Operei no Boavista e fui me tratar no Vasco. Só que, depois de um ano e meio, eu não conseguia esticar o joelho. Tive várias complicações no tratamento. O Vasco me operou outras duas vezes, mas eu nunca conseguia voltar ao campo”, disse.
“(…) No meio disso tudo, acabei ficando viciado em corticoide e ansiolíticos para dormir. Eu não conseguia nem andar. Então, não tinha muito com o que gastar energia para cansar meu corpo. Acabava passando noites em claro e com muita dor no joelho. Até hipnose do sono eu fiz (…). Eu estava no escuro total, o que me prejudicava mais ainda. Uma vez, bati de carro e quase morri. Minha cicatriz no rosto não me deixa mentir. Eu queria uma maneira de fugir da realidade”.
Erro do Vasco
Muito lúcido sobre suas limitações, Guilherme esclarece que alguns erros também colaboraram para aposentadoria precoce. Entre eles, o do Vasco da Gama. No entanto, equívoco nenhum mexeu com sentimento de gratidão ao clube que o revelou.
“Foi quando o Vasco, que é o clube da minha vida, errou comigo. Não me deixaram mais tentar voltar ao campo e fizeram um exame de força para comprovar que eu estava bem, porque eles não podiam me liberar sem que eu estivesse 100%. Mas me liberaram mesmo assim. Eu não guardo ressentimento. Na verdade, o Vasco é o clube que me deu tudo o que tenho. Até hoje, vou aos jogos, faço o ritual na Barreira. Chego cedo, fico no Sambarreira, vou à quadra, e todos me reconhecem. É maneiro para caramba”, e continuou:
“Estudei no colégio de São Januário. Cheguei lá aos 12 anos e saí com 27. A verdade é que eu respirava o Vasco e, por isso, sou torcedor até hoje. Mas, sem clube, tive que refazer o ligamento por conta própria, porque as três cirurgias anteriores não surtiram efeito. Depois, ainda peguei uma infecção. Acabei fazendo outra cirurgia e quase perdi a perna”.
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